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Resenha | Camille & Camila: amor entre meninas – você vai querer saber mais

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Ficha Técnica
Livro: Camille & Camila: amor entre meninas
Autora: Bella Prudencio
Editora: Independente
Número de Páginas: 139
Ano de Lançamento: 2021


“É a falsa ideia de que a gente tem que se encaixar em caixinhas inexistentes e que não podemos ser simplesmente nós.”

“Camille & Camila: amor entre meninas”, escrito por Bella Prudencio, é um livro que mescla o romance e o drama, lançado pela própria autora na plataforma da Amazon Kindle.

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Ambientada na cidade de Campos dos Goytacazes, a história se divide entre duas personagens com nomes semelhantes: Camille e Camila. A primeira é uma jovem lésbica de 20 e poucos anos, órfã dos pais e que tem seu irmão como porto seguro. A garota está em uma busca incessante por encontrar seu lugar no mundo, ao mesmo tempo que luta contra a depressão, além de tentar a qualquer custo esquecer da sua ex-namorada, Carina.

Camila, no entanto, é uma jovem de 18 anos que acabou de se formar no Ensino Médio e decide cursar Letras no IFF. Completamente oposta de Camille, Camila sente prazer nas pequenas coisas da vida, sempre escutando músicas animadas e lendo bons livros. Só tem um problema: decidiu nunca se apaixonar depois do divórcio dos seus pais.

Advindas de mundos diferentes, a vida das duas garotas muda no momento em que se veem a primeira vez em uma cafeteria. Mesmo não acreditando em amor à primeira vista, Camille se encanta com a beleza de Camila, contudo, sua percepção é que a garota seja hétero. Do outro lado, Camila também se vê hipnotizada pela vibe Joan Jett que a jovem passa.

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“Camille & Camila: amor entre meninas” apresenta personagens carismáticas, e a evolução do relacionamento das duas é muito sutil e agradável de acompanhar. Entretanto, existem coisas que incomodam ao longo da narrativa, a perspectiva da história através de Camille se torna, por muitas vezes, arrastada e cansativa, enquanto Camila tem um desenvolvimento mais consistente.

“A gente acredita que nunca vai se apaixonar e que nunca vai se envolver com ninguém, mas quando dá por si, quebra a cara perfeitamente.”

A relação de Camille com seu irmão, no qual é retratado no início do livro como sólida e amorosa, é apagada na história, além de que a situação da personagem com a ex-namorada é muito raso. A ideia que dá é que Camille só se resume a escolhas ruins e a luta contra a depressão, o que também não é explorada de forma eficaz.

No que diz respeito a Camila, a história da jovem é mais interessante de acompanhar. Apesar de narrativas de descobertas da sexualidade já estarem saturadas, a abordagem da autora consegue convencer e fazer você torcer pela personagem. Seu processo de autoconhecimento, no qual Camila começa a se entender como bissexual, é divertido e ao mesmo tempo fofo.

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Um ponto a destacar, que me incomodou no livro, foi a reviravolta no relacionamento de Camila e Tarcísio. A relação dos dois, que estava se desenvolvendo de forma sutil e respeitosa, do nada se tornou em agressão e masculinidade frágil, porque a garota escolheu a outra garota. Essa parte da narrativa não convence e preocupa, pois deixa a entender que toda experiência com um homem é perigosa e talvez, ser bissexual (considerando a Camila que está em processo de descoberta), te traga situações traumáticas. A narrativa teria funcionado melhor se o conflito da história fosse outro.

De modo geral, Bella Prudencio tem uma escrita que flui muito bem e faz com que o leitor se sinta imerso na história. Ela faz isso de forma tão prazerosa que até mesmo alguns erros de coesão no texto passam despercebidos e te fazem querer saber mais sobre o destino de Camille e Camila.


Observação: 1. a autora deveria inserir um alerta de gatilho para lgbtfobia, depressão, agressão, alcoolismo etc, pois algumas cenas são difíceis de ler. Ter um aviso tornaria a experiência mais agradável.

2. Cada inicio de capítulo é acompanhado de uma citação e apesar de serem passagens ótimas, senti falta de uma sinalização de quem é o autor da frase.


Obs: livro cedido pela autora para resenha.


Se você deseja adquirir este livro, compre pelo nosso link da Amazon, pois assim você ajuda a manter o site no ar! Só clicar na imagem abaixo 😉

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

Pro Mundo (Out!) | Um pouco sobre Ilana Prates de “Um Lugar ao Sol”

Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

Review | Heartstopper – Primeira Temporada

A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando