Ficha Técnica
Livro: Romance real
Autora: Clara Alves
Editora: Seguinte
Número de Páginas: 265
Ano de Lançamento: 2022
“Eu sentia que aquela garota era meu bote salva-vidas em meio à tempestade dentro de mim. E eu me agarraria a ela como se minha vida dependesse disso.”
Clara Alves me conquistou com o seu romance best-seller “Conectadas”, lançado em 2019. Este ano, a autora retornou com mais uma obra, chamada “Romance real”, em que é apresentada como um “conto de fadas moderno sobre perdas e segundas chances”.
O livro conta a história de Dayana, uma adolescente que precisa deixar sua cidade natal (Rio de Janeiro) para morar com seu pai que a abandonou quando ainda era uma criança. Muita apegada aos seus avós e de luto pela perda da mãe, apesar de ter o sonho de conhecer as terras inglesas e ser muito fã do One Direction, se mudar para a Inglaterra não estava em seus planos.
Com a certeza de que está vivendo seu maior pesadelo, Dayana se vê presa a um pai por quem guarda um rancor gigantesco, a uma madrasta com voz irritante de tão alegre e uma irmã postiça (Georgia) por quem não tem apego algum. Entretanto, o que ela não imaginava era que, ao sair para visitar o país, logo nos seus primeiros dias, iria se esbarrar com uma ruiva charmosa fugindo às pressas do Palácio de Buckingham.
A ruiva, na verdade, é uma adolescente chamada Diana. Ela é rebelde, descolada e encantadora; mora com sua mãe e assim como Dayana (para além dos nomes que possuem o mesmo som rs), ambas possuem problemas familiares e Diana nunca conheceu o seu pai.
Resenha | Última parada – um romance que ultrapassa as barreiras do tempo
Diana e Dayana começam a se encontrar e conforme o tempo passa, as duas se aproximam e se ajudam com suas questões emocionais, o que as fazem se apaixonarem uma pela outra. Mas o que torna o relacionamento instável é a certeza que Dayana tem que sua crush está escondendo algo importante da sua vida relacionada à família real.
A narrativa, que se ambienta em um mundo fictício, possui várias referências a nobreza britânica e a cada início de capítulo possui um trecho de uma música da banda favorita da Dayana. Além de que, a autora apresenta uma personagem negra, gorda e bissexual como principal e Diana como pansexual, e Georgia parece não caber nos padrões heterossexuais.
Clara Alves aborda muitos temas relevantes na trama, porém, infelizmente acaba se “afogando” com tanto conteúdo. “Romance real” passa uma mensagem importante ao incentivar o leitor, principalmente juvenil, a procurar ajuda quando necessário e aprender a se abrir mais, contudo, o acúmulo de sentimentos ao longo da história torna a experiência rasa em muitos sentidos.
O luto e o abandono parental são temas que mais têm destaque na narrativa, e este assunto é retratado de forma natural e admirável. Entretanto, a gordofobia, doenças crônicas e saída do armário foram temas deixados em segundo plano, e que poderiam terem sido mais bem explorados ou até mesmo, no caso da doença crônica, ser totalmente descartada. Apesar de ser um tópico extremamente importante, caberia melhor em uma outra história (Georgia, inclusive, merecia um livro só para ela).
Resenha | Sua Alteza Real – uma história clichê para aquecer o coração
“Romance real” está mais para “drama na real”, de tanto que a personagem principal é intragável. Ela é debochada, egoísta e grosseira. Apesar de muitas vezes ser compreensível sua revolta, por outro lado, se torna cansativo as inúmeras vezes em que ela é desnecessária (no sentido de indelicada e grossa mesmo) em algumas situações. Isso torna o livro prolixo, pois a sensação que fica é que não existe evolução da personagem, ao não ser nas últimas páginas da história. É difícil criar empatia com Dayana e seus problemas familiares, pois quando você começa a gostar dela, o livro termina.
Mesmo que a trama tenha problemas, a autora consegue apresentar um livro agradável e de leitura rápida. Diferente de “Conectadas”, que tem uma narrativa mais lenta, em “Romance real”, Clara Alves mostra que sabe escrever histórias que prende o leitor desde o início; e isso, ela faz perfeitamente bem. A narração pela perspectiva da Dayana, contra todas as possibilidades, segura a atenção e as personagens secundárias (Georgia e Diana) conquistam e deixam um gostinho de quero mais.
De modo geral, a obra traz uma representatividade absurda, debates importantíssimos sobre família, abandono parental e luto, porém peca na construção do casal. O romance em si é meia boca, já que a maior parte da história se passa com Dayana tentando resolver seus problemas, então, caso deseje ler o livro, te dou duas dicas: não leia acreditando que vai encontrar um conto de fadas moderno, porque o romance é bem mínimo, e só aposte na leitura caso você ame histórias de drama, principalmente familiares (assim como eu).
Ps: a narrativa se assemelha a histórias como “Vermelho, branco e sangue azul” de Casey McQuiston, e “Sua alteza real” de Rachel Hawkins.
Obs.: livro cedido pelo Grupo Companhia das Letras para resenha.
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