Emily Elizabeth Dickinson (1830-1886) foi uma poetisa americana considerada um exemplo de escritora para o país. Sendo uma figura histórica, ela obtinha pensamentos a frente de seu tempo. Passou muito da sua vida isolada e seus textos só obtiveram reconhecimento após sua morte.
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No ano passado, o serviço de streaming da Apple TV lançou a série “Dickinson”, uma comédia com doses de drama baseada na vida da escritora. No enredo, quem dá vida a enigmática e ousada Emily Dickinson é Hailee Steinfeld (“Quase 18”), e na história é perceptível uma garota moderna, com ideias revolucionárias e determinada a se tornar uma grande escritora.
Proprietária de uma imaginação incrivelmente fértil, eventualmente a personagem de Steinfeld se encontra às escondidas para conversar com a Morte (Wiz Khalifa) e tem animais falantes como confidente. Além de que, seus poemas são rabiscados na tela quando presencia uma situação que caberia perfeitamente em um deles. Todos esses detalhes tornam a produção única e um pouco esquisita, porém totalmente encantadora se estiver interessada em conhecer um pouco do universo e época da autora.
Além disso, Emily possui um relacionamento proibido com sua melhor amiga, Sue Gilbert (Ella Hunt). Única sobrevivente da sua família e com a vida assombrada por tantas mortes, Sue precisa encontrar um meio de sobreviver e desta forma precisa se casar com Austin (Adrian Enscoe), irmão da protagonista. Colocando-a em uma verdadeira disputa de atenção entre os irmãos.
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Os personagens construídos na trama são tudo, menos convencionais. Austin apesar de a todo momento competir com a irmã, foge completamente dos padrões heteronormativos, demonstrando-se sempre sensível e divertido, principalmente em uma cena que insiste em protagonizar uma personagem feminina em uma peça que estão ensaiando. Lavínia (Anne Baryshnikov), sua irmã, é peculiar e está a procura de um pretendente, obcecada pelo seu gato e não possui voz em sua casa, sempre sendo ofuscada pelas peripécias de Emily.
“Dickinson” não é uma série convencional e muito menos uma história de amor arrebatadora entre duas melhores amigas, mas possui seu charme, chama atenção por suas passagens fantasiosas e por se tratar de uma adaptação da vida da grande poetisa Emily Dickinson. E ainda, não deixa de contar a realidade das mulheres daquela época, em que deveriam ser donas de casa, obedecer o homem ou estarem dispostas a terem filhos, como também fala sobre as restrições que os negros tinham.