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A ausência da letra L nas webséries

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A maneira de consumir produtos audiovisuais mudou ao longo do tempo, as webséries, por exemplo, são uma das formas que foge do modelo tradicional, com episódios publicados em plataformas online e que o público pode decidir quando e onde assistir – inclusive, por vezes os projetos são auxiliados financeiramente pelos espectadores. Essas produções normalmente são realizadas de forma independente, o que se torna um fator positivo, pois não estão vinculadas aos grandes veículos e não precisam seguir algumas regras para conseguir serem aceitas pelo público do canal. Por isso, tem uma maior liberdade na produção, podendo construir histórias que abrangem um maior público, o qual não consegue se enxergar em outros produtos audiovisuais.

LesB Saúde | Saúde mental de mulheres lésbicas

Embora as personagens lésbicas tenham ganhado maior representatividade nos últimos anos dentro das webséries e produções no geral, a discussão deve ir além, é necessário falar sobre o não uso da palavra para definir as personagens. É comum ver o uso de palavra “gay”, por exemplo, para definir mulheres que se relacionam exclusivamente com outras mulheres, o nome “lésbica” é evitado a todo custo, são utilizados outros para substituir. O que pode passar uma ideia de uma tentativa de apagamento lésbico no audiovisual, elas estão sendo retratadas nas produções, mas, ao mesmo tempo, sendo invisibilizadas ou escondidas. Apesar de muitas usarem a palavra na sinopse para explicar o contexto da série, não é o que acontece no decorrer da história. Com isso, a sexualidade da personagem é deixada para ser subentendida pelos espectadores, são deixadas “pistas” ao longo do roteiro que indica como elas se auto identificam.

Isso não quer dizer que os personagens devem obrigatoriamente se definirem logo de cara, ser colocados “caixinhas” rapidamente. Trata-se de reconhecer que mulheres lésbicas foram ensinadas desde o princípio a se esconderem, a terem medo de se auto definirem e sua sexualidade vista como errada. No que diz respeito às webséries, as personagens não dizem com tanta frequência o que são, o que pode dificultar na identificação dos espectadores com a trama. Quando no elenco tem pessoas com características similares ao público, gera um sentimento de que elas estão sendo representadas, estão próximas a história contada. Ao definir-se como lésbica, as personagens conseguirão ensinar outras mulheres, que, por vezes, ficam com receio de se auto afirmar, a não ter medo de ser quem são, perceber que sua sexualidade é tão normal como qualquer outra.

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Sabe-se que as produções audiovisuais são responsáveis muitas vezes por esse reconhecimento e aceitação do público LGBTQIA+. É por meio do entretenimento que muitos se identificam, se desconstroem, percebem o quão normal é sua sexualidade. Com as webséries não é diferente, por estar normalmente em plataformas mais acessíveis, como YouTube ou Vimeo, conseguem alcançar um público muito grande. Contar histórias de mulheres lésbicas, que tem orgulho de si, que não tem medo e vergonha de dizerem quem são, é muito importante para que outras mulheres se inspirem e não tenham medo também, e entender que está tudo bem ser quem é. Acompanhar produções desse gênero é como se sentir abraçada e acolhida por saber que possui outras pessoas assim como você, ver que é possível ter orgulho de si.

Carol Souto é capixaba, estudante de jornalismo e viciada em ficções seriadas. Assiste um pouco de tudo, mas o que ela não dispensa é um bom drama.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

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Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

Review | Heartstopper – Primeira Temporada

A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando

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