O LesB Out! Mixtape está de volta e com uma edição bastante especial. No dia 29 de agosto foi comemorado o Dia da Visibilidade Lésbica, e para encerrar esse mês (um dia atrasadas) com chave de ouro, chegou o momento de exaltar as mulheres lésbicas do mundo da música.
O LesB Out! Mixtape é uma playlist colaborativa e todas podem ajudar a construir este cantinho especial. Não esqueça também de seguir no Spotify para acompanhar as atualizações, conhecer essas e outras artistas LGBTQIA+ e indicar artistas que você gostaria de ver nas próximas publicações.
Confira a lista:
Emma Beckett
A cantora canadense cresceu cercada de música. Ainda bem nova, aprendeu a tocar piano e cantava em coral. Mas a carreira musical só começou mesmo quando Emma decidiu largar a faculdade e focar na paixão pela música. O primeiro EP, “Drop Out”, foi lançado em 2018 e marcou o início dessa nova fase.
Em 2021, ela nos presenteou com “Cool With It”, primeiro álbum da carreira. Emma assina a composição de todas as músicas, assim como a produção. Com letras vulneráveis, uma charmosa e envolvente voz, é difícil não ficar presa às canções da cantora.
Day
A cantora ganhou grande visibilidade ao participar do The Voice Brasil, em 2017, encantando com o seu talento e atitude, e garantindo vaga entre os finalistas da edição. Trazendo o pop emo como marca principal, Day traz também referências do pop, pop punk, punk rock, rock, emocore e trap nas suas canções.
O primeiro álbum, chamado “Clube dos Sonhos Frustrados”, chegou neste ano. Todas as músicas trazem histórias vividas pela cantora, com foco na sexualidade, mas também trazendo um pouco do sentimento trazido pela pandemia, já que o álbum foi produzido neste período. Este traz uma sonoridade com forte referência do emo e pop punk, e conta com participação do Lucas Silveira, da Fresno.
Maddie Ross
Maddie Ross é uma cantora independente de Los Angeles, Califórnia. Ela aposta forte no pop rock, com uma sonoridade com a cara da MTV dos anos 2000, mesclando elementos atuais com um som com gosto de nostalgia.
O primeiro álbum, “Never Have I Ever”, foi criado com um conceito que remete a trilha sonora de comédia romântica adolescente do final dos anos 1990 e começo dos anos 2000. Com músicas que poderiam estar muito bem em filmes como “10 Coisas que Eu Odeio em Você” e “Ela é Demais”, mas com um pequeno twist: totalmente gay.
O último single é uma clássica e poderosa canção de vingança pós-término. “Ears Bunny” foi criada depois que ela terminou um relacionamento de seis anos.
Alex Lahey
A australiana Alex Lahey baseia entre o indie rock, pop punk e pop, com uma guitarra marcante, um ritmo contagiante e letras que são impossíveis de não se relacionar. Ela aprendeu a tocar saxofone aos 13 anos e estudou jazz por um tempo. O instrumento aparece de vez em quando em suas músicas, sempre uma grata surpresa.
A cantora já tem dois álbuns, o último “The Best of Luck Club” foi lançado em 2019. Em 2021, Alex divulgou dois singles: “Dino”, em parceria com a namorada Gordi; e “On My Way”, canção tema do filme “A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas”, que chegou ao catalogo da Netflix no primeiro semestre do ano.
Far From Alaska
Far From Alaska é uma banda criada em 2012, em Natal, no Rio Grande do Norte. Eles trazem um som voltado para o rock alternativo e stoner rock. Atualmente é formada por Emmily Barreto, Cris Botarelli e Rafael Brasil. O grupo começou como um projeto paralelo da Cris e Emmily, que já tocavam juntas em outra banda. Mas com pouco tempo, o Far From Alaska conquistou seu espaço.
No mesmo ano da formação, eles venceram um concurso e começaram a participar de grandes festivais. A banda ganhou bastante visibilidade ao ser elogiada por Shirley Manson, vocalista do Garbage. Hoje eles já tem dois álbuns, ambos com músicas em inglês. O último single foi lançado em 2020, uma versão da música Eva, popularizada no Brasil pela Banda Eva, juntamente com a Fresno.
Jornalista nascida no Rio de Janeiro e atualmente morando em Fortaleza. Cresceu assistindo filmes da Sessão da Tarde, Dragon Ball e Xena: A Princesa Guerreira. Constantemente falando coisas aleatórias sobre cinema, televisão e música.
“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.
No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.
Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.
O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.
A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.
A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.
Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.
Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video“The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?
Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?
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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.
Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.
Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?
A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.
A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.