Vencedor do César de Melhor Primeiro Filme, “Nós Duas” é o primeiro longa-metragem fictício assinado por Filippo Meneghetti, e conta a história de duas aposentadas chamadas Nina Dorn (Barbara Sukowa) e Madeleine Girard (Martine Chevallier) que vivem um relacionamento secreto por anos. Devido um evento inesperado, a filha de Madeleine começa aos poucos a descobrir sobre o casal.
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Como uma verdadeira produção francesa deve ser, aqui nos deparamos com um slow burn de dar gosto em qualquer um que goste do estilo lento de se contar uma história. O roteiro é escrito pelo próprio Filippo juntamente a Malysone Bovorasmy (“Nina”) com a colaboração de Florence Vignon (“Mademoiselle Chambon”). Em um trabalho uníssono entre direção, roteiro e atuação, o telespectador é conduzido ao que parece ser um bairro calmo de alguma cidade da França e ali conhece as protagonistas, o casal Nina e Madeleine.
À primeira vista, apesar do desconhecimento dos filhos sobre o relacionamento, a dupla de aposentadas vive bem, felizes. Inclusive, é válido frisar aqui o momento em que elas dançam sua música juntas, fazendo o telespectador se sentir parte deste instante, como se estivesse ali pessoalmente. Elas têm o plano de viverem em Roma, que é interrompido devido ao evento que deixa Madeleine impossibilitada de tomar suas próprias decisões. A partir disso, é desencadeada uma montanha russa de emoções.
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Como uma melodia melancólica provocando sensações de remorso, tristeza, angústia, desespero, amor; o público vive, devido ao trabalho singular das atrizes, tudo o que Nina e Madeleine sentem. Os detalhes são minuciosamente trabalhados, desde a escolha de cores até os sons de fundo. É praticamente impossível não viver o longa-metragem, não perder o fôlego e torcer por um final onde tudo dará certo
Ademais, “Nós Duas” faz o espectador ansiar por um romance como o de Nina e Madeleine, um amor capaz de encarar todo e qualquer obstáculo que a vida lhe impõe, um amor onde desistir não é uma opção. A atuação é crível, a química de Bavorasmy e Chambon é quase palpável, provocando até o questionamento se aquele casal realmente não existiu em algum momento.
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Como dito anteriormente, é um trabalho em uníssono entre direção, roteiro, atuação e arte, fazendo com que o telespectador até esqueça de duas cenas sem explicação ou conexão direta com o longa, como por exemplo a primeira das duas crianças brincando e o momento em que Nina tem um pesadelo no que parece ser aquele mesmo local. Faltou ali uma ligação com a história, mas a produção é tão boa em construir essa narrativa que mescla o romance e o suspense, até mesmo dando umas pitadas do humor francês, que o público passa uma borracha nessas duas partes.
A representatividade está presente durante todo o filme, é fácil para uma mulher LGBTQIA+, e sinceramente, qualquer pessoa em um relacionamento onde não existe conhecimento por parte de terceiros, se identificar com toda a produção. “Nós Duas” deixa o público ao ponto de roer as unhas e mostra como o amor é capaz de a tudo vencer.