Quando “Glee“ começou lá em 2009, Santana Lopez era apenas mais uma cheerleader com potencial para vilã. Com comentários ácidos e o seu jeito irreverente, e acima de tudo, com o talento e a presença de Naya Rivera, a personagem saiu das sombras e conquistou seu espaço, ganhando o coração dos fãs e indo muito além disso.
O desenvolvimento da personagem começou a partir da segunda temporada da série, principalmente com o plot de aceitação da sua sexualidade e o sentimento pela melhor amiga Brittany (Heather Morris). A jornada de Santana marcou a história de milhares de meninas que estavam passando pelo mesmo processo e até hoje ela continua sendo relevante para a comunidade LGBTQIA+.
Durante as seis temporadas, Santana teve momentos inesquecíveis, com algumas das melhores músicas de toda a produção. E para relembrar e celebrar a vida de Naya, separamos 10 músicas que marcaram a trajetória da personagem na série e a carreira da atriz.
“Valerie” | Episódio 2×09: Special Education
Um dos primeiros grandes momentos de Santana em “Glee” veio durante uma das eliminatórias da competição de coral. Tentando fugir das mesmas vozes, neste episódio o New Directions explora outros talentos do grupo, o que inclui a nossa querida personagem. Ela entrega uma vibrante apresentação com a música de Amy Winehouse, acompanhada de Brittany (Heather Morris) e Mike (Harry Shum Jr.). A performance marcou tanto a série que voltou a ser cantada no episódio 100 de “Glee”.
“Smooth Criminal” | Episódio 3×11: Michael
O episódio em homenagem ao Michael Jackson trouxe a tona a rivalidade entre o New Directions e o Warblers. O ápice desta briga entre os dois corais ficou com o duelo entre Santana e Sebastian (Grant Gustin), que trouxeram uma apresentação épica de “Smooth Criminal”, com um toque todo especial de violoncelos, que deu numa nova roupagem para o clássico.
Esta também foi uma das primeiras oportunidades que tivemos de ouvir um pouco mais da voz de Naya Rivera em “Glee”. Em um episódio focado em duetos, Santana se juntou a Mercedes (Amber Riley) e a dupla trouxe uma eletrizante apresentação. Apesar das personagens terem pouquíssimas interações na série, suas vozes combinam lindamente e é sempre ótimo ver as duas cantando juntas. Impossível ficar parado escutando esta versão do clássico da Tina Turner.
“Landslide” | Episódio 2×15: Sexy
“Landslide” é uma música tão marcante para a trajetória de Santana que muitas vezes esquecemos que a principal voz nesta versão é da Holly (Gwyneth Paltrow), mas mesmo assim não poderia ficar de fora deste top. Em um episódio voltado para educação sexual, o público tem a oportunidade de ver um outro lado da personagem, mais vulnerável. A partir daqui ela começa a questionar os sentimentos que tem pela Brittany e inicia uma jornada de autoconhecimento.
“Songbird” | Episódio 2×19: Rumours
Novamente explorando este lado mais vulnerável da personagem, temos mais uma música dedicada aos seus sentimentos pela melhor amiga. Em meio aos boatos rodando o colégio questionando a sexualidade da personagem, ela traz novamente mais um clássico do Fleetwood Mac para expressar o amor que sente por Brittany, dando um novo significado para a música em meio a comunidade LGBTQIA+. Como não chorar ouvindo?
“Rumor Has It / Someone Like You” | Episódio 3×06: Mash Off
“Rumor Has It / Someone Like You” é um divisor de águas na história de Santana. Após uma briga com Finn (Cory Monteith), o boato de que ela era lésbica fica ainda mais forte, chegando até uma campanha política para atingir Sue (Jane Lynch), que levou a fofoca para toda a cidade. A personagem que lutava para conseguir se aceitar, agora se vê sendo arrancada do armário contra a sua vontade. Toda a angústia, frustração e raiva deu origem ao épico mash-up entre duas músicas da Adele que veio a ser uma das maiores apresentações da história da série.
“Mine” | Episódio 4×04: The Break Up
Um episódio marcado pelos términos entre os principais casais da série, um dos momentos mais bonitos é a versão da música de Taylor Swift que Santana canta para Brittany. Apesar de ser um momento triste, já que elas formavam um dos casais mais queridos da série, as duas entregam uma cena tão bela e cheia de amor que o público acaba a música com um sorriso no rosto e lágrimas nos olhos.
“Girl On Fire” | Episódio 4×13: Diva
Esta música marca o início de uma nova fase para Santana. Depois de sair do ensino médio, largar a faculdade e perceber que a cidade natal já não tem mais o que oferecer para ela, a mesma revolve buscar seus sonhos em Nova York. A música de Alicia Keys cai como uma luva para esta nova versão da personagem que novamente contagia o público com seu potente vocal.
“Rain on My Parade” | Episódio 5×09: Frenemies
Agora morando em Nova York, Santana busca conquistar seu espaço e uma das oportunidades é uma audição para o revival de Funny Girl. “Rain on My Parade” virou um clássico da personagem Rachel (Lea Michele), com uma das mais icônicas performances da série lá na primeira temporada. Mas Naya conseguiu trazer um lado completamente diferente da música, deixando sua marca na canção.
“If I Die Young” | Episódio 5×03: The Quarterback
Um dos momentos mais tristes da história de “Glee” foi a morte prematura de Cory Monteith, ator que deu vida ao personagem Finn Hudson. Para homenageá-lo, a série trouxe um episódio tributo ao seu personagem. A emoção vai além da atuação, o sentimento pesado, a dor da voz dos atores, tudo isso fez com que esse episódio tivesse apresentações inesquecíveis, e um dos destaques é a versão de Santana para a música do trio The Band Perry. Uma música difícil de escutar, mas que não poderia ficar de fora deste top.
Menções honrosas:“I Kissed a Girl” (episódio 3×7: I Kissed a Girl); “I Wanna Dance With Somebody” (episódio 3×17: Dance with Somebody); “Shake It Out” (episódio 3×18: Choke); “Love Song” (episódio 4×12: Naked); “Here Comes The Sun” (episódio 5×02: Tina In The Sky With Diamonds); “Toxic” (episódio 5×12: 100).
O que acharam da seleção? Qual é a música preferida da Naya Rivera em “Glee” de vocês? Deixem nos comentários e vamos celebrar a vida desta mulher que foi e continua sendo tão importante para a nossa comunidade. Para isso, criamos uma playlist no Spotify com todas essas músicas! Não esqueça de curtir e ouvir bastante.
Jornalista nascida no Rio de Janeiro e atualmente morando em Fortaleza. Cresceu assistindo filmes da Sessão da Tarde, Dragon Ball e Xena: A Princesa Guerreira. Constantemente falando coisas aleatórias sobre cinema, televisão e música.
“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.
No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.
Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.
O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.
A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.
A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.
Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.
Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video“The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?
Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?
Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉
Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.
Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.
Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?
A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.
A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.
Sâmia Martins
19 de julho de 2020 at 20:24
Que seleção maravilhosa! Adorei ❤️