Lobisomens, anjos, bruxas e principalmente vampiros foram os seres sobrenaturais mais exibidos nas telas e prateleiras literárias no ano de 2009. Para quem era adolescente na época (no caso, eu mesma), sabe que este ano foi repleto de produções juvenis com essa temática, como a saga “Crepúsculo” (2008), “True Blood” (2008) e “The Vampire Diaries” (2009).
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Apesar deste tema ainda ser adorado por muitos (ou não), o foco dessa matéria é o universo de “The Vampire Diaries” (TVD) e como ele cresceu ao longo dos anos e contribuiu para a representatividade LGBTQIA+ feminina. TVD foi uma série romântica e dramática, baseada nos livros de mesmo nome da autora L. J. Smith., que acompanhava a cidade pacata de Mystic Falls, e a vida de Elena Gilbert (Nina Dobrev) e os irmãos Salvatore.
Focada no triângulo amoroso entre a personagem de Dobrev e os irmãos Stefan (Paul Wesley) e Damon (Ian Somerhalder), a produção que durou oito anos com muitas reviravoltas, vampiros condenados e humanos insuportáveis (olar Matt Donovan (Zach Roerig)) conseguiu surpreender ao inserir em sua sétima temporada, um casal homoafetivo: Nora Hildegard (Scarlett Hefner) e Mary Louise (Teressa Liane).
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O casal era membro dos Hereges, um poderoso coven de híbridos bruxa-vampiros. As duas nasceram em uma época que a homossexualidade era proibida e estavam presas no mundo prisional de 1903, então quando são libertas, tudo o que elas querem é celebrar o amor e a ideia de poder ser quem quiserem. Infelizmente, Nora e Louise recebem pouco tempo de tela ao se matarem em uma explosão de carro (a personagem de Liane estava morrendo e Nora não conseguia imaginar sua vida sem seu grande amor).
Embora a primeira aparição de personagens femininas LGBTQIA+ em “The Vampire Diaries” tenha sido em 2015, o spin-off da série “The Originals”, lançado em 2013, introduziu Freya Mikaelson (Riley Voelkel) como recorrente em sua segunda temporada. A produção tinha como objetivo se concentrar na vida da família Mikaelson, os primeiros vampiros do mundo: Klaus (Joseph Morgan), Elijah (Daniel Gilles) e Rebekah (Claire Holt), entretanto Freya, a primogênita, ressurge das cinzas para abalar as estruturas de uma linhagem familiar obstinada a se protegerem e permanecerem juntos para sempre (o lema tão conhecido “Always and Forever”).
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Nos primeiros momentos em cena, a personagem de Voelkel não transmite muita confiança, porém, depois de muita luta, acaba conquistando o coração dos seus irmãos e claro, dos fãs. Ela é uma poderosa bruxa e ainda antes do seu nascimento foi prometida a irmã da sua mãe como forma de pagamento. Sua mãe Esther (Alice Evans) era infértil e sua tia Dahlia (Claudia Black) fez um feitiço que tornou possível que engravidasse, mas todo primeiro filho da linhagem pertenceria a ela a partir desse momento.
Depois que Freya Mikaelson consegue se libertar das loucuras de sua tia, ela começa a participar ativamente da vida dos seus irmãos e assim como os outros, promete proteger a qualquer custo sua família. E é dessa forma que ela conhece, o que viria a ser sua futura esposa, Keelin Malraux (Christina Moses), a última lobisomem de sua linhagem.
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Inicialmente, o relacionamento desenvolvido entre as duas era de sequestradora (Freya) e prisioneira (Keelin), já que a bruxa precisava do veneno da loba para salvar sua família da morte. Entretanto, a medida que passavam tempo juntas em cativeiro e a trabalhar em busca de uma cura, eventualmente começaram a desenvolver uma amizade e posteriormente, sentimentos românticos uma pela outra.
Após muitas idas e vindas no relacionamento, devido aos problemas ocasionais da família de Freya, a bruxa percebe que não (novamente esse plot, mas ninguém morre dessa vez) consegue viver sem Keelin ao seu lado e a pede em casamento. Com esse desenrolar e muitas mortes pelo caminho de “The Originals”, a série chega ao fim na sua quinta temporada, entretanto, originando mais um spin-off. “Legacies” agora foca na vida Hope Mikaelson (Danielle Rose Russell), a filha tríbida (bruxa, vampira e lobisomen) do temido Klaus Mikaelson e da badass Hayley Mashall (Phoebe Tonkin); e as gêmeas bruxas, Josie Saltzman (Kaylee Bryant) e Lizzie Saltzman (Jenny Boyd).
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Nessa última produção, que já possui duas temporadas, é revelado sobre o futuro do casal Freelin (Freya +Keelin). Depois de anos de casamento, as duas decidem formar uma família e unindo a magia e a medicina, conseguem combinar seus óvulos em um, gerando um menino e uma menina: Faith e Peace (PONTO PRA COMUNIDADE LGBTQIA+).
Dando continuidade ao universo de “The Vampire Diaries” e “The Originals”, “Legacies” é ambientada em Mystic Falls, onde se encontra a Escola Salvatore, local destinado a jovens seres sobrenaturais. A produtora da série, Julie Plec, foge ainda mais do padrão heteronormativo ao nos presentear com as três protagonistas sendo personagens LGBTQIA+.
LesB Indica | Legacies: uma série ousada, confiante e divertida
Essa última produção é bem mais teen que suas anteriores, e com humor e ousadia consegue continuar o legado das suas antecessoras. Hope e Lizzie se identificam como bissexuais (e a tríbida já assumiu seu crush pela Josie), e Josie se reconhece como pansexual. Continuando sobre a personagem de Bryant, já na primeira temporada, é mostrada sua relação conturbada com sua ex-namorada Penelope Park (Lulu Antariksa).
A maneira como Julie Plec trata a representatividade feminina LGBTQIA+ no universo de “The Vampire Diaries” não é problemática, é sempre tratada de forma natural, e considerando que as séries são voltadas para o público jovem, é extremamente importante que a sexualidade seja mostrada desta forma. A diversidade sexual, girl power, a fluidez e a facilidade que determinados assuntos são demonstrados em tela transformam “Legacies” na melhor produção do universo dos vampiros em relação a representatividade.