Mesmo três meses depois da estreia de “A Maldição da Mansão Bly” o casal Dani (Victoria Pedretti) e Jamie (Amelia Eve) continua sendo um assunto muito comentado nas redes sociais, consequência da excelente forma que a história das duas, principalmente de Dani Clayton, foi escrita.
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Como uma boa protagonista, Dani é uma personagem profunda, com diversas nuances exploradas ao decorrer da trama. Vivendo na Inglaterra há seis meses, a professora estadunidense larga toda a sua vida e se torna au-pair de dois órfãos que moram numa mansão no interior.
Tendo ataques de pânico em diversos momentos da história, Dani se mostra tão comum como qualquer um de nós. Logo de cara, percebemos que a jovem possui muita bagagem e tenta ao máximo fugir de seu passado, que a persegue em todos os cantos.
Conforme os mistérios da casa vão se revelando, partes essenciais do passado da personagem também são desvendados. Descobrimos que Clayton, antes de se mudar, estava noiva de seu melhor amigo de infância, mas resolveu terminar tudo por entender que, na verdade, só o amava platonicamente, pois era lésbica.
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Com isso, entendemos de onde vem toda a culpa que a personagem aparenta sentir, visto que seu ex-noivo morreu atropelado de uma forma drástica após eles conversarem sobre acabar com o relacionamento. Porém, a medida que Dani se aproxima de Jamie, a jardineira, esse sentimento vai diminuindo e ela se sente mais confortável para se abrir com alguém sobre isso.
Apesar de estar em um relacionamento heterossexual por achar que era o esperado dela, assim que a jovem entende sua sexualidade, ela não tenta reprimir isso. Seu relacionamento com Jamie começa um pouco conturbado, mas assim que a mesma se liberta do peso do passado, se rende totalmente. A relação de Jamie e Dani é leve, ambas se mostram presentes para a outra em todas as circunstâncias, se tornando o porto seguro uma da outra.
Um dos pontos mais positivos da trama é a normalidade que todos encaram a sexualidade de Dani e seu namoro com Jamie, sendo somente mais uma característica da personagem entre as outras que ela possui. Aqui vale ressaltar que se trata de uma série de terror, ou seja, o romance não é o foco principal e tragédias acontecem. De toda forma, Mike Flanagan (“A Maldição da Residência Hill”) explora a relação como algo crucial para o desenvolvimento de Dani e da história.
O final de Dani até pode ser trágico, mas, além de coerente com a narrativa, é ofuscado pelos mais de dez anos felizes que a mesma viveu ao lado de sua amada. No começo da série a jovem diz que sua missão era mudar a vida das crianças, o que ela conseguiu fazer de forma nobre. Dani Clayton e a Mansão Bly nos mostram que é possível criar um bom romance sáfico em qualquer narrativa, até naqueles que não esperamos por isso.
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“A Maldição da Mansão Bly” está disponível na Netflix.