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Orgulho Além da Tela – como a representatividade chegou até aqui?

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Hoje iremos falar sobre a nova produção da Globo chamada “Orgulho além da tela”. Um documentário de três episódios lançado em outubro deste ano. Com direção de Rodrigo Rocha, Antônia Prado e Rafael Dragaud, e roteiro de Lalo Homrich e Isadora Wilkinson.

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“Orgulho Além da Tela” é uma linha do tempo da arte reinventada para o mundo. Uma retrospectiva da representatividade LGBTQIA+ nas novelas da Globo. De 1979 até os dias atuais, a partir de imagens e depoimentos de autores e diretores (Gilberto Braga, Dennis de Carvalho, Agnaldo Silva, Silvio de Abreu, Manoel Carlos, Gloria Perez, Ricardo Linhares, Walcyr Carrasco), jornalistas (Jorge Luiz Brasil), pessoas reais e atores (Ary Fontoura, Fernanda Montenegro, Maria Luísa Mendonça, Aline Moraes, Erom Cordeiro, Giovanna Antonelli, Nanda Costa, Silverio Pereira, Carol Duarte, Antônio Fagundes, Glamour Garcia e tantos outros), que vivenciaram personagens e a quebra de paradigmas seja durante a ditadura militar e até os dias atuais que ainda demonstra tanto preconceito.

Vocês já se perguntaram o que as produções do passado tiveram que enfrentar e quebrar para as representatividades que temos hoje em dia? 

Em uma época de censura, opressão e extrema cautela, as escolhas de cortes, decisões de beijos, toques e olhares podiam incomodar quem não entendia, que via a existência do outro como algo impróprio e errado, que não devia ser representado. Os autores e direção inseriram índoles aos personagens, como pessoas trabalhadoras, estudiosas, com valores, respeitáveis para que fossem aceitas nas telas de tv, além dos estereótipos fincados. Assim como tiveram que modificar tantas vezes o direcionamento das histórias devido aos preconceitos e escândalos fomentados pela imprensa, que escolhia o que podia ser acolhido ou transformado em escândalo através do ódio.

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A partir dos anos 1990 começaram a surgir ideias em como discutir esta liberdade e isso refletiu na dramaturgia e representação da realidade. É a partir daí, da entrada das produções de TV na casa das pessoas, que se tem uma abertura para os diálogos. O documentário convida artistas a falar sobre seus personagens, sobre as repercussões, e a sutileza com que tinham que retratar esses amores em meio aos horários nobres da Globo. E traz também pessoas reais que, por meio dessas histórias, se sentiram representadas, através de personagens marcantes pela época e o serviço de representação social que faziam.

A violência não afeta os consumidores de novelas e um beijo entre duas mulheres causa tanto alvoroço, um exemplo disso está em 2015 que, mesmo após tantos casais homoafetivos serem representados, durante a novela “Babilônia”, duas mulheres da terceira idade se beijaram no primeiro episódio e este fato causou tanta censura e rejeição a ponto do autor ter que modificar as cenas seguintes das duas. Ou ter que matar duas personagens mulheres nos anos 1990, Leila (Sílvia Pfeifer) e Rafaela (Christiane Torloni) em “Torre de Babel”, pela rejeição e repudio ao casal, e a relação ser vista como doença.

Parece pesado, mas o documentário é um ar de respiro pela existência, pelo autoentendimento e forma de amar que abriu portas para pessoas reais, teve a oportunidade de deixar de estereotipar, através da normalização de casais sáficos e homoafetivos na dramaturgia. A invisibilidade é o combustível para o preconceito. Com falas importantes, somos apresentados a personagens das gerações passadas que abriram espaço de visibilidade, diálogo e compreensão entre famílias e a sociedade.

Convido vocês a conhecerem os casais de cada novela listada abaixo, e a luta dos atores e personagens pela sua existência. E tenho certeza que assim como eu, vocês irão se surpreender com o avanço, mesmo que lento, e todas as barreiras que a dramaturgia brasileira teve que enfrentar. Toda obra tem o seu tempo e se enquadra nas possibilidades da época. 

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Veja a lista dos avanços na representatividade na TV brasileira, na Globo:

1979 – Os Gigantes
1981 – Brilhante
1986 – Roda de Fogo
1987 – Mandala
1988 – Vale Tudo
1989 – Tieta
1990 – Mico Preto
1990 – Barriga de Aluguel
1992 – Pedra sobre Pedra
1993 – Renascer
1995 – A Próxima Vítima / Explode coração
1997 – Por Amor
1997 – Anjo Mal
1998 – Torre de Babel
1999 – Suave Veneno
2000 – Malhação
2001 – As Filhas da Mãe
2003 – Mulheres Apaixonadas
2004 – Senhora do Destino
2005 – América
2007 – Paraíso Tropical / Duas Caras
2011 – Insensato Coração / Fina Estampa
2013 – Amor à Vida
2014 – Em Família / Geração Brasil / Império
2015 – Babilônia
2017 – A Força do Querer
2018 – Segundo Sol / O Sétimo Guardião
2019 – A Dona do Pedaço

Viviane Marques é paulistana, formada em marketing e amante da arte. Atualmente estuda teatro para formação e é bailarina por paixão. Vive em constante desconstrução e escrever é uma forma de sobreviver ao dia a dia e as constantes mudanças no mundo.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

Pro Mundo (Out!) | Um pouco sobre Ilana Prates de “Um Lugar ao Sol”

Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

Review | Heartstopper – Primeira Temporada

A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando