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LesB Indica | Cassandra Rios: A Safo de Perdizes – documentário informativo e importante

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Hoje o LesB Out! desembarca na história de uma das maiores e (mais polêmicas) escritoras sáficas deste país. O documentário “Cassandra Rios – A Safo de Perdizes” foi dirigido por Hanna Korich no ano de 2013.

Quem foi Cassandra?

Cassandra Rios foi uma escritora que causou polêmica nos anos 1970. Em plena Ditadura Militar, ela abordava a homossexualidade em suas obras, sendo perseguida sob alegação de pornografia. Com depoimentos de amigos, familiares, leitores e colegas, o filme é uma homenagem à uma artista pioneira que mostrou a mulher como um ser sexual e ainda abriu espaço para a discussão de um tema considerado tabu.

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Ela começou a escrever aos 16 anos, escondida dos pais. Cassandra escreveu mais de quarenta romances que lidam com o tema da homossexualidade feminina. Tornou-se, em 1970, a primeira escritora brasileira a atingir a marca de um milhão de exemplares vendidos, sendo que 36 dessas obras foram censuradas durante a Ditadura Militar. Ela se tornou maldita e mais tarde, vários de seus livros foram adaptados para o cinema, fazendo muito sucesso de bilheteria.

O documentário mostra grande parte da vida da escritora, especialmente quando foi presa no Governo Vargas considerada pornográfica, e depois, presa durante a ditadura por ser homossexual. Cassandra se vestia de homem, se relacionava com mulheres. Nos depoimentos, as pessoas dizem que ela foi maltratada pelos intelectuais de direita e de esquerda, que consideravam sua linguagem de baixo nível. Em 1986, se candidatou a deputada em São Paulo, mas não se elegeu.

Cassandra em sua reta final

Cassandra Rios faleceu em São Paulo, aos 69 anos de idade, em 8 de março de 2002, na pobreza. Ela perdeu seus bens. O documentário mostra a entrevista de Cassandra no Programa do Jô, em 1990. Vários depoimentos de amigos, familiares falando da importância dessa mulher à frente de seu tempo: feminista, subversiva. O filme possui também falas de lésbicas dizendo o quanto foi importante a obra dela, pois fizeram elas entenderem que havia mulheres iguais a elas.

“Cassandra Rios – A Safo de Perdizes” toca especialmente no ponto em que a homossexualidade não era mais uma doença e sua obra de foi lida por heteros e homossexuais. O depoimento da editora Laura Bacellar é contundente, falando da importância de Cassandra para a cultura popular, que o que importa é a obra ser lida e vista, que a crítica com o tempo desaparece, o livro fica.

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O LesB Out! indica esse documentário?

Com toda certeza. O documentário “Cassandra Rios – A Safo de Perdizes” é super informativo e importante, todos os depoimentos trazidos na produção são essenciais para entendermos quem foi Cassandra escritora, mas, acima de tudo, nos mostra quem foi a Cassandra ativista pelos direitos LGBTQIA+ da época.

O documentário está disponível de graça no Youtube.

Maria Izabelly Lopes, é ex estudante de jornalismo (grande coisa) e atualmente é quase psicóloga. Viciada em Grey’s Anatomy, sabe bem o que é ser trouxa por séries. Feminista, esquerdista e sem terra de carteirinha. Recifense com muito orgulho e fã de muita coisa.

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LesB Indica | Hospital New Amsterdam – um drama médico que vale a pena conhecer

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Em meio a um mar de séries médicas, “Hospital New Amsterdam: Toda Vida Importa” se destaca por sua abordagem humanista e crítica ao sistema de saúde. Inspirada no livro Doze Pacientes: Vida e Morte no Hospital Bellevue, a produção acompanha o idealista Dr. Max Goodwin (Ryan Eggold) em sua missão de reformar um dos hospitais públicos mais antigos dos EUA, enfrentando burocracias e priorizando o cuidado ao paciente.

A série não apenas entrega casos médicos emocionantes, mas também mergulha nas complexidades pessoais de seus personagens. Um destaque é a Dra. Lauren Bloom (Janet Montgomery), chefe do departamento de emergência.

Lauren é chefe do setor de emergência e, desde os primeiros episódios, se destaca pela competência e pela intensidade com que vive cada aspecto da vida. Ao longo da série, ela enfrenta o vício em medicamentos (iniciado na adolescência com a prescrição de remédios para TDAH), uma luta silenciosa que muitas vezes passa despercebida em ambientes médicos. “Hospital New Amsterdam” trata do tema com sensibilidade e profundidade, mostrando como o vício afeta não apenas o desempenho profissional, mas também os relacionamentos e a percepção de si mesma.

LesB Indica | Os Bucaneiros – amor sáfico e rebeldia feminina em pleno século XIX

É justamente nesse contexto que conhecemos Leyla Shinwari (Shiva Kalaiselvan), uma médica paquistanesa determinada, inteligente e carismática. O relacionamento entre Lauren e Leyla floresce de maneira inesperada, iniciando como uma relação de apoio e evoluindo para algo mais profundo, mas também é marcado por conflitos éticos e profissionais. Leyla representa uma nova chance para Lauren, não apenas no amor, mas também na construção de uma vida mais equilibrada. No entanto, a relação é colocada à prova quando Lauren tenta ajudar Leyla a conseguir uma vaga no hospital, comprometendo a confiança entre as duas.

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Com cinco temporadas, “Hospital New Amsterdam” é uma série que toca o espectador não apenas pelas emergências médicas, mas pelas histórias humanas que carrega. E Lauren Bloom é, sem dúvida, um dos grandes corações da série: imperfeita, intensa e profundamente humana. Além disso, a série aborda a bissexualidade de Lauren de maneira orgânica, sem recorrer a estereótipos.  Disponível no Globoplay, é uma excelente escolha para quem busca uma série médica que vai além dos clichês e valoriza a diversidade.

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LesB Indica | Os Bucaneiros – amor sáfico e rebeldia feminina em pleno século XIX

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Imagine um grupo de jovens americanas ricas e ousadas invadindo a alta sociedade britânica da década de 1870, desafiando convenções e corações. Essa é a premissa de “Os Bucaneiros”, série da Apple TV+ inspirada no romance inacabado de Edith Wharton.

A trama acompanha cinco amigas — Nan (Kristine Froseth), Conchita (Alisha Boe), Jinny (Imogen Waterhouse), Lizzy (Aubri Ibrag) e Mabel (Josie Totah) — que, ao chegarem a Londres, confrontam as rígidas normas sociais com sua vivacidade e espírito livre. Entre bailes e escândalos, elas descobrem que o amor e a amizade podem ser tão complexos quanto as intrigas da aristocracia.

Com figurinos deslumbrantes, uma trilha sonora moderna e personagens femininas fortes, “Os Bucaneiros” se destaca por trazer um olhar atual para um cenário de época. A série equilibra muito bem drama romântico, crítica social e momentos leves, oferecendo um ritmo envolvente que conquista tanto fãs de romances de época (como a inesquecível Dickinson”) quanto quem busca histórias contemporâneas com representatividade e personalidade.

Um destaque é a personagem de Mabel Elmsworth, interpretada por Josie Totah, que protagoniza uma das tramas mais sensíveis e potentes da série. Ela se reconhece como uma mulher que ama outras mulheres, mas entende que, naquele contexto histórico, só será considerada “respeitável” se estiver casada com um homem. Essa consciência amarga guia suas escolhas, mesmo que a machuque profundamente. Quando conhece Honoria Marable, interpretada por Mia Threapleton, as duas vivem um romance delicado, cheio de hesitação e intensidade contida. Honoria, ao que tudo indica, só passa a compreender seus sentimentos ao se envolver com Mabel e sofre ao perceber que, para a sociedade da época, esse amor não tem espaço.

A série também aborda temas como empoderamento feminino, diferenças culturais e os conflitos entre tradição e modernidade, tudo isso embalado por uma estética deslumbrante e uma trilha sonora contemporânea que inclui artistas como Chappell Roan. Com a estreia da segunda temporada marcada para 18 de junho (quarta-feira) na Apple TV+, “Os Bucaneiros” promete continuar explorando as complexidades das relações humanas com charme e ousadia.

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LesB Indica | A Guerra dos Sexos – igualdade e representatividade nas quadras

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Um homem sexista que desafia uma mulher para tentar provar que é melhor? Isso poderia ser o roteiro de qualquer vídeo ou comentário da internet, mas, além disso, aconteceu de verdade e foi retratado no filme “A Guerra dos Sexos”.

O filme retrata a famosa disputa entre Bobby Riggs (Steve Carell), um tenista aposentado, e a jovem tenista Billie Jean King (Emma Stone), que aconteceu em 1973. Além disso, mostra também a luta que Billie travou para que as mulheres tenistas tivessem um pouco mais de igualdade dentro do esporte.

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Bobby, que estava aposentado, enfrentava problemas no casamento por conta do seu vício em apostas. Para recuperar algum prestígio e conseguir dinheiro, ele teve a ideia de desafiar qualquer jogadora mulher, pois queria provar que ele, mesmo aposentado e com 55 anos, poderia ser melhor do que qualquer mulher. Isso atiçou os empresários e presidentes das associações de tênis, que estavam cansados das reclamações das mulheres. Afinal, se um homem ganhasse uma disputa contra uma mulher, isso serviria como um contra-argumento desmoralizante.

Inicialmente, Billie Jean não aceitou o desafio de Bobby. Ela estava ocupada demais com os torneios femininos e, além disso, havia acabado de conhecer Marilyn (Andrea Riseborough), uma cabeleireira com quem começa a se relacionar. Billie Jean era casada com Larry King (Austin Stowell) na época, mas, por conta das viagens dos torneios, quase nunca estava com o marido. Marilyn passou a acompanhar a equipe como cabeleireira. Billie e Marilyn esconderam o relacionamento das outras tenistas e tentavam ocultar das demais pessoas. Afinal, além do casamento, ainda havia o preconceito em relação a um relacionamento entre duas mulheres.

Após algum tempo e a derrota da primeira desafiada, Bobby consegue marcar a partida contra Billie Jean. Todos os olhos se voltam para essa disputa, além da vontade de Billie de transformar esse jogo em um marco para o tênis feminino. E assim, os dois protagonizam uma das maiores partidas de tênis da história.

Desde então, Billie Jean King se tornou um ícone feminista e, na década de 90, se assumiu como uma mulher LGBTQIAP+. “A Guerra dos Sexos”, lançado em 2017, está disponível no Disney+.

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