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FLIPOP 2021 | Resumo da mesa Be Gay Do Crimes Whatever You Want

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No segundo dia (23) da FLIPOP – Festival de Literatura POP, que, assim como ano passado, acontece online, na mesa “Be Gay Do Crimes Whatever You Want” o tema principal foi a representatividade LGBTQIA+ em histórias para além dos clichês românticos, mas também sobre reivindicar espaços em diversos tipos de narrativas, mesmo os clichês.

A mesa foi composta por Brenda Bernsau, escritora e autora de “Shophia, Alexia e o mundo além daqui”, “Meninas a respeito do amor” e “No cosmo, assim como no coração”; Eric Novello, escritor, tradutor, editor, copidesque e roteirista brasileiro, e autor de “Exorcismos, amores e uma dose de blue”, “Ninguém nasce herói”, “Neon azul” e “A sombra no sol”; Giu Domingues, escritora e marketeira, autora de “Luzes do norte” e “Sombras do sul” que está para ser lançado; e Clara Alves, que foi a mediadora da conversa, e é escritora e revisionista freelancer, autora de “Conectadas” e dos contos “Loucuras de Carnaval”, “A profecia da sereia” e “Princesa da magia”.

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O bate-papo se iniciou com os escritores contando o porquê de começarem a escrever histórias de fantasia com personagens LGBTQIA+, e foi meio que uníssono que todos começaram a escrever histórias que gostaria de ler, mas não encontravam, e quando encontravam não se viam representados. Por isso, começaram a contar tramas que os representassem, que pudessem se identificar.

Avançando nessa conversa, conhecemos suas inspirações e o que os fez escrever fantasia, para Giu Domingues, nunca houve outra opção a não ser escrever sobre fantasia, pois suas referências sempre foram deste gênero e via nele uma maneira de falar as verdades do mundo de forma lúdica, disse que quando criança levava um livro do “O Senhor dos Anéis” para a escola, na esperança de achar um amigo que também gostasse de elfos. Para Eric Novello, ele é um escritor de fantasia, mesmo quando escreve um livro não mágico, disse que quem lhe formou como leitor foi Stephen King, e que quando se imagina outros mundos possíveis também se está ajudando a contestar a realidade, a perceber que ela não é fixa. Enquanto Brenda Bernsau, não pretende se definir em um gênero literário, mesmo amando fantasia e ficção científica, gosta de escrever outras coisas e explorar outras áreas, tem como inspiração “O Senhor dos Anéis”, Brandon Sanderson, e ama “Alice no país das maravilhas”, e lhe encanta a possibilidade de usar a magia para falar dos problemas do mundo, explorando metáforas.

Discutiu-se também sobre a frustração de não achar histórias, e principalmente narrativas de fantasias, com bons personagens LGBTQIA+, e o que os motivou a escrever histórias com elementos fantásticos, ou se em algum momento consideraram clichês românticos. Brenda conta que foi muito espontâneo, que por ser uma pessoa queer, viver essa realidade, consumir conteúdo e desejar se ver nos personagens que ama, mas nunca poder por ser sempre uma história hétero, foi natural querer falar sobre isso, criar personagens, casais e mundos que possa consumir e se ver representada. Mas também entende que sua escrita tem um teor político e de representatividade. Assim também comentou Eric, dizendo que sempre que assiste séries como “Hannibal” ou “Mindhunter” imagina como seria se os personagens principais fossem gays, não só os vilões, por isso acredita que escrever essas histórias se trata de reivindicar lugares, se vê representado e saber que pode estar naquele lugar.

Outro assunto que surgiu no bate-papo foi o crescimento da literatura LGBTQIA+ no mercado e como a literatura mágica pode reimaginar o mundo com outros valores, assim como retratar personagens queer em histórias que vão além do clássico. A respeito do assunto Eric acredita que não se tinha nos últimos anos um grande momento literário, e como o mercado precisava ser alimentado abriu-se espaço para narrativas queer, e afirmou também que tem cuidado quando escreve sobre pessoas LGBTQIA+ e violência, tem a cautela de não reduzir esses personagens às histórias de violência vivida, assim como escreveu tramas que não havia preconceito, e que ser queer não era uma questão, era apenas quem se é. Nesse sentido também falou Giu, dizendo que, para ela, a homofobia não era um conflito a ser explorado, o que abre espaço para se contar histórias de pessoas queer que vão além de ser queer.

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Para Brenda a comunidade LGBTQIA+ ficou traumatizada com narrativas que exploravam os traumas de pessoas LGBTQIA+, que glamourizavam isto e o preconceito, por isso a necessidade de romper com tal situação, e contar novas tramas com outras vivências, outras questões que também são parte de ser queer. Acredita também que a ficção científica oferece um espaço para se explorar questões como preconceito, podendo mostrar outros lados a respeito disso, e que é importante falar sobre, afinal ainda existe, mas a literatura pode explorar outros campos, sendo essencial romper com a glamourização do sofrimento da pessoa LGBTQIA+, a banalização da dor e com quem ganha com isso. Finalizou dizendo que acha que o mercado de produção LGBTQIA+ tem crescido como reflexo da sociedade, que esse espaço foi conquistado através de muita luta por ele.

Um assunto importante abordado foi a importância do mercado independente para a diversificação de histórias queer. Brenda iniciou dizendo que o mercado independente é essencial, que geralmente é o local em que pessoas LGBTQIA+ tem a chance de se manifestar, por isso tendem a trazer narrativas mais concretas, mais reais, que trazem mais os apelos da comunidade, também afirmou que o meio mainstream tende a explorar o crescimento da comunidade LGBTQIA+, muitas vezes trazendo representação que não se deseja e que o meio independente tende a trazer representatividade sem estereótipos. Eric completou dizendo que o meio independente é importante para o crescimento do escritor, que não tem a pressão de se enquadrar em uma gaveta porque isso está vendendo, que seria o mais próximo da arte, porque é possível expressar aquilo que o aflige. E Giu contou que tentou vender o “Luzes do norte” no mercado tradicional e não conseguiu, pois segunde eles, não tinha espaço para fantasia no Brasil, também disse que no mercado tradicional há espaço para determinados tipos de pessoa queer, enquanto no meio independente se pode representar diferentes corpos LGBTQIA+ e diferentes tipos de LGBTQIA+.

Falou-se rapidamente sobre como a pandemia os afetou, e todos afirmaram que esse período causou muita ansiedade e que tiveram que lidar com sua saúde mental, o que dificultou sua escrita. Giu afirmou que ter que lidar com todos os sentimentos causados por esse momento foi difícil, mas acabou gerando arte. Enquanto Brenda fez questão de pontuar que saúde mental alterada não gera artista, e que isso é um mito. Já Eric nos contou que precisou procurar ajuda para voltar a produzir, mas que a arte foi o único meio de se manter conectado a assuntos saudáveis.

Duas perguntas da plateia geraram questões interessantes, a primeira foi sobre a falta de referências da cultura brasileira na literatura fantástica. Para Giu o importante é escrever histórias autênticas, mas que também deve questionar as suas referências, se são todas eurocêntricas, e é necessário consumir literatura nacional. Eric concordou e Brenda completou comentando que se escreve o que se tem a oferecer, e que é preciso ter cuidado com o lugar em que está e em relação ao que está sendo dito quando se expõe culturas, e disse que existem produções interessantes com referências culturais brasileiras como o afrofuturismo e o sertãopunk.

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A segunda pergunta foi sobre a problemática de criar personagens LGBTQIA+ com desvio de caráter ou estar apenas alimentando os estereótipos. Todos concordaram que faz parte criar esse tipo de personagem, porque idealizar pessoas queer também as coloca um caráter que não é humano, pois colocar em um pedestal também é desumanizar, por isso é preciso mostrá-los em todos os papeis, mas tomar cuidado para não reduzí-los a estereótipos.

Por fim, Giu Domingues contou que, em 2022, serão lançados os livros “Luzes do norte” e depois “Sombras do Sul”, pela editora Galera Record.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

Pro Mundo (Out!) | Um pouco sobre Ilana Prates de “Um Lugar ao Sol”

Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

Review | Heartstopper – Primeira Temporada

A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando

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