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Resenha | Os 27 crushes de Molly – quando a representatividade se torna parte da história

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Ficha Técnica
Livro: Os 27 crushes da Molly
Autor: Becky Albertalli
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 336
Ano de Lançamento: 2017


Depois de seu primeiro livro, “Simon Vs. a Agenda Homo Sapiens” (ou “Com Amor, Simon”, após o lançamento do filme), Becky Albertalli se manteve no mundo de Simon para escrever mais duas obras (até agora), “Leah fora de sintonia” (2018) e “Os 27 crushes de Molly” (2017). Enquanto o primeiro se passa bem próximo da história de Simon, sendo a protagonista a melhor amiga dele, Leah, o primeiro já se afasta um pouco, mas continua interligado, contando a história de Molly, prima da amiga de Simon, Abby.

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Apesar deste certo distanciamento, a história segue o mesmo padrão dos outros livros, contando a história de uma adolescente que tem uma vida simples e “normal” e lida com problemas da adolescência. Isso não torna a história menos interessante, apenas faz que a identificação com os personagens aconteça muito mais, um grande mérito da autora, que consegue prender o leitor com sua forma de escrita e encaixar muito bem os detalhes para que você queira chegar até o final o mais rápido possível (e então sofrer que acabou).

Mas agora mais sobre a história: Molly é uma menina de 17 anos, que vive com suas mães, Nadine e Patty, e seus irmãos, Cassie, irmã gêmea, e Xavier, um bebê; além disso as melhores amigas de Molly e Cassie são Olívia e Abby, essa que se mudou para Boston seis meses atrás. Continuando sua vida normal, nas férias de verão, Molly arranja um emprego como vendedora, e faz um amigo lá, Reid, um dos poucos garotos que ela não se sente intimidada ao conversar. Assim, o grande problema de Molly se liga exatamente aos garotos. 

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Como dito no título, Molly já teve 27 crushes, todos garotos (o que pessoalmente acho um desperdício, poderiam ter algumas garotas nesta lista) que ela já teve algum contato, mas nunca realmente teve nenhum tipo de relacionamento com nenhum, nunca beijou nenhum deles (nem ninguém), e nem nunca levou um fora. Isso é um problema para a protagonista pois a mesma acha que é um problema ter 17 anos e nunca ter tido nada com nenhum garoto, enquanto sua irmãs e amigas já até transaram. Isto leva para o outro ponto que Molly considera um problema, o fato dela não ser o “tipo” dos garotos por ser gorda. Quanto a isso, a abordagem da autora, que em todos os livros fala sobre personagens gordos e a visão deles quanto a sua forma física, é muito importante, pois a personagem principal não vê problema algum em ser gorda, ela é assim, apenas tem problema com como os outros a tratam por causa disso, principalmente os garotos e sua avó, que sempre fala sobre como a neta deveria emagrecer e seria linda.

Além disso, novas situações, que podem ser problemáticas surgem, Cassie, arranjando a sua primeira namorada, e não sendo mais tão próxima da irmã, e Molly notando que as situações mudam e que crescer nem sempre é algo legal.

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E mesmo com toda a história muito bem escrita e divertida, ponto sempre muito importante, o que torna o livro ainda mais legal é a representatividade, algo que Becky Albertalli sempre se importa muito. Além de toda a questão de body positivity, existe a presença de personagens negros importantes, como uma das mães de Molly, Cassie e a prima Abby, que traz junto a discussão de que tem pessoas que dizem que elas não são da mesma família por terem cor de pele diferente, e a presença de personagens LGBTQIA+. As histórias destes últimos citados são trazidas com ainda mais importância e sempre de forma extremamente natural, com personagens em diferentes momentos da vida como Cassie, uma jovem lésbica em seu primeiro relacionamento, e Patty e Nadine, às fantásticas mães da protagonista, uma bissexual e outra lésbica, que conseguem finalmente se casar após mais de 20 anos juntas, por finalmente ocorrer a aprovação do casamento gay pela Suprema Corte nos EUA em 2015.

Com tudo isso, Becky Albertalli consegue trazer outro livro divertido e leve, com temas muito relevantes de forma simples e necessária, e com personagens fáceis de se identificar apenas vivendo as suas vidas.

Carol Moreno é estudante de psicologia, bissexual e do interior de São Paulo. Ama todos os filmes, séries e webseries com personagens LGBTQ+, espera um dia conseguir assistir tudo que coloca na sua listinha.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

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Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

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A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando

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