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Resenha | Amora – obra mostra como o amor entre mulheres está nos detalhes

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Ficha Técnica
Livro: Amora
Autora: Natalia Borges Polesso
Editora: Dublinense
Número de Páginas: 146
Ano de Lançamento: 2016


Amora”, de Natalia Borges Polesso, é o livro perfeito para aqueles momentos que desejamos ler uma história envolvente sobre amor sáfico, mas que não nos fará sofrer. Com uma escrita fluida e cativante, que nós faz ficar presa em cada conto de uma forma diferente, é compreensível o Prêmio Jabuti de Contos, conquistado em 2016.

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Através de narrativas curtas, a autora consegue explorar as diversas facetas das relações entre mulheres, e por mais que o livro gire em torno do amor sáfico, é muito mais sobre os relacionamentos construídos entre as personagens, seja em um casal, entre amigas, e até avó e neta, que sobre romance.

Em “Amora”, é impossível não se perceber em ao menos uma daquelas personagens, Natalia tem o poder de contar histórias, descrever relações que facilmente se encaixam perfeitamente em alguma memória sua de infância.

Como no conto “Flor, flores, ferro retorcido”, um dos meus favoritos, aquela trama se encaixava tão bem em uma lembrança de quando era criança, daquelas que você só entende depois que cresce, e então finalmente percebe que foi a primeira vez que olhou para uma mulher com outros olhos, ou foi seu primeiro contato com a homofobia enraizada nas famílias heteronormativas tradicionais.

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Com delicadeza, e uma dose de acidez, “Amora” é tanto um livro para ser devorado em horas, como um livro para ser degustado conto a conto, mas de qualquer modo, serão histórias impossíveis de se passar despercebida, sejam por deixar um gosto doce do aconchego que aquela relação entre mulheres te causou, ou por deixar um gosto levemente amargo, de uma narrativa que poderia ser bem dolorosa se não fosse contada e desenvolvida de forma tão responsável e delicada.

O livro está dividido em duas partes, a primeira “Grandes e sumarentas”, com contos um pouco maiores, em que se busca explorar mais a dinâmica entre as personagens, com uma escrita mais fluida, cheia de humor e ironias. Enquanto a segunda parte, “Pequenas e ácida”, são textos sucintos, quase como confissões íntimas, aquelas que geralmente guardamos para nós mesmos, tão íntimas que parece que parecem ter sido extraídas a força.

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Natalia Borges Polesso, em “Amora”, traz a figura da mulher que ama mulheres para o foco principal, mas diferente do tradicional, não vai explorar o romance entre elas, a seu modo vai nos contar como o amor entre mulheres está nos detalhes, nas histórias do dia a dia esquecidas.

Advogada, a doida das séries policiais e de serial killers. Apaixonada por ficção científica e tudo relacionado ao espaço. Uma geminiana viciada em conversas regadas a vinho.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

Pro Mundo (Out!) | Um pouco sobre Ilana Prates de “Um Lugar ao Sol”

Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

Review | Heartstopper – Primeira Temporada

A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando