“Valentina”, filme de 2020, aborda a história de uma adolescente transgênero que precisa mudar para uma cidadezinha onde sua mãe conseguiu passar para um concurso. Márcia (Guta Stresser), mãe de Valentina (Thiessa Woinbackk), faz o papel de mãe e pai e demonstra que está pronta para qualquer enfrentamento em nome da filha.
Ao se mudarem para esta nova cidade, o primeiro desafio se torna conseguir uma vaga na escola que, apesar de conseguir aceitar a matrícula da garota com o nome social, exige a assinatura de ambos os pais para a matrícula ser completada. E como o pai de Valentina é ausente, as duas não sabem o que fazer.
Outro desafio é que, ao se mudarem, tinham uma casa “prometida”, entretanto, por conta de um problema, acabam tendo que ir morar na casa da senhoria, em um quarto com todas as coisas para as duas.
Valentina é enviada para recuperação na escola, pois estava já há um tempo sem estudar. Ela logo interage com os jovens que estão na mesma situação que ela e ajuda com as matérias, logo faz amizade com Júlio, um garoto gay com dificuldade em química, e Amanda (Letícia Franco), uma jovem hacker que está grávida.
Apesar de criar amizades, Valentina é um pouco distante dos amigos. A identidade dela é algo que é oculto para as pessoas e quando ela é alvo de transfobia em um grupo da escola, ela e sua mãe se desesperam. Para se protegerem, de alguma forma, elas se mudam para a casa do namorado de Márcia, Alfredo. Após passar por uma situação de estupro, em uma festa, Valentina fala para seus amigos tudo o que aconteceu. Ela também recebe muito apoio por parte da mãe e chegam a denunciar o ocorrido, mas como a cidade é pequena, as pessoas ficam sabendo e Valentina começa a receber ameaças e retaliações.
O longa-metragem, apesar de mostrar todo o desenrolar de situações tensas, é muito importante por retratar o apoio e o amor que a protagonista recebe da família, amigos e até mesmo da antiga senhoria. “Valentina” foi o longa-metragem de estreia do diretor Cássio Pereira dos Santos (“A Menina-Espantalho”) e no ano de 2020 foi indicado a Melhor Filme no Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade.
França, 25 anos, fã incondicional de Grey’s Anatomy. Mora em SP mas ama viajar. Viciada em livros de fantasia e romances policiais, espera um dia poder ter tempo de colocar a suas leituras e séries em dia.
Se você curte um bom reality de relacionamentos com tensão, emoção e muita visibilidade sáfica, “O Ultimato: Queer Love” é aquele tipo de programa que prende do começo ao fim. A produção acompanha cinco casais formados por mulheres (e pessoas não-binárias) vivendo um ultimato: casar ou terminar de vez.
A proposta é simples, mas o impacto emocional é intenso. Uma das pessoas do casal está pronta para o casamento; a outra, cheia de dúvidas. Para testar o relacionamento, cada participante passa três semanas vivendo com uma nova “esposa” escolhida entre as outras participantes e, depois, mais três semanas com sua parceira original. No final da experiência, as participantes só têm três opções: sair noiva da parceira original, sair noiva da parceira experimental ou sair solteira. O resultado? Um caldeirão de ciúmes, descobertas, conflitos e muitas conversas sinceras sobre amor, liberdade e futuro.
Mais do que um reality de pegação ou intrigas, “O Ultimato: Queer Love” chama atenção por dar protagonismo a narrativas que raramente vemos nesse formato. São mulheres lésbicas/bissexuais e pessoas não-binárias sendo vulneráveis na frente das câmeras, questionando o que realmente esperam de um relacionamento e quais são os limites do amor. É uma montanha-russa emocional, com casais pelos quais você torce, outros que você quer ver bem longe e momentos que vão fazer você pausar só pra respirar.
A representatividade importa e aqui, ela é entregue sem filtros. Entre discussões sobre monogamia, maternidade, identidade de gênero e traumas do passado, o programa joga luz em questões profundas e reais do universo LGBTQIA+. Ao mesmo tempo, não deixa de oferecer os elementos que tornam um reality irresistível: tretas memoráveis, reviravoltas, mulheres com ações duvidosas e decisões que nos deixam em choque até o último episódio.
Com uma estética moderna, trilha sonora certeira e edição viciante, o reality é o tipo de entretenimento que nos diverte, mas também nos faz pensar. Assim como também é uma chance de se identificar, refletir e ver outras formas de amar ganharem espaço. Se você é fã de Casamento às Cegas ou Tampa Baes, esse reality tem tudo para te conquistar.
A produção está disponível na Netflix e possui duas temporadas.
Em meio a um mar de séries médicas, “Hospital New Amsterdam: Toda Vida Importa” se destaca por sua abordagem humanista e crítica ao sistema de saúde. Inspirada no livro Doze Pacientes: Vida e Morte no Hospital Bellevue, a produção acompanha o idealista Dr. Max Goodwin (Ryan Eggold) em sua missão de reformar um dos hospitais públicos mais antigos dos EUA, enfrentando burocracias e priorizando o cuidado ao paciente.
A série não apenas entrega casos médicos emocionantes, mas também mergulha nas complexidades pessoais de seus personagens. Um destaque é a Dra. Lauren Bloom (Janet Montgomery), chefe do departamento de emergência.
Lauren é chefe do setor de emergência e, desde os primeiros episódios, se destaca pela competência e pela intensidade com que vive cada aspecto da vida. Ao longo da série, ela enfrenta o vício em medicamentos (iniciado na adolescência com a prescrição de remédios para TDAH), uma luta silenciosa que muitas vezes passa despercebida em ambientes médicos. “Hospital New Amsterdam” trata do tema com sensibilidade e profundidade, mostrando como o vício afeta não apenas o desempenho profissional, mas também os relacionamentos e a percepção de si mesma.
É justamente nesse contexto que conhecemos Leyla Shinwari (Shiva Kalaiselvan), uma médica paquistanesa determinada, inteligente e carismática. O relacionamento entre Lauren e Leyla floresce de maneira inesperada, iniciando como uma relação de apoio e evoluindo para algo mais profundo, mas também é marcado por conflitos éticos e profissionais. Leyla representa uma nova chance para Lauren, não apenas no amor, mas também na construção de uma vida mais equilibrada. No entanto, a relação é colocada à prova quando Lauren tenta ajudar Leyla a conseguir uma vaga no hospital, comprometendo a confiança entre as duas.
Com cinco temporadas, “Hospital New Amsterdam” é uma série que toca o espectador não apenas pelas emergências médicas, mas pelas histórias humanas que carrega. E Lauren Bloom é, sem dúvida, um dos grandes corações da série: imperfeita, intensa e profundamente humana. Além disso, a série aborda a bissexualidade de Lauren de maneira orgânica, sem recorrer a estereótipos. Disponível no Globoplay, é uma excelente escolha para quem busca uma série médica que vai além dos clichês e valoriza a diversidade.
Imagine um grupo de jovens americanas ricas e ousadas invadindo a alta sociedade britânica da década de 1870, desafiando convenções e corações. Essa é a premissa de “Os Bucaneiros”, série da Apple TV+ inspirada no romance inacabado de Edith Wharton.
A trama acompanha cinco amigas — Nan (Kristine Froseth), Conchita (Alisha Boe), Jinny (Imogen Waterhouse), Lizzy (Aubri Ibrag) e Mabel (Josie Totah) — que, ao chegarem a Londres, confrontam as rígidas normas sociais com sua vivacidade e espírito livre. Entre bailes e escândalos, elas descobrem que o amor e a amizade podem ser tão complexos quanto as intrigas da aristocracia.
Com figurinos deslumbrantes, uma trilha sonora moderna e personagens femininas fortes, “Os Bucaneiros” se destaca por trazer um olhar atual para um cenário de época. A série equilibra muito bem drama romântico, crítica social e momentos leves, oferecendo um ritmo envolvente que conquista tanto fãs de romances de época (como a inesquecível “Dickinson”) quanto quem busca histórias contemporâneas com representatividade e personalidade.
Um destaque é a personagem de Mabel Elmsworth, interpretada por Josie Totah, que protagoniza uma das tramas mais sensíveis e potentes da série. Ela se reconhece como uma mulher que ama outras mulheres, mas entende que, naquele contexto histórico, só será considerada “respeitável” se estiver casada com um homem. Essa consciência amarga guia suas escolhas, mesmo que a machuque profundamente. Quando conhece Honoria Marable, interpretada por Mia Threapleton, as duas vivem um romance delicado, cheio de hesitação e intensidade contida. Honoria, ao que tudo indica, só passa a compreender seus sentimentos ao se envolver com Mabel e sofre ao perceber que, para a sociedade da época, esse amor não tem espaço.
A série também aborda temas como empoderamento feminino, diferenças culturais e os conflitos entre tradição e modernidade, tudo isso embalado por uma estética deslumbrante e uma trilha sonora contemporânea que inclui artistas como Chappell Roan. Com a estreia da segunda temporada marcada para 18 de junho (quarta-feira) na Apple TV+, “Os Bucaneiros” promete continuar explorando as complexidades das relações humanas com charme e ousadia.