“Killing Eve” é um thriller de espionagem brilhante, sarcástico, elegante e totalmente envolvente baseada nos romances “Codename Villanelle”, do autor Luke Jennings.
Interpretada por Sandra Oh (“Grey’s Anatomy“), Eve Polastri é uma agente do Serviço de Segurança Britânico que fantasia sobre realizar trabalhos importantes enquanto fica atrás de uma mesa lidando com questões burocráticas, contudo a vida de Eve vira de cabeça para baixo ao assumir os casos que a levarão em direção a enigmática assassina Villanelle (Jodie Comer).
Enquanto investiga os assassinatos, Eve começa a questionar seus valores morais, e no decorrer dos episódios vemos a antiga Eve “morrer”, dando espaço a uma nova Eve. Obcecada pela inteligência e criatividade de Villanelle, a agente Polastri inicia um jogo de perseguição que nos proporciona atuações incríveis de Sandra Oh e Jodie Comer.
De um lado nós temos a investigadora brilhante e do outro temos uma assassina talentosa e sagaz. Apesar de a princípio jogarem as personagens em lados opostos, a série vai muito além da dualidade bem ou mal e constrói uma relação complexa que explora sentimentos de admiração e repulsa entre as duas.
Não é apenas Eve que questiona seus valores morais, o público também passa por isso. Quando começamos a assistir a série, nos pegamos torcendo para que Villanelle se dê bem. Apesar de ser terrivelmente cruel e fria, a personagem de Jodie é divertida e carismática, levando o telespectador a se apaixonar gradativamente pela assassina.
O jogo de gato e rato, que é ambientado em cenários europeus deslumbrantes, faz as personagens inverterem os papéis ao longo da temporada. A perseguidora vira a vítima e vice-versa. Nesse jogo de perseguição, Eve e Villanelle vão ficando cada vez mais próximas e obcecadas uma pela outra, o que torna a relação das duas cada vez mais perigosa.
Todos os aspectos de produção de “Killing Eve” são impecáveis, deixando o telespectador encantado, e um tanto quanto obcecado. A Rolling Stones, conseguiu descrever com perfeição o enredo. Segundo a revista a série é “uma história elegante de obsessão e psicopatia, que é calorosamente acolhedora“. A série conseguiu até mesmo unir as concorrentes, fazendo a queridinha Netflix mandar as pessoas irem assistir a série na concorrente Hulu, porque segundo a plataforma “Killing Eve” é OUTRO. NÍVEL. DE PERFEIÇÃO.
every single one of you reading this right now needs to make time in your life to watch Killing Eve. It's a true masterclass in writing, directing, and acting. Oh goodness … the acting! What Sandra Oh and Jodie Comer do in this show is NEXT. LEVEL. PERFECTION. Watch it.
“Cada um de vocês que está lendo isso agora precisa arrumar um tempo na sua vida para assistir Killing Eve. É uma verdadeira aula de escrita, direção e atuação. Oh meu deus… a atuação! O que Sandra Oh e Jodie Comer fazem nesta série é OUTRO. NÍVEL. DE PERFEIÇÃO. Assistam.“
A segunda temporada estreou no último domingo, 7 de abril! Então não percam mais tempo e assistam “Killing Eve“! A série está disponível no Brasil pelo serviço de streaming Globoplay.
“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.
No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.
Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.
O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.
A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.
A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.
Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.
Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video“The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?
Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?
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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.
Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.
Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?
A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.
A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.