Inspirada na vida da ex-editora-chefe da revista Cosmopolitan, Joanna Coles, a série norte-americana “The Bold Type”, criada por Sarah Watson (“The Middleman”) e exibida pelo canal Freeform, começou com o pé direito em sua estreia em junho de 2017 contendo dez episódios na primeira temporada. Em outubro do mesmo ano, o canal encomendou mais duas temporadas também com dez capítulos cada, e a segunda estreou no dia 12 deste mês.
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A trama se passa em Nova York e acompanha as experiências de vida de três amigas: Jane Sloan (Katie Stevens), Kat Edison (Aisha Dee) e Sutton Brady (Meghann Fahy) que trabalham sob o comando da editora-chefe da Scarlet Magazine, Jacqueline Carlyle (Melora Hardin). Divertida, antenada e com alguns momentos dramáticos, a produção apresenta e demonstra cuidado com temas sociais relevantes como feminismo, imigração, etnia, religião, orientação sexual, política, etc. Além da incrível amizade e companheirismo entre as personagens principais, a série também surpreende com a figura de Jacqueline, que não tem nada de Miranda Priestly (personagem de Meryl Streep em “O Diabo Veste Prada”), e é uma chefe firme, mas que sabe ouvir, incentivar, proteger e tirar o melhor de seus funcionários e, principalmente, das três jovens.
A personagem de Dee, Kat, impressiona por diversos motivos: aos 20 e poucos anos é diretora do departamento de mídias sociais da revista. Determinada, questionadora, confiante, se impõe muito bem diante os desafios de sua profissão e deixa a impressão de ser uma mulher perfeitamente confortável com sua vida, tanto profissional quanto pessoal. Isso muda um pouquinho ao conhecer Adena El-Amin (Nikohl Boosheri).
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Adena é definitivamente uma das personagens mais interessantes da produção: uma fotógrafa talentosa, provocativa, muçulmana e declaradamente lésbica. Elas se conhecem logo no episódio piloto da série quando a muçulmana proíbe que um artigo sobre seu trabalho seja publicado em uma revista que ela considera antifeminista e Kat se esforça para convencê-la do contrário.
Também no primeiro capítulo, as duas protagonizam uma cena muito importante da série, onde Kat questiona Adena sobre o uso do hijab, por achar que o “acessório” seja um pouco contraditório. A fotógrafa responde que o hijab não a oprime, pelo contrário, a liberta das expectativas da sociedade de como uma mulher deve ser. Esse curto momento entre as duas apresenta uma outra visão sobre a fé islâmica que não estamos tão acostumados a ver, uma vez que a personagem fala sobre o poder da escolha, mostrando-se forte e orgulhosa de sua religião. Além disso, com este fato a série começa a desenvolver uma relação entre as duas, permitindo que a social media questione e explore sua sexualidade durante o restante da temporada.
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No segundo episódio da série ela (Kat) tem um sonho com Adena e entra em um conflito sobre sua sexualidade e seus sentimentos reais pela muçulmana, marcando o início de uma pequena montanha-russa de emoções com o casal. Ao longo da temporada as personagens enfrentam alguns desafios como a política de imigração dos Estados Unidos, preconceito e intolerância religiosa, medo de compromissos, sentimentos, etc.
Apesar de alguns altos e baixos, é possível perceber durante os dez episódios iniciais que Adena desperta em Kat uma sensação de coragem para tomar decisões inesperadas e arriscadas fora de sua zona de conforto. É nesse sentido que o relacionamento delas se desenvolve até o último minuto da primeira parte da série.
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Ainda que a produção tenha um caminho pela frente para aprofundar na questão da orientação sexual de Kat, vendo que a primeira temporada deixa um pouco a desejar neste quesito, é interessante a maneira natural como as amigas de Kat, Jane e Sutton, lidam com o fato de que ela está apaixonada por outra mulher, sendo esse o ponto forte de “The Bold Type”: a amizade, companheirismo, apoio e confiança entre as três protagonistas.