Com o roteiro de Richard Shepard, “The Perfection” é uma produção de 2018 da Netflix que não é nada do que aparenta ser. O diretor divide sua obra em quatro capítulos, cada um com sua própria mistura de estilos. O longa é um drama de arte, um romance LGBTQIA+, uma comédia de humor ácido, um thriller de vingança e um bom filme de terror. Há sempre alguma coisa interessante acontecendo, e a sensação de progressão é constante.
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Charlotte (Allison Williams) é uma violoncelista fantástica, e estuda numa das melhores e mais conceituadas escolas de música, mas tem o sonho interrompido quando sua mãe fica doente, fazendo com que ela retorne para casa. Ao sair da escola, acaba tendo o posto de musicista prodígio tomado por Lizzie (Logan Browning), que possui um talento similar ao dela. Após a morte da mãe e a convite de seus antigos professores, Charlotte vai à Xangai acompanhar um recrutamento de possíveis candidatas, quando conhece Lizzie e acaba se envolvendo com ela.
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Williams e Browning entregam atuações sólidas. A química entre as duas é boa, e a eletricidade ganha destaque nos minutos iniciais quando uma sequência de dueto de violoncelo é editada como se fosse uma cena de sexo — e lentamente se transforma em uma. Shepard não ousa muito nesse ponto, mas o clima de tensão sexual está presente em boa parte do filme.
Num primeiro momento, “The Perfection” dá a entender que seguirá por um caminho seguro a fim de contar mais uma história sobre competição dentro do meio musical, mas há muito mais que isso dentro de seus quatro atos, cada um mais singular que o outro. Talvez seja essa a dor e a delícia de assistir a um filme como este: ao mesmo tempo que entrega tantas particularidades dos mais diversos gêneros, a obra não consegue evitar ser atropelada justamente por tal escolha. Não que isso prejudique a imersão (pelo contrário, tal mistura só potencializa a experiência), mas ainda assim não é impossível ficar com uma sensação estranha após seu fim.
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“The Perfection” é uma mistura bizarra e ao mesmo tempo fácil de acompanhar. O drama, o romance, o suspense e o chamado “terror B” são elementos que possuem características bem diferentes, mas quando combinados de maneira equilibrada há de se esperar um resultado. A extravagância funcionou muito bem e até contribuiu para potencializar o impacto da mensagem final.
“The Perfection” é um longa-metragem atrevido, chocante e imprevisível. Não chega a ser uma trama perfeita, contudo, o diretor se esforçou bastante para chegar lá. No brasil, o filme está disponível na Netflix e vale a pena ser conferido.