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Resenha | Última parada – um romance que ultrapassa as barreiras do tempo

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Ficha Técnica
Livro: Última parada
Autora: Casey McQuiston
Editora: Seguinte
Número de Páginas: 400
Ano de Lançamento: 2022


“August,
August August August.
August é uma hora, um lugar e uma pessoa.”

O romance “Última parada” foi primeiramente lançado aos assinantes da TAG Inéditos, em outubro do ano passado, e este ano foi publicado pela Editora Seguinte. O livro é escrito pela autora Casey McQuiston, cujo seu primeiro romance, “Vermelho, Branco e Sangue Azul”, é um best-seller mundial.

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A história acompanha a vida de August Landry, uma jovem bissexual de 23 anos, que passou a maior parte da sua existência mudando de uma cidade para outra, sempre em busca do seu tio desaparecido, ao lado da mãe, que está obcecada em encontrá-lo. Além disso, ela é adepta do minimalismo, devido a uma catástrofe que lhe fez perder tudo quando era mais jovem, então, decidiu viver com pouco para nunca mais ter que lamentar uma perda.

August, que sempre foi cética sobre tudo, decide se mudar para Nova York para concluir a faculdade longe das excentricidades da mãe. Assim, ela vai morar em um apartamento no Brooklyn com Niko, um barman com habilidades paranormais; Myla, uma artista com grandes conhecimentos científicos; Wes, um tatuador de hábitos noturnos, e Noodles, um lindo poodle bagunceiro. Com o incentivo dos seus novos amigos, começa a trabalhar em um restaurante para auxiliar nas contas.

No caminho para seu primeiro dia de aula na universidade, August derrama o café em sua camisa e mesmo assim decide seguir com sua roupa toda suja. No metrô, ela conhece Jane, uma garota simpática e encantadora de jaqueta de couro e jeans rasgado, que lhe empresta um cachecol para esconder a tragédia. Assim, conhecemos as personagens principais de “Última parada”, a Garota do Café e a Garota do Metrô.

À medida que as duas passam a se encontrar constantemente no metrô, elas começam a se envolver rapidamente e descobrem um pequeno detalhe: Jane, na verdade, pertence aos anos 1970 e está perdida no tempo há mais de 40 anos, e mais especificamente, presa na linha Q do metrô de Nova York, e ela só foi perceber que isso estava acontecendo no momento que viu August pela primeira vez.

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“Última parada” apresenta a história de duas garotas que tem o romance fadado ao fracasso, afinal, Jane está presa em um tempo que não é seu e August está determinada a ajudá-la a voltar para os anos 1970, para que ela possa voltar a viver novamente. Dessa forma, August tem que retornar a tudo aquilo que sempre desprezou e fugiu por causa da mãe: utilizar das suas habilidades de detetive que havia deixado no passado, enquanto Jane sempre está na expectativa de um futuro incerto.

A proposta da Casey McQuiston no livro é realmente interessante se levar em consideração que ela mescla ficção científica e romance, entretanto, os problemas começam já no início da leitura quando, por muitas vezes, a narrativa se torna cansativa e um tanto prolixa. A ideia da viagem no tempo é muito atraente, mas não é bem explorada e no fim da história, quando se espera respostas e não são bem explicadas, fica um gosto amargo na boca, já que não existe uma explicação convincente.

Por outro lado, mesmo que a ideia da ficção seja deixada de lado, a história de Jane é realmente encantadora. Ela é lésbica, descolada e militante, quando nos anos 1970, lutava pelos direitos LGBTQIA+ e pela igualdade social. Descendente de chineses e sempre acompanhada de roupas masculinas, ela já esteve em muitos lugares e já se envolveu com muitas mulheres ao longo dos seus 24 anos, porém nunca se manteve fixa em um lugar ou pessoa até ficar presa na linha Q.

A verdade é que a história de Jane é muito mais interessante que a de August. Jane é o ponto condutor do livro e chama mais atenção com todas as suas dúvidas quanto ao tempo e suas frases engraçadas, enquanto August parece ser apagada e sem graça. Casey McQuiston constrói os personagens de forma exemplar, e talvez o problema seja que ela fez isso tão bem, que os personagens secundários acabaram se tornando mais envolventes que a própria personagem principal.

Um ponto a destacar de “Última parada” são as relações que a autora faz sobre as diferenças entre as duas épocas citadas na história e como houve uma evolução quanto as diferenças sociais e preconceitos lgbtfóbicos. Além disso, como citado acima, os personagens secundários, Niko, Myla, Wes e tantos outros, roubam as cenas inúmeras vezes e deixam um gostinho de quero mais. Seria incrível um livro inteiro sobre os três se aventurando em Nova York, da mesma forma, que seria um verdadeiro presente ter uma obra apenas focada em Jane nos anos 1970.

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De modo geral, o livro traz uma grande representatividade e um romance fofo entre duas garotas, mesmo que, às vezes, seja cansativo já que a maior parte da interação das duas (senão todas) é no metrô. É uma leitura para apreciar os pequenos detalhes e não o todo, mas que deixará o coração quentinho de qualquer forma. August e Jane são um ótimo casal, porém não são perfeitas e, infelizmente, não me conquistaram tanto assim. Talvez, esse livro te encante mais do que a mim.


Obs.: livro cedido pelo Grupo Companhia das Letras para resenha.


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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

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Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

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A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando

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