Mesmo que já esteja em sua quarta temporada, “Station 19“ é uma série que a cada ano surpreende pela profundidade dos assuntos que vem abordando. Maya Bishop, interpretada pela queridinha do momento, a Danielle Savre, é uma das personagens mais fortes desta produção, e que carrega uma história muito complexa e cheias de lacunas que ainda não foram totalmente preenchidas. Sabemos que Maya vem de uma família que a criou para ser perfeita. Esta pressão parte especialmente do seu pai, que é um homem totalmente agressivo – e não só com as palavras.
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Assistimos durante as temporadas Maya apresentar um comportamento de alguém que já foi muito machucada, mas antes de entendermos de onde saiu toda essa reação, a julgamos. Tendo ataques de ansiedade em diversos momentos da série, Maya se mostra tão comum como qualquer um de nós. Em um episódio que ela está com Carina (Stefania Spampinato), fica claro o quanto ela é uma mulher frágil e lotada de questões que ainda não conseguiu resolver. Carregada de cicatrizes, precisou passar por cima de muitas pessoas, inclusive dela mesma, em nome de algo que só beneficiaria seu pai abusivo. Em todos os episódios de excesso de raiva de Maya, vemos o quanto ela tem medo de se ‘tornar’ seu pai e o quanto isso é algo que a atormenta. No capítulo em que Maya dorme com Jack (Grey Damon) e conta para Carina logo em seguida, é possível perceber que ela é, além de tudo, um ser humano que falha, mas que nunca teve apoio de quem precisava. Quebrada, confusa e inconsequente, é assim que passamos a enxergar a Capitã da Estação 19.
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Diante de toda confusão que vemos a personagem se afundar, no decorrer da série também conhecemos o lugar que ela cresceu e como foi difícil para ela ser apenas uma personagem da própria vida, tudo para agradar uma pessoa que ela não tinha respeito, mas sim medo. E o que “Station 19” passa com essa personagem é que muitas vezes, muitas de nós já tivemos que conviver com uma Maya Bishop na nossa vida – quando não somos ela. Um dos pontos positivos dessa história é que fica claro que, no final do dia, somos apenas seres humanos normais, que erram (e não é pouco), que dizemos e fazemos coisas que não só nos machucam, como também quem permanece ao nosso lado.
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O desenvolvimento da personagem mostra que ela vem crescendo (em todos os sentidos), que está reconhecendo seus limites e aprendendo que um relacionamento é muito mais do que o espelho do casamento dos pais dela.
O que podemos esperar da nossa capitã é com certeza que ela consiga se desprender de todos os seus traumas de infância e que finalmente, possa parar de se comparar com seu pai todas as vezes que cometer um erro. Afinal, não é errando que aprendemos?
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“Station 19” atualmente é exibida no Brasil pelo canal Sony Channel.