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The Owl House – onde a fantasia e a representatividade se completam

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“Mas se a gente for ficar esperando uma profecia pra ser especial, morre esperando. É por isso que você tem que ser a escolhida pra si mesma”- Eda

“The Owl House”, ou “A Casa Coruja” em português, da criadora Dana Terrace, nos apresenta Luz (Sarah Nicole-Robles), uma personagem adolescente, não branca, que foge de estereótipos de feminilidade e de qualquer padrão social. E é assim que ela nos leva a uma viagem incrível pelos reinos que antes seriam irreais e nos faz voltar a um momento, talvez da infância, o qual a imaginação e a fantasia são os principais pilares.

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Luz sonha com mundos que construiu na mente por causa dos livros da bruxa Azura, de quem ela é muito fã. Isso trouxe problemas na escola e ela foi mandada para uma espécie de reformatório. No meio do caminho, quase que como em um passe de mágica, ela foi parar em um universo paralelo dos seus sonhos: um de magia. A menina realiza os seus sonhos todos os dias enquanto vive essa aventura ao lado de sua mentora Eda (Wendie Malick).

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“The Owl House” não peca em nenhum momento nos aspectos mágicos. Temos direito a feitiços, poções, seres mágicos de diferentes jeitos e formas, e claro, maldições que com certeza são o ápice do desenho. Além disso, é perceptível uma forte crítica a um sistema educacional quadrado que pensa apenas em formar crianças e jovens que se encaixam em um padrão pré-estabelecido socialmente, A Casa Coruja nos apresenta uma escola de magia dividida em clãs que forçam as crianças a escolherem apenas um tipo de magia para exercer a vida toda (familiar, não?). Em um contraste a isso, Eda tenta apresentar um mundo em que todos os tipos de magia sejam possíveis, e claro, é perseguida e punida por isso.

Toda tentativa de liberdade é perseguida e vista como algo ruim, como algo que deve ser punido. Luz sai do mundo dos humanos, onde ela é perseguida por sua imaginação e criatividade, e quando entra no mundo mágico começa a ser pressionada justamente por tentar ser livre do jeito que sempre sonhou. Dois mundos, o real e o irreal, marcados pela perseguição as diferenças. Não podemos esquecer que Luz é humana, algo que com certeza não facilita as coisas.

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A menina empolgada com a magia, admirada com o mundo novo, faz amigos e inimigos, em especial uma inimiga Amity Blight (Mae Whitman). Essa relação nos entrega da forma mais doce um importante enemies to lovers. Amity começa a se abrir quando Luz se propõe a ser a Rainha dos Males no baile da escola, sendo assim a pessoa que vai enfrentar males no lugar dela. Um ato de amor sútil que derrete por completo o coração da durona Blight e que revela o grande segredo: ela estava pronta para convidar a até então rival para ir ao baile com ela.

“Tá ficando mole comigo, Blight?”

A relação das duas está em desenvolvimento. Estão em uma fase de descobertas, são muitas novidades, muitos sentimentos e todos os dias uma aventura diferente, mas foi confirmado pela criadora da animação que Luz é sim bissexual e ela expressou o quanto quer que a relação aconteça de forma mais forte.

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“The Owl House” traz para nós adultos uma crítica que nos leva a reflexão sobre como estamos tratando nossas crianças e que mundo estamos ajudando-as a construir. Além de nos fazer pensar e repensar que educação estamos construindo. Por outro lado, para as crianças e jovens que assistem, o desenho é a realização de um sonho com a representatividade LGBTQIA+, que nos dá a esperança de construir uma sociedade menos preconceituosa. É uma animação com uma personagem não branca e bissexual como protagonista da Disney, ela possui um grande alcance e, a partir disso, uma grande importância e influência. Crianças e jovens LGBTQIA+ precisam se ver representados na mídia, e as crianças e jovens não LGBTQIA+ precisam crescer aprendendo a respeitar e normalizar as formas de amar e de se relacionar.

Monica Teixeira é pedagoga e muito apaixonada pelo universo literário. Amante de séries de médico, viciada em tudo que envolve super-heróis e não perde um episódio de Legends Of Tomorrow. Ela vive na Cidade Maravilhosa, Rio de Janeiro.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

Pro Mundo (Out!) | Um pouco sobre Ilana Prates de “Um Lugar ao Sol”

Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

Review | Heartstopper – Primeira Temporada

A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando

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