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GLAAD Media Awards 2020 | As glórias e injustiças da premiação

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O GLAAD Media Awards 2020 aconteceu nesta quinta-feira (30) premiando séries, filmes, músicos e jornalistas pela inclusão de representatividade de LGBTQIA+ e as discussões de tópicos relevantes da comunidade produzidas no último ano. A premiação iria acontecer inicialmente em março, mas foi adiada por causa da pandemia do Covid-19.

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A quarentena também fez com que a premiação fosse realizada, pela primeira vez, de forma totalmente virtual, sendo exibido no Facebook e YouTube da organização. A cerimônia contou com a apresentação das comediantes Fortune Feimster e Gina Yashere, e inúmeras aparições de celebridades LGBTQIA+ e aliados, além de performances de Ben Platt, Shea Diamond e Chloe x Halle.

Entre os premiados, um dos grandes vencedores foi “Pose”, isto um dia depois da produção ser ignorada entre as indicações do Primetime Emmy Awards. A série criada por Ryan Murphy, que retrata um grupo de pessoas queer e transgêneros na cena de bailes em Nova York no final dos anos 1980 e começo dos anos 1990, conquistou o prêmio de melhor série dramática. A produção estava concorrendo contra “Batwoman”, “Euphoria”, “Killing Eve”, “Supergirl”, entre outros.

Uma das indicadas nesta categoria era “The L Word: Generation Q”. O retorno do universo de The L Word é algo de extrema importância para a nossa comunidade, já que foi a primeira vez que vimos uma série focada em um grupo de mulheres lésbicas. Depois de anos, este espaço deixado continuava vazio, dando ainda mais importância para este retorno, principalmente visto que a produção vem tomando todo o cuidado para não cometer os erros do passado, como aconteceu com a representação de mulheres latinas e pessoas trans, e desta vez apresentando um elenco mais diverso, com atores que realmente fazem parte da comunidade LGBTQIA+.

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Mas apesar disso, a vitória de “Pose” é justíssima, não apenas pela qualidade inegável da série, mas por todos os talentos envolvidos, que tem um elenco formado por pessoas negras e latinas, e traz pessoas trans em papel de destaque, tanto na série como também atrás das câmeras. Apesar da aclamação pela crítica e pelo público, o reconhecimento em premiações ainda é raso. A produção é muito bem representada por Billy Porter, que chegou a ganhar o Emmy de Melhor Ator em Série Dramática no ano passado, mas não existe um reconhecimento para as incríveis pessoas trans. E uma indicação delas não seria apenas pela diversidade, mas sim porque já vem em duas temporadas provando o talento e competência.

Outro grande vencedor da noite foi o filme “Booksmart”. O coming-of-age dirigido pela Olivia Wilde foi com certeza um dos longas mais interessantes de 2019 e faturou o prêmio de Melhor Filme em Grande Lançamento. Com um elenco afiado e um roteiro impecável,a produção conseguiu trazer uma nova roupagem para uma história teen que poderia ser apenas mais uma perdida no meio de tantas outras.

Protagonizado pela dupla Beanie Feldstein and Kaitlyn Dever, o longa-metragem acompanha duas adolescentes que nunca quebraram nenhuma regra para conseguir realizar seus sonhos e entrar nas melhores universidades. Porém, no último dia do ensino médio, elas resolvem provar que além de inteligentes, também sabem curtir. E a partir daí entram em uma noite que foge completamente do controle.

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O filme estava competindo contra “Bombshell”, “Downton Abbey”, “Judy” e “Rocketman”. Entre os indicados, os destaques estavam para “Booksmart” e “Rocketman”, que conta a história do cantor Elton John de maneira belíssima, e são os dois com personagens LGBTQIA+ entre os principais e conseguem abordar melhor a temática da sexualidade do personagem. Porém, como uma pessoa que assistiu ao vencedor cinco vezes no intervalo de um ano, posso falar que fiquei mais do que feliz com este resultado. Sem entrar em spoiler, este tem uma das melhores cenas de primeira relação sexual que já vi em um longa. Então quem não assistiu ainda, recomendo!

O GLAAD Media Awards também premia filmes com lançamento limitado, e neste ano este prêmio ficou para o queniano “Rafiki”. Na disputa também estava o aclamado “Portrait of a Lady on Fire”, “Pain and Glory”, o longa brasileiro “Sócrates”, entre outros. Provavelmente o nome mais forte desta categoria era o filme dirigido por Céline Sciamma, que na minha opinião foi o melhor longa-metragem de 2019. Mas a vitória de “Rafiki” tem um significado além de apenas qualidade. 

Que fique claro que o vencedor é uma produção belíssima, a forma como utiliza as cores para conduzir esta história de amor proibido é incrível. O longa acompanha o romance entre duas jovens com pais rivais em uma corrida política e, além disso, em um país recheado de preconceitos, onde o sexo gay é crime. E por isso, o mesmo foi banido de seu próprio país, onde ficou em cartaz apenas uma semana. Por toda essa bagagem, este reconhecimento desta obra tem um significado especial. E com certeza fez por merecer a vitória.

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Na categoria de Melhor Reality Show tivemos uma grande surpresa. Concorrendo contra  “Queer Eye” e “RuPaul’s Drag Race”, dois queridinhos e vencedores de outros anos da premiação, o “Are You the One?” conquistou o prêmio. O programa de relacionamento da MTV americana, que tem como objetivo encontrar o par perfeito, teve em 2019 a sua primeira edição com um elenco formado totalmente por pessoas queer.

Outro resultado inesperado foi na categoria de Melhor Programa Infantil e Familiar. “Steven Universe”, que neste ano veio concorrendo com o filme lançado no ano passado, e “She-Ra e as Princesas do Poder” são dois desenhos que vem se destacando pela forma como eles abordam temáticas voltadas para a comunidade LGBTQIA+ em programas infantis. A série criada por Rebecca Sugar foi a vencedora no ano passado, mas, infelizmente, não conseguiu repetir neste ano.

A categoria teve um empate entre a animação “The Bravest Knight” e “High School Musical: The Musical: The Series”. A animação da Hulu acompanha um jovem que sonha em ser o cavaleiro mais valente do mundo, enquanto a série teen da Disney+ é um spin-off da trilogia de sucesso “High School Musical”.

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A vitória de HSMTMTS é questionável, visto que apesar de apresentar um casal teen entre dois meninos de uma forma muito doce e com personagens cativantes, tudo é tratado de maneira muito tímida, nos cantos, sem grande destaque (um episódio específico o casal ganha um momento mais especial, mas no geral tudo fica muito em segundo plano).

No geral, a série se provou e mostrou bastante potencial, porém a Disney vem fazendo menos do que o mínimo pela comunidade LGBTQIA+ em seus filmes e séries, então não sei se concordo em premiá-los quando eles fazem somente o mínimo, sendo que existem produções que vem fazendo algo muito além e com mais relevância. O meu único consolo é que os indicados do GLAAD Awards foram divulgados antes da última temporada de “She-Ra e as Princesas do Poder” e esta animação poderá ainda ter seu momento de glória em 2021.

Confira os demais vencedores da noite na lista abaixo:

Outstanding Film – Wide Release: Booksmart

Outstanding Film – Limited Release: Rafiki

Outstanding Drama Series: Pose

Outstanding Comedy Series: Schitt’s Creek

Outstanding Individual Episode (in a series without a regular LGBTQ character): “Two Doors Down” de Dolly Parton’s Heartstrings

Outstanding TV Movie: Transparent: Musicale Finale

Outstanding Limited Series: Tales of the City

Outstanding Documentary: State of Pride

Outstanding Kids & Family Programming: The Bravest Knight and High School Musical: The Musical

Outstanding Reality Program: Are You the One?

Outstanding Music Artist: Lil Nas X

Outstanding Comic Book: Star Wars: Doctor Aphra

Outstanding Video Game: The Outer Worlds

Outstanding Broadway Production: The Inheritance

Outstanding Variety or Talk Show Episode: “Jonathan Van Ness: Honey She’s an Onion With All Sorts of Layers” de The Late Show with Stephen Colbert

Outstanding TV Journalism – Newsmagazine: “Am I Next? Trans and Targeted” de Nightline

Outstanding TV Journalism Segment: “One-on-One with Mayor Pete Buttigieg” de The Rachel Maddow Show

Outstanding Newspaper Article: “Military Reports No Discharges Under Trans Ban — but Advocates Have Doubts” por Chris Johnson do Washington Blade

Outstanding Magazine Article: “The Trans Obituaries Project” por Raquel Willis de OUT

Outstanding Magazine Overall Coverage: Advocate

Outstanding Digital Journalism Article: “Trump Administration to LGBT Couples: Your ‘Out of Wedlock’ Kids Aren’t Citizens” por Scott Bixby do The Daily Beast

Outstanding Digital Journalism – Video or Multimedia: “Stonewall 50: The Revolution” por NBC OUT e Nightly Films

Outstanding Blog: My Fabulous Disease

Special Recognition: Special

Special Recognition: Karen Ocamb, ex editor de notícias da Los Angeles Blade

Special Recognition: Mark Segal, fundador da Philadelphia Gay News

Outstanding Spanish-Language Scripted Television Series: “El Corazón Nunca Se Equivoca”

Outstanding Spanish-Language TV Journalism – Newsmagazine: “Después de Stonewall” (CNN en Español) e “Orgullo” (Univision)

Outstanding Spanish-Language TV Journalism Segment: “Amor Sin Condición” (Univision)

Outstanding Spanish-Language Digital Journalism Article: “Soy Gay y Estoy Orgulloso de Poder Decirlo: Jorge Luis Martínez, patinador mexicano” por Mario Villagrán (GQ Mexico)

Outstanding Spanish-Language Digital Journalism Video or Multimedia: “América a Fondo: Brigitte Baptiste, el Rostro de la (bio) Diversidad” por David Casasús (EFE)

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

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Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

Review | Heartstopper – Primeira Temporada

A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando