A identidade bissexual é cercada de questões específicas dentro da população LGBTQIA+, e infelizmente ainda hoje é encarada com estigma e preconceito. Invisibilizados e apresentados até mesmo nas diferentes mídias como confusos ou promíscuos, a discussão sobre a saúde mental desta população se torna ainda mais importante. Desta forma, esse texto se propõe a discutir a temática de saúde mental para mulheres bissexuais.
Pro Mundo (Out!) | Kat Edison – uma trajetória definida pela palavra descobertas
Entender-se bissexual é um processo de descoberta importante e muitas vezes difícil, dificultada pela heteronormatividade da sociedade em que nos encontramos, que nos leva a pensar que o “normal” seria a atração pelo gênero oposto, e se isso ocorre, por qual motivo deveríamos lidar com a parte de nós que também sente atração por outros gêneros diferentes do meu? Assim, nos é ensinado a nos manter dentro do padrão, para nos encaixarmos melhor, e para podermos seguir o padrão esperado, mantendo inclusive a nossa segurança, e só assim seria possível ser feliz. Essa visão imposta, por mais que cercada de “boas intenções”, é extremamente prejudicial, culpabilizando aqueles que saem dos padrões e levando sofrimento a eles, sem oferecer um apoio real.
Outra situação que leva sofrimento às pessoas bissexuais são os questionamentos constantes à sua sexualidade. Já ouvimos muito a frase “você só está confuso” ou “isso é só uma fase” que invalidam a bissexualidade e a apresentam como uma fase de transição para outra sexualidade, ou então que seria apenas uma pessoa que não sabe o que quer. Por mais que a visão de que a sexualidade é algo fluido, e não cravado e sem possibilidade de mudanças, achar que a bissexualidade é algo inexistente apenas demonstra preconceitos de como é difícil lidar com pessoas que não são iguais a você, e de como é difícil lidar com o pensamento de que as pessoas podem se sentir atraídos por você e pessoas parecidas com você, mas também por pessoas diferentes, e que os sentimentos deles continuam sendo válidos.
Harley Quinn – queda, ascensão e liberdade
Assim, se conviver em um mundo de oposições que brigam entre si é difícil, viver sendo uma pessoa invalidada por todos os lados é ainda pior, e traz diversos tipos de sofrimento, além dos já presentes no cotidiano geral das pessoas. A busca por se entender e se sentir melhor é complicada e constante, e pode ocorrer de diversas formas, como se cercando de pessoas que te aceitam e te entendem, buscando ambientes de maior aceitação entre outras possibilidades. Uma indicação sempre importante é a busca por terapia, que pode ajudar na busca por autoconhecimento e por lidar com situações desconfortáveis. É claro, por mais importante que a indicação seja, não podemos esquecer que, infelizmente, não é porque uma pessoa é profissional da psicologia que ela seja adequada a lidar e a entender o que se passa, no entanto, mesmo com profissionais inadequados e sem conhecimento técnico ou até mesmo empatia existindo, os bons profissionais também existem, e podem ser encontrados – e profissionais com valores mais acessíveis também.
Por fim, o que devemos lembrar é de que a bissexualidade é uma orientação sexual tão válida quanto qualquer outra, e as mulheres bissexuais merecem ser vistas e respeitadas, tanto dentro como fora da comunidade LGBTQIA+, proporcionando assim um maior apoio para a sua saúde, tanto física quanto mental.