[Este texto contém spoilers]
Se você, assim como eu, tinha o costume de passar suas manhãs vidrada na frente da televisão assistindo a finada TV Globinho, provavelmente se lembra de “Avatar – A Lenda de Aang” e da jornada de um menininho careca com uma seta azul na cabeça e seus amigos que tinham a habilidade de dominar (ou dobrar, como era dito na série) os elementos da natureza. Mas o que nem todo mundo sabe, é que a Nickelodeon produziu entre 2012 e 2014 uma sequência para essa animação e que essa nova saga nos proporcionou a primeira protagonista oficialmente LGBTQ+ em uma desenho ocidental voltado para o público infantil!
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“The Legend of Korra” se passa 70 anos depois do desenho original e acompanha a jornada da Avatar seguinte a Aang. Korra é uma adolescente badass, impulsiva e de personalidade forte, mas também dona de um coração enorme e extremamente dedicada a ser a melhor Avatar possível. Para quem não sabe, Avatar é o único ser capaz de dominar todos os 4 elementos e tem como obrigação manter a paz e trazer o equilíbrio ao nosso mundo. Para isto, Korra, que já tem o domínio do fogo, água e terra, foge para Cidade República, que é meio que a capital do mundo, onde dominadores e não dominadores tentam coexistir em harmonia, para completar o seu treinamento e aprender a dominar o último elemento que falta, o ar.
A partir daí, vemos uma história dinâmica e com muita ação se desenvolver em meio a conflitos políticos e ideológicos que, sendo honesta, me fazem questionar se o uso da expressão “público infantil” ali em cima faz jus a complexidade da trama da série. Durante quatro temporadas vemos uma Korra ingênua por ter sido criada em um campo de treinamento isolada do resto da sociedade, amadurecer muito como Avatar e principalmente como pessoa, sua jornada cheia de altos e baixos é talvez o ponto mais alto da produção, juntamente com a diversidade entre seus personagens e a profundidade de seus vilões.
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Falando em diversidade, você provavelmente está pensando: “Ok cool, mas cadê a parte da representatividade LGBTQ+ que você disse ali em cima?” Então, esta é a parte do spoiler, continuem por sua conta.
Que Avatar já era um exemplo de representatividade desde a saga original não é novidade, talvez por isso ver Korra se revelar bissexual ao se interessar por uma outra mulher, mesmo depois de já ter se relacionado com um personagem masculino anteriormente, tenha sido a cereja do bolo de uma franquia que já tinha nos proporcionado personagens femininas fortíssimas, pessoas de diferentes raças e até com algum tipo de deficiência, provando assim a coragem e dedicação dos criadores Bryan Konietzko e Mike DiMartino à aquela que provavelmente é considerada uma das produções animadas mais subversivas da nossa geração.
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Infelizmente temos que lembrar que a série ainda é um produto Nickelodeon e por isso a sexualidade das personagens é representada de forma bem sutil, e aos 48 minutos do segundo tempo. Mas garanto que o final foi capaz de surpreender e emocionar fãs em todo mundo, e é daqueles que te deixa de coração quentinho de felicidade.
A boa notícia é que se você quiser saber mais do que rolou com elas (e com o resto da cidade) depois da season finale, a editora Dark Horse lançou uma sequência da história em quadrinhos onde eles tem liberdade de ser um pouquinho mais explícitos (mas é só um pouquinho, gente, se aquietem rs). A saga intitulada “Legend of Korra: Turf Wars” já tem duas edições lançadas e a terceira parte sai no dia 22 de Agosto. Eu não sei vocês mas eu já estou #Hyped.