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Resenha | A construção de mim mesma: uma história de transição de gênero – uma autobiografia profunda e delicada

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Ficha Técnica
Livro: A construção de mim mesma: uma história de transição de gênero
Autora: Letícia Lanz
Editora: Objetiva
Número de páginas: 112
Ano de Lançamento: 2021


“Ser uma pessoa e me apresentar ao mundo como outra: essa foi a divisão íntima que carreguei dentro de mim até meu coração gritar.”

“A construção de mim mesma: uma história de transição de gênero” é um livro de narrativa autobiográfica. Letícia Lanz se abre com o leitor como se estivesse em uma conversa terapêutica, contando os momentos mais marcantes de sua transição. Letícia conta que o estopim para sua decisão foi um infarto que sofreu depois de tanto guardar a si.

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Em um mundo transfóbico e machista, Lanz se viu sem saída em vários momentos e por isso não se sentia segura o suficiente para o processo de transição. Casada com uma mulher, com três filhos e netos, a autora confidencia aos leitores seus maiores medos e os momentos mais tensos e dolorosos da sua caminhada de vida.

Letícia narra que o grande acontecimento que a fez decidir pela transição de uma vez foi um infarto que sofreu justamente por ter se guardado por tanto tempo. Segundo a autora, estar à beira da morte na UTI “(…) marcou a morte de Geraldo e o nascimento de Letícia”. Foi o momento de maior apreensão, mas também um momento de uma virada na vida fundamental para que Letícia pudesse ser verdadeiramente feliz.

“Transicionar era a única coisa a ser feita se eu quisesse continuar viva”

A autora divide a obra de sua vida e sua transição contando, ao mesmo tempo, sobre a relação com a sua família: seu pai, sua mãe, sua esposa, seus filhos e ela mesma. A cada capítulo, Lanz faz relações entre a sua vida pessoal e sua transição com as relações que as pessoas amadas tinham com o mundo externo. Ou seja, Letícia muitas vezes se viu pelos olhos com que sua família enxergava o mundo e nem sempre com os olhos dela mesma. Isso fez com que, diversas vezes, ela se definisse como algo que ela não era e não sentia verdade, e em outros momentos ela começou a definir as pessoas com os olhos do mundo.

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Essa situação levou problemas em seu relacionamento, pois quando Letícia via sua esposa fugir de padrões de feminilidade pré-estabelecidos pela sociedade, ela tentava forçar uma estética mais feminina a amada, muitas vezes, por se enxergar com os olhos de uma sociedade que impunha papéis de gênero definidos demais e “impossíveis” de serem rompidos.

Outra questão familiar que afetou Letícia e sua transição foi sua relação com seu pai. Contrastando com as histórias de sua infância, em que foi reprimida diversas vezes, a autora relata que seu pai foi uma das pessoas mais importantes durante seu processo de descoberta e de transição.

Rompendo com as barreiras que a vida havia colocado a sua frente, Letícia partiu então para a transição completa e a se assumir publicamente como a mulher que sempre foi. Hoje, ainda casada com Ângela, vive feliz em um casamento sáfico que lhe deu três filhos e netos que a entendem e acolhem desde o primeiro momento. Esse relacionamento deu a ela o papel de pai e agora avô, e é esse o papel que ela assume até hoje, ultrapassando a barreira de divisões de papéis sociais divididas em caixas que precisam se encaixar com a aparência externa.

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“A construção de mim mesma: uma história de transição de gênero” é um livro profundo e delicado. Ele mexe não só com a própria autora, mas faz cada leitor repensar seu próprio papel em uma sociedade transfóbica. Letícia traz reflexões enquanto conta sua história de vida: até quando vamos prender pessoas dentro de si mesmas por conta de preconceitos e pensamentos egoístas? Lanz infartou pelo receio de ser livre de verdade, e isso traz o pensamento complexo de se é esse o mundo em que queremos viver, matando pessoas direta e indiretamente todos os dias. Letícia, felizmente, teve um final feliz, e está viva lutando pelo direito da vida de outras pessoas, e contando sua história como forma de levantar a sua voz e inspirar outros ao seu redor.


Obs.: livro cedido pelo Grupo Companhia das Letras para resenha.


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Monica Teixeira é pedagoga e muito apaixonada pelo universo literário. Amante de séries de médico, viciada em tudo que envolve super-heróis e não perde um episódio de Legends Of Tomorrow. Ela vive na Cidade Maravilhosa, Rio de Janeiro.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

Pro Mundo (Out!) | Um pouco sobre Ilana Prates de “Um Lugar ao Sol”

Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

Review | Heartstopper – Primeira Temporada

A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando