A palavra “lésbica” vem do latim “lesbius” e se referia originalmente aos habitantes da ilha de Lesbos, na Grécia. Neste local vivia a poetisa Safo, que relatava em seus poemas histórias de amor entre mulheres. Por conta disso, o relacionamento entre mulheres passou a ser denominado safismo, ou lesbianidade.
Em meados do séc. XIX, os médicos escritores tentavam estabelecer meios de identificar a homossexualidade masculina, algo que era considerado um problema social grave por boa parte do mundo ocidental, ao contrário da homossexualidade feminina que, em alguns casos, foi tida até mesmo como inexistente. Alguns estudiosos na época acreditavam que esse “problema” poderia ser facilmente resolvido se a mulher encontrasse um bom marido para constituir uma família.
Para os sexólogos da época, as lésbicas eram mulheres que não aderiam ao comportamento “padrão” do gênero feminino e as designaram como doentes mentais, algo que perdurou até 1991, quando tal denominação foi revertida pela Organização Mundial de Saúde. Atualmente, sabe-se que nem todas as mulheres homossexuais vivem de acordo com o estereótipo popular criado em torno da ideia de que elas querem se tornar homens. Ainda há muito a ser feito, claro, mas as mulheres LGBTQ+ possuem um espaço cada vez maior de fala e de representação em diversos setores, inclusive na mídia.
Um dos problemas, conduto, é a falta do uso da palavra “lésbica” em algumas atrações audiovisuais. É extremamente comum vermos em séries e filmes mulheres que se relacionam exclusivamente com outras mulheres utilizando da palavra ”gay” para identificar a sua sexualidade. Talvez isso seja causado pelo grande tabu e todo o estereótipo que a palavra em si carrega. Utilizar o termo “gay” para se identificar é algo que soa mais “leve” aos ouvidos desacostumados, e isso não deveria ser assim.
Utilizamos da mídia e da representatividade que ela nos apresenta para nos espelharmos, para nos identificarmos, para sabermos onde que a gente se encaixa no mundo, e mulheres lésbicas devem ser ensinadas a não temer o termo que as define. Por algum tempo depois que me assumi, eu mesma não dizia as pessoas que era lésbica e não suportava ser chamada de sapatão, pois no fundo acreditava que de alguma maneira essas palavras eram ofensas a mim e pior ainda, que poderia incomodar os outros.
Somente depois que amadureci e percebi o poder que há por trás do que eu sou, do que mulheres como eu representam, foi que parei de medir minhas palavras por medo de sair da minha zona de conforto. Devemos parar de nos reprimir até mesmo quando achamos que não estamos. Espero que a mídia mude esse cenário e faça com que as suas personagens digam o que são, para que nós aqui do outro lado possamos aprender a não ter medo de dizer o mesmo.