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Entrevista com Anna Bagunceira sobre os novos projetos, público LGBTQ+ e muito mais

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Anna Júlia, mais conhecida como Anna Bagunceira, tem 23 anos e começou a carreira na música com 15. A jovem gaúcha participou do The Voice Brasil, em 2017, e hoje tem mais de 140 mil inscritos em seu canal no youtube. Em 2016, ela lançou seu primeiro EP oficial, intitulado #Abrakadabra”, que conta com cinco músicas de sua autoria e mais tarde, um single, a música “Terminal”.

No momento, Anna está em processo de produção do seu novo EP, que promete trazer músicas com temática LGBTQ+ e também participará de alguns programas do canal Everybody’s Channel, que tem estreia prevista para dezembro deste ano.

A Karolen Passos teve a oportunidade de conversar um pouco com a youtuber sobre os novos projetos, o público LGBTQ+ e até mesmo qual seu ship favorito. Confira:

Karolen Passos: O que você pode nos contar sobre o novo EP que será lançado ainda este ano?
Anna Bagunceira: O EP será lançado aos poucos, vou lançar as músicas separadamente, pois quero trabalhar muito em cada uma tanto na parte da produção quanto do lançamento. Pela primeira vez estou fazendo um trabalho com toda minha essência, sem medos, julgamentos, simplesmente cantando sobre o que vivi e compartilhei durante minha vida. Relacionamentos, a crush da escola, a paixão platônica, enfim, finalmente achei meu espaço para ser aceita como sou e tudo isso tem sido possível graças aos bagunceiros. Hoje a Anna Júlia cantora não é nada sem a Anna Bagunceira. Sou extrovertida, espalhafatosa, trouxa por camren e lésbica. Então, é isso que os bagunceiros vão ter, a Anna Júlia por inteiro, mais conhecida como Anna Bagunceira.

KP: Você se inspira em algum (s) artista (s) para produzir sua música?
AB: Inspiro-me em vários artistas não só na questão da música, mas na questão profissional em si, como Anitta, por exemplo, que é uma grande empresária. Artistas internacionais como Bruno Mars e Charlie Puth me trazem muita inspiração na parte de composição e produção musical. Britney Spears é minha musa de infância e consequentemente o motivo de ter escolhido essa profissão, ela com certeza foi quem fez com que eu me apaixonasse pelo meio artístico. Ela fez meus olhos brilharem quando eu tinha 6/7 aninhos, vendo aquelas performances, danças, músicas e até mesmo filmes que participou. Hayley Kiyoko também se tornou uma artista que me inspira muito, mesmo estando no mercado musical recentemente. Ela é uma artista completa que se arriscou no mundo pop sendo quem é e conta sobre as dificuldades de ser aceita quando não se é padrão de garota no mundo POP, feito para agradar os pré-requisitos de uma sociedade machista. Ela chegou sendo quem é, cantando o que é e sobre quem gosta. Hoje, graças à internet, ela não depende de engravatados ou pessoas presas no século passado que se prendem a padrões extremamente preconceituosos como pré-requisitos para emplacar no mundo POP. E é ela que fez com que eu acreditasse muito no meu trabalho que será lançado nos próximos meses.

KP: Você disse que pretende trazer mais representatividade para o ramo musical compondo mais músicas para garotas. Poderemos ver isso já no EP que será lançado este ano? Pode nos dar algum sneak peek?
AB: Vou cantar sobre minha vida, as letras estão compartilhando com o público as minhas experiências. E sou lésbica. Qualquer pessoa vai poder se identificar com as minhas músicas, assim como me identifico com uma música do Bruno Mars, da Taylor Swift, enfim, de qualquer artista. Música é uma linguagem mundial, independente se você é gay ou hétero. E é isso que vou fazer. Compor, cantar sobre o que sinto, sobre paixão da escola, sobre ser trouxa por alguém, coisas que todo mundo se identifica. E eu, assim como muitas pessoas, gosto de mulher, então, é isso que você vai ver nas músicas e nos clipes.

KP: Você esperava essa recepção do público LGBTQ+ quando começou seu canal no youtube?
AB: Nem imaginava que ia ter essa recepção. Afinal, eu sempre tive um certo medo pois antes do Youtube, os meus shows tinham muitas crianças, em torno de 8/9 anos. Então sentia uma responsabilidade muito grande sobre o tipo de conteúdo que produzia e principalmente como os pais dessas crianças se sentiam em relação ao conteúdo que levava. Afinal, a gente sabe que grande parte da geração mais velha tem MUITO preconceito, e as vezes exclui o conteúdo de um influencer, por mais que os filhos gostem, simplesmente porque acham que a sexualidade vai influenciar negativamente na vida de uma criança. O que não havia me dado conta ainda é que a nova geração não se importa se você é gay ou hétero, eles gostam de você pelo que você é e ponto final. Então me surpreendeu muito ver que, além de ter tido receptividade do público LGBT na internet, essas mesmas crianças, hoje com 12/13 anos, continuam me acompanhando, adorando meu trabalho e mostraram para os pais que conteúdo e caráter independem de sexualidade. É, com certeza, a conquista da minha vida. Tinha um medo muito grande e meus pais também, ainda mais quando começaram a ver minha exposição no Youtube. Mas, de fato, não esperávamos ver tantos bagunceiros acompanhando o meu trabalho independente de qualquer coisa. Hoje existem bagunceiros de 8, 9, 10 anos, adolescentes de 15 até os 23 e tem muitos bagunceiros pais! Isso não tem preço. Eu amo o que essa geração nos trouxe, um amor, um carinho, uma liberdade e uma compreensão sem limites.

KP: E quer dizer que a grama do vizinho é mais verde? (Sobre seu último vídeo a respeito dos casais das novelas argentinas).
AB: Infelizmente, no Brasil, existe um tabu muito grande em relação ao beijo gay na grande mídia. Assistimos seriados, novelas, clipes no exterior em que existe a mesma naturalidade de um beijo hétero num beijo gay. Aqui ainda existe um tabu muito grande e quando a grande mídia expõe algo relacionado a homossexualidade, existe um interesse de audiência maior que a representatividade. Isso causa a diferença, o preconceito, pois não é tratado como algo natural. A maneira que é colocado na mídia aqui no Brasil tem o principal intuito de “causar”, fazendo com que quem tem preconceito, tenha mais ainda. Falta representar a homossexualidade com naturalidade, não como o personagem gay da novela que está ali para ter mais audiência e causar polêmica. Falta trazer isso para o meio POP tanto da área musical quanto da área da TV. A minha intenção é fazer com que um clipe da Taylor Swift, se fosse feito para uma menina, não faria a menor diferença. Fazer um funk de uma mulher para uma mulher com a mesma naturalidade que um homem faz para uma mulher e vice-versa. Eu quero que isso seja um detalhe, não o foco principal. Quero fazer minha música, quero que acompanhem meu trabalho e que levem minha sexualidade como algo natural, assim como vários seriados e telenovelas no exterior tratam isso com naturalidade, diferente do que se vê no Brasil, onde um simples selinho é motivo de protesto nacional, muitas vezes.

KP: O que você pode nos contar sobre sua participação no canal Everybody’s Channel? O que devemos esperar?
AB: O canal EBC tem o intuito de proporcionar conteúdo para todos os públicos, independente de sexo, sexualidade, gênero, cor, raça, enfim. Como o próprio nome já diz, é o canal de todo mundo. Vou participar de alguns programas como convidada e estarei no festival de lançamento previsto para dezembro. O que vocês podem esperar são programas cheios de novidades e o principal, qualquer sexualidade será tratada com naturalidade, sem tabus, sem polêmicas. Vai ter beijo hétero, gay, indiferentemente. Acredito que será um dos únicos canais no Brasil que vai trazer de fato a diversidade como representatividade e não como algo em busca de polemica e audiência desesperada. Por isso estou ansiosa para o lançamento e de todas as novidades que virão com ele.

KP: Agora um perguntas e respostas rápidas:

  • Cantora favorita? Britney Spears e Hayley Kiyoko (não consigo escolher uma *risos*).
  • Música favorita? Aí tu acaba comigo, mas vamos de Stronger (Britney).
  • Ship favorito? Camren, dã *risos*
  • Personagem de série favorito? Alison, “Pretty Little Liars”
  • Série favorita? “Pretty Little Liars”
  • Filme favorito? (TODOS FILMES DA MARVEL MEU BEM) – menos “Quarteto Fantástico” *risos*
  • Emison ou WayHaught? Acaba comigo de novo né, mas vou de Emison pelo fato de ter tido o final mais lindo do mundo.

Para conseguir produzir o novo EP, Anna abriu um financiamento coletivo que, sendo alcançada a meta, permitirá que ela produza as três primeiras músicas e um clipe. Portanto, para contribuir é só acessar aqui. E você pode conferir os vídeos da youtuber clicando aqui.

Karolen Passos é a co-criadora do LesB Out!. Jornalista, marketeira, mestranda sofredora e crítica há mais de dez anos, ela já escreveu para diversos sites. Fã de séries desde Gilmore Girls, a carioca têm mais de 50 títulos interminados na grade atual de séries e uma coleção crescente de quadrinhos (será se já leu tudo?). Hoje mora na Bahia e é mãe de três gatos: Bruce Wayne, o BAT-CAT, Alex Karev, o hiperativo e Meredith Grey, a antissocial.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

ANNE+: O Filme e o relacionamento de Anne e Sara em uma nova fase

“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

Pro Mundo (Out!) | Um pouco sobre Ilana Prates de “Um Lugar ao Sol”

Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

Review | Heartstopper – Primeira Temporada

A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando