Além de cantora e compositora, Zolita é uma cineasta graduada pela Universidade de Nova Iorque, e através das suas canções expressa suas experiências enquanto mulher lésbica. Zoe é uma artista que se preocupa com os diversos aspectos de suas produções musicais desde a composição a finalização de seus videoclipes. Suas músicas conseguem dialogar perfeitamente com seu público e algumas vezes até com o contexto social-político atual, como exemplo de “Fight Like A Girl”.
A artista utiliza suas experiências pessoais para compor suas canções, seus álbuns possuem músicas sobre empoderamento feminino, amor entre mulheres, traição, rejeição, espiritualidade e misticismo. Recentemente, em resposta a um fã no twitter, ela disse que as dinâmicas do relacionamento a inspiram para escrever suas músicas, e percebemos isso. Em seu primeiro sucesso “Explosion”, Zolita explora a dinâmica de amor entre amigas, e através dos versos mostra como foi se apaixonar por sua melhor amiga.
Além de “Explosion”, o EP “Imaculate Conception”, lançado em 2015, possui outra composição que a colocaria em evidência. Em “Holly”, ela, mais uma vez, explora a relação entre duas mulheres, mas adiciona aspectos que falam sobre devoção e sacrifício, e brinca com palavras ligadas a espiritualidade para expor que o amor por outra mulher é sagrado e não profano. Apesar da canção ser poderosíssima, o que a tornou popular foi o videoclipe.
A produção que contém certas semelhanças com a série “The Handmaid’s Tale“, narra a história de uma estudante que frequenta uma escola patriarcal distópica e que ao lado da garota que ama lidera uma rebelião. Apesar do contexto da época ter favorecido-a, foi seu histórico como estudante de cinema da Universidade de Nova Iorque que possibilitou que Zolita entregasse um dos melhores videoclipes da sua carreira. Aliás, um dos aspectos que mais aprecio é a produção dos videoclipes da cantora, “Explosion”, “Holly” e “Fight Like A Girl”, “New You”, “Truth Tea”, “Come Home With Me” e “U Remind Me”, que tem a co-direção da youtuber Shannon Beveridge, são impecáveis.
Inspirada pelas Marchas das Mulheres contra o presidente Donald Trump, a cantora compôs “Fight Like A Girl” . A música que faz parte do EP intitulado “Sappho”, possui versos como “meu corpo, minha escolha, meus direitos e minha voz“, o que nos mostra que somos donas dos nossos próprios destinos e que devemos lutar para ter o poder de tomar decisões. A canção é uma espécie de chamado a todas as mulheres e no seu videoclipe isso fica nítido.
Em “Fight Like a Girl” vemos diversas mulheres se preparando para o encontro do “Culto de Garotas”, que é descrito pela cantora como um espaço onde a magia interior e o amor próprio substituem a violência física e o julgamento. Inclusive, o símbolo do culto está presente em todos o clipes de Zolita, seja no colar usado pela mesma ou em bilhetes entregues secretamente. A parte mais sensacional do culto é que somos ensinadas a focar nossa devoção em nós mesmas e nas mulheres que nos rodeiam, sem contar que é muito divertido participar de uma sociedade secreta.
Além de “Explosion”, “Holly” e “Fight Like A Girl”, Zolita tem outras canções incríveis como “New You”, “Truth Tea”, “Come Home With Me”, “Shut Up And Cry”, “U Remind Me” e “Like Heaven”, que inclusive entrou para lista de 30 Lesbian Love Songs da Billboard em 2019. Hoje a cantora lançou o videoclipe do single “Oblivion” que fará parte do seu novo EP. Assista agora:
“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.
No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.
Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.
O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.
A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.
A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.
Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.
Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video“The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?
Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?
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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.
Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.
Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?
A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.
A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.
Ágata da Silva de souza
8 de outubro de 2022 at 17:14
vc e linda amo vc