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Cinema

Crítica | Pânico VI

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“Pânico VI” sabe que precisa ser maior e mais feroz do que o seu antecessor. Está nas regras expostas pela nossa nova nerd de filmes Mindy (Jasmin Savoy Brown). E é isto que ele entrega, um Ghostface ainda mais sanguinário, com um ritmo frenético e uma tensão crescente. A nova entrada da franquia entrega tudo o que gostamos em um bom slasher, mas, ao mesmo tempo, ele parece o mais distante da essência que foi criada por Kevin Williamson e Wes Craven.

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Eu cresci com “Pânico” e os filmes moldaram completamente o meu gosto cinematográfico. “Pânico 4” era para ser o início de uma nova era e, para mim, conseguiu entregar um dos melhores filmes da franquia, com um dos melhores Ghostface e alguns novos personagens icônicos, como a favorita de todos Kirby Reed (Hayden Panettiere), mas, infelizmente, não tivemos continuidade, principalmente após a morte de Wes Craven.

Mais de uma década depois, “Pânico” está em novas mãos, iniciando uma nova jornada e obviamente temos mudanças no tom a ser seguido. Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, diretores responsáveis por esse comeback, sabem que precisam seguir em frente, mas sempre revisitando os clássicos, e aqui não foi diferente. Apresentando uma sequência direta da história apresentada em 2022, acompanhamos nossos quatro sobreviventes, agora em uma nova cidade, Nova York, um ambiente bem menos controlado do que o interior Woodsboro.

Sam (Melissa Barrera), Tara (Jenna Ortega), Mindy e Chad (Mason Gooding) estão de volta para serem estabelecidos de vez como nossos novos protagonistas. Além deles, temos a tão esperada volta de Kirby, assim como a presença de Gale Weathers (Courteney Cox) e novos personagens que ajudam na contagem de corpos e a preencher a lista de novos suspeitos. E por mais que o foco do filme seja essas novas caras, é impossível fugir dos fantasmas do passado e é exatamente isso que vemos aqui. 

Como afirmei logo no começo do texto, o filme sabe que precisa mostrar mais e é exatamente isso que ele faz. “Pânico VI” é mais em tudo em relação ao filme anterior: mais mortes, mais violento, mais sangrento. E não fica apenas nisso, o longa é mais efetivo e organizado, com um roteiro mais eficiente que consegue entregar um grande thriller. E isso eles já deixam bem claro na morte inicial, que é um dos grandes momentos do longa. 

Mas não é apenas ele ser mais em tudo que faz com que a produção seja melhor do que já foi apresentada até então. No meio de boas mortes e algumas boas cenas de perseguição, com Ghostface aterrorizando nossos sobreviventes a todo momento, ainda sinto falta de me importar mais com esses novos personagens. Não tem como comparar o novo quarteto com o trio Sidney (Neve Campbell), Dewey (David Arquette) e Gale. Ao mesmo tempo que os personagens são interessantes, assim como os atores e possuem potencial para formar uma ótima equipe, parece que ainda falta alguma coisa. E muito disso é pela falta de um desenvolvimento melhor deles. Desejamos conhecer mais deles, entender a relação que eles criaram, mas, infelizmente, isso não é uma prioridade no roteiro de “Pânico VI”.

Jenna Ortega, a mulher do momento, vai sempre se destacar no quesito atuação. Apesar disso, a não tão boa atriz quanto Melissa Barrera (cadê as viúvas de Vida?), ter uma personagem muito mais interessante e que ela sim, teve um desenvolvimento levemente mais aprofundado, isso já é suficiente para instigar o público e querer ver os próximos passos dela. Com ótimas pontas para o futuro da Sam, a personagem tem tudo para dar uma chacoalhada na franquia. 

Enquanto isso, outra que tinha tudo para ser um grande destaque é a talentosa Jasmin Savoy Brown, como a nova nerd de filmes de terror da gangue, uma versão mais cool do seu tio. Ela entrega ótimos momentos, consegue ser sagaz nas horas certas, tem um tom de humor que agrada e na maioria das vezes, os roteiristas acertam muito a mão nos diálogos impostos para a personagem. Mas assim como o seu irmão gêmeo, Mindy está ali mais para cumprir o seu papel e aparentemente, nunca iremos receber a personagem por completo.

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De um lado temos os novos personagens tomando a liderança, e do outro alguns retornos que soam no mínimo estranho. A sempre ótima Gale, dessa vez aparece de forma deslocada da história e isso faz questionar a necessidade da sua aparição. Por outro lado, pela primeira vez temos um filme sem a presença de Sidney Prescott. A personagem precisa de paz, do seu final feliz. Mas, talvez, a forma como isso aconteceu não seja das melhores, deixando um gosto amargo em saber que a personagem não apareceu por causa de problemas de bastidores. 

E depois de tanta expectativa e burburinho dos fãs, finalmente temos a volta da Kirby Reed. Infelizmente, ela é introduzida no pior núcleo do filme. Nesta hora, a presença do Dewey faz falta. Ele subiu o nível (não exatamente pela qualidade do seu trabalho como xerife) no setor de investigação sempre presente em “Pânico” e, infelizmente, o nível caiu muito sem ele e não tem fan favorite que consegue salvar. 

Mas no geral, não é como se fosse um filme completamente diferente dos clássicos, existe um esforço para entregar a essência que fez com que “Pânico” virasse um clássico, mas, ao mesmo tempo, temos novos diretores, uma nova produtora e apenas a presença do Kevin Williamson não é suficiente para manter esse sentimento vivo. E o sentimento de que algo está faltando continua presente. 

Agora temos uma nova franquia, uma visão de novas pessoas. Não é o “Pânico” que crescemos acompanhando, que moldou toda uma geração de fãs de terror, mas ele traz elementos dessa nostalgia e tem tudo para construir a sua própria história. O potencial está presente, agora é entregar de fato (o que pode ser um grande problema).

Obs: O filme tem uma cena pós-créditos.

LesB Nota
  • Direção
  • Roteiro
  • Personagens
3.3

Sinopse

Sam, Tara, Chad e Mindy, os quatro sobreviventes do massacre realizado pelo Ghostface, decidem deixar Woodsboro para trás em busca de um novo começo em Nova York. Mas não demora muito para eles se tornarem alvo de um novo serial killer.

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Crítica | Brenda Lee e o Palácio das Princesas – um musical bibliográfico que vale a pena

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“Brenda Lee e o Palácio das Princesas” é um musical bibliográfico que conta a história da ativista transgênero, Brenda Lee. O filme é uma peça teatral, que foi adaptada para o audiovisual, e carrega muito das duas linguagens, mesmo com muitos diálogos a narrativa, não fica cansativo, já que intercala com músicas cantadas pelas próprias atrizes.

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O longa é gravado em uma espécie de galpão, que é dividido em cenários pequenos e com poucos objetos cenográficos, brincando com a imaginação dos espectadores. O cenário onde acontecem a maioria dos momentos musicais do filme, por exemplo, é feito com uma cortina de franjas que reflete a cor das luzes que estão sendo usadas na cena e isso faz a magia dessas cenas acontecer. 

Sobre a fotografia, é interessante perceber que vemos câmera fixa nos momentos de entrevista com a Brenda Lee, remetendo a linguagem documental, já em outros, temos a câmera bem solta acompanhando o andar das personagens, principalmente nas cenas musicais. As músicas de “Brenda Lee e o Palácio das Princesas” são um espetáculo à parte, sendo muito bem interpretadas pelas atrizes e com boas composições que compõem a narrativa. 

O longa tem três diretores diferentes, Zé Henrique de Paula, como diretor geral da obra; Laerte Késsimos, como direção audiovisual; e Fernanda Maia, como direção musical. Possuir três diretores em uma mesma obra, mesmo que em áreas diferentes, é um grande desafio, mas os três trabalharam bem juntos e conseguiram imprimir todas as linguagens que se propuseram a usar.

Brenda Lee foi uma figura real e muito importante durante a pandemia de HIV/Aids aqui no Brasil, inaugurando o Palácio das Princesas, a primeira casa de acolhimento para pessoas soro positivo na década de 80. Esse filme é uma grande homenagem a sua história e luta.

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Crítica | Morte Morte Morte – terror e comédia em uma narrativa cativante e desafiadora

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“Morte Morte Morte” (“Bodies Bodies Bodies”) é um filme que mescla os gêneros de terror e comédia, provocando tensão nos espectadores e risadas genuínas. Após um período afastada de seus amigos, Sophie (Amandla Stenberg) decide que ir à festa que estão organizando durante um furacão é uma boa oportunidade para se reaproximar e entender como está sua relação com a própria família. Quando a noite cai e o tédio começa a aparecer, Sophie propõe que joguem um jogo chamado Bodies Bodies Bodies.

Dirigido pela cineasta holandesa Halina Reijn, também responsável por “Instinto” (2019), e produzido pela A24, conhecida por filmes como “Pearl” e “Midsommar” o filme conta com as atrizes Amandla Stenberg e Maria Bakalova, interpretando Bee, namorada de Sophie. Além disso, o comediante Pete Davison também participa, interpretando David, um dos amigos de Sophie.

O roteiro segue uma narrativa cíclica, acompanhando a dinâmica do jogo Bodies Bodies Bodies, no qual os personagens encontram um corpo, gritam e começam a discutir sobre quem é o assassino. Utilizando áudios do TikTok e algumas discussões triviais, mas que são extremamente importantes para os personagens, o roteiro satiriza a geração Z, trazendo o tom cômico do filme. É um roteiro simples, mas eficaz.

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Com uma fotografia intrigante que utiliza lanternas, celulares e pulseiras neon como métodos de iluminação, o filme se torna ainda mais misterioso, deixando boa parte do que é visto na tela em completa escuridão. Para além da iluminação, uma cena que chamou bastante a atenção é aquela que ocorre dentro do carro, em que a câmera fica fixa no meio dos personagens e gira para mostrar a reação de cada um diante dos acontecimentos.

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Em “Morte Morte Morte”, Sophie é lésbica. No entanto, esse não é o ponto central da personagem. Ela é lésbica, está ciente disso, tem uma namorada e se sente confortável com sua identidade. A trama de Sophie e seus problemas não têm relação direta com sua sexualidade, e é muito interessante assistir a narrativas com jovens adultas sáficas em que o foco principal da trama não seja sua autodescoberta. São narrativas que mostram que temos uma vida para além de nossa sexualidade ou identidade de gênero.

O filme está disponível na plataforma de streaming da HBO Max.

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Crítica | Crush: Amor Colorido – uma comédia romântica que aquece o coração

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“Crush: Amor Colorido” é um filme de comédia romântica adolescente com gostinho de sessão da tarde. Nele acompanhamos Paige (Rowan Blanchard), uma adolescente lésbica que está tentando entrar para uma faculdade de artes. Entre amizades, desenhos e um crush enorme na garota popular da escola, Paige é obrigada a entrar para o time de atletismo e procurar quem é o artista cheio de trocadilhos que está pintando murais pela escola e pendurando suas artes por aí. Durante essa procura, Paige não só vai encontrar o amor, mas também uma nova forma de se expressar através da arte.

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Dirigido por Sammi Cohen e estrelado por Rowan Blanchard, Auli’i Carvalho e Isabella Ferreira, a obra está cheia de clichês da adolescência que a maioria de nós vivemos, as paixões platônicas, a falta de habilidade nos flertes e muitos gay panics. O filme foi lançado em 2022 pelo streaming Hulu e aqui no Brasil está disponível no Star+

“Crush: Amor Colorido” é um filme levinho, que acontece em um mundo utópico onde não existe homofobia e nenhum tipo de preconceito. A relação da Paige com os amigos e a mãe é cheia de amor e apoio, tanto que durante a produção, o melhor amigo dela apoia que ela converse com a paixão platônica dela e até a ajuda a dar o primeiro beijo. É lindo ver que Paige tem todo o apoio e afeto vindos da mãe. A relação das duas durante a trama é bem construída e gera muitas cenas cômicas com a mãe da Paige sendo a favor de que a filha tenha uma vida sexual ativa e protegida.

Tecnicamente, o filme não tem inovações, mas sendo uma produção direcionada ao público adolescente, não é isso que estamos procurando ao escolher assisti-lo. Com uma narrativa que conversa muito com desenhos, grafites e expressões artísticas, a direção soube dosar os momentos onde essas intervenções entrariam. 

Algumas das cenas que merecem sua atenção são as de passagem de tempo, que mesmo reciclando o que já foi feito antes, tem um Q de diferente. E principalmente, a cena de investigação na primeira festa, que tem uma montagem incrível que dá um ritmo diferente ao filme e flui junto com a narrativa.

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“Crush: Amor Colorido” é leve e dá para assistir quando estiver triste, feliz, quiser companhia para o almoço ou quiser assistir a uma comédia romântica fofinha. Um filme que, após os créditos, vai deixar você com o coração quentinho.

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