As produções de séries com formato específico para a web vêm crescendo bastante ao longo dos anos, e no Brasil isso não seria diferente. Com isso, surgiram algumas produções para o público LGBTQ+, trazendo a representatividade positiva que quase não temos na TV aberta, por exemplo.
Pensando nisso, separamos uma lista com cinco webséries nacionais com temática LGBTQ+ que vocês precisam conferir o quanto antes.
RED
Protagonizada pelas atrizes Ana Paula Lima (Liz) e Luciana Bollina (Mel), “RED” foi lançada em 2014, na plataforma de vídeos Vimeo, e carrega o posto de primeira websérie brasileira com temática lésbica. Conta a história de duas atrizes que se conhecem em um set de filmagem de um curta metragem e acabam levando para a vida real o romance que vivem na ficção.
“Esconderijo” é protagonizada pelas atrizes Tatiana Fernandes e Mirela Pizani, e conta a história de Raquel e Malu, que se reencontram oito anos após o fim do seu relacionamento, o que acaba despertando sentimentos que desafiam a razão.
A produção “A Melhor Amiga da Noiva” é protagonizada e escrita pelas atrizes Natalie Smith e Priscilla Pugliesi, que vivem o casal Juliana e Fernanda em uma história cheia de idas e vindas. A websérie teve mais de sete milhões de visualizações em sua primeira temporada e foi um sucesso também em outros países como Estados Unidos, Chile e Argentina.
“Além de Alice” foi lançada em 2017 e segue a história de duas mulheres que se conhecem na praia e a partir daí tentam viver uma história de amor. Por conta de divergências com a roteirista e diretora, o elenco foi substituído em sua segunda temporada.
A websérie “SEPTO” mostra a história de Jéssica (Alice Carvalho) que começa a repensar sua vida ao encontrar Lua (Priscila Vilela). Produzida no Rio Grande do Norte a produção levou o prêmio de “Melhor Elenco de Drama”, no Rio Web Festival.
O custo por cada temporada é realmente baixo, contudo, essas produções utilizam de financiamento coletivo para que possam colocar suas séries no ar, e em troca oferecem algumas recompensas para os fãs. Portanto, se você se apaixonou por alguma e gostaria de continuar a assistir, procure saber como ajudar a manter a sua série favorita no ar.
Myrella Oliveira é a co-criadora do LesB Out!, estudante de Publicidade, designer e sonha mais do que pode realizar. Acumula livros que não tem tempo pra ler e séries que não tem tempo para assistir. Feminista, bissexual e orgulhosa, além de ser esquecida e absurdamente dramática. Enxerga o mundo de um jeito bem singular. Mora no litoral ensolarado do Rio de Janeiro.
“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.
No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.
Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.
O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.
A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.
A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.
Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.
Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video“The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?
Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?
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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.
Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.
Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?
A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.
A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.