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Cinema

America Chavez – existe esperança para a representatividade da personagem?

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No início do mês de maio, o Universo Cinematográfico da Marvel lançou sua primeira grande estreia para a fase quatro, o filme “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”. Uma produção que, por um lado trouxe personagens já muito conhecidos e amados no universo como o próprio Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) e a Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen), e por outro apresentou uma nova e importante personagem, a America Chavez (Xochitl Gomez).

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A apresentação da America trouxe grandes expectativas principalmente para o público LGBTQIA+. Sendo uma personagem conhecida pela sua forte representatividade nos quadrinhos, esperava-se que pelo menos alguma parte da sexualidade dela fosse explorada na produção, mesmo que não fosse profundamente, já que é um longa de estreia e de apresentação de America.

Infelizmente, não foi isso o que aconteceu, apesar de ter um excelente tempo de tela, conseguindo conquistar quem não a conhecia e a contemplar a parte do público que já tinha afeto pela personagem, a Marvel decidiu não explorar nenhum aspecto da sexualidade dela a não ser uma bandeira de arco-íris em seu casaco e rápidas menções sobre suas duas mães.

Quando existe a desculpa perfeita para não abordar questões LGBTQIA+

Apesar de America ter sido uma importante adição para o universo, a escolha de uma atriz adolescente, e traçar a história da personagem como uma criança, foi uma oportunidade de não precisar entrar no assunto sexualidade em momento algum.

Em uma primeira análise, se pode pensar que talvez não fosse necessário abordar esse assunto no filme “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, porém existem dois pontos a se discutir: o primeiro é que ser lésbica é parte do que faz a America Chavez ser a America Chavez.

Ela é uma personagem construída, nos quadrinhos, em mais de um pilar no que diz respeito a representatividade. Ela se orgulha muito de sua descendência latina e de sua sexualidade. Não falar ou não deixar explícito nenhum desses dois pontos fundamentais, cria uma lacuna na construção de história dela, já que é uma parte muito importante de quem a personagem é.

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Outro ponto é justamente essa discussão da não necessidade de explicitar. Deixar claro que a personagem não é heterossexual é mais do que um rótulo. No momento em que estamos vivendo, e isso não só no Brasil, marcar presença é de suma importância.

O mundo das superaventuras sempre foi extremamente problemático em relação a representatividade, seja em questão de gênero, raça ou sexualidade, e, em um momento em que a sociedade começa a impor mudanças necessárias, voltar atrás é perigoso, além de significar um retrocesso para o público, principalmente o público de mulheres LGBTQIA+, no caso da America Chavez.

Será que ainda há esperança para a America?

A resposta é simples: precisa ter. A America tem um grande percurso pela frente no Universo Cinematográfico da Marvel e juntando isso as promessas recentes feitas pelos Estúdios Disney em relação a representatividade LGBTQIA+, Chavez precisa ser desenvolvida e conhecida no cinema enquanto uma personagem lésbica. De certa forma, seria/será um momento revolucionário, pois, apesar de termos super-heroínas no cinema que são canonicamente LGBTQIA+, como a Valquíria (Tessa Thompson) na Marvel, e a Mulher-Maravilha (Lynda Carter/Gal Gadot) na DC, ainda não temos isso dito explicitamente.

Além disso, a personagem pode ser uma espécie de porta de entrada para que outras personagens sejam melhor desenvolvidas em relação a sexualidade, já que, America chegou no universo das superaventuras já conhecida como lésbica, como é uma personagem recente, ela não sofreu com a fase da censura nos quadrinhos e pôde ser desenvolvida da forma que foi escrita para ser. Dito isso, é possível que a aceitação por parte do público seja mais positiva podendo abrir um importante espaço.

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Portanto, é relevante que a discussão sobre a ocupação de espaços não seja encerrada e nem deixada para depois. São anos de universos de superaventuras construídas no cinema sem uma verdadeira representatividade, é exaustivo assistir os filmes feitos e universos inteiros sendo criados para um certo público e consequentemente excluindo outros. Então, falar de inclusão LGBTQIA+ é falar sobre ocupação e marcação de território em todos os universos existentes.


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Monica Teixeira é pedagoga e muito apaixonada pelo universo literário. Amante de séries de médico, viciada em tudo que envolve super-heróis e não perde um episódio de Legends Of Tomorrow. Ela vive na Cidade Maravilhosa, Rio de Janeiro.

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Crítica | Brenda Lee e o Palácio das Princesas – um musical bibliográfico que vale a pena

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“Brenda Lee e o Palácio das Princesas” é um musical bibliográfico que conta a história da ativista transgênero, Brenda Lee. O filme é uma peça teatral, que foi adaptada para o audiovisual, e carrega muito das duas linguagens, mesmo com muitos diálogos a narrativa, não fica cansativo, já que intercala com músicas cantadas pelas próprias atrizes.

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O longa é gravado em uma espécie de galpão, que é dividido em cenários pequenos e com poucos objetos cenográficos, brincando com a imaginação dos espectadores. O cenário onde acontecem a maioria dos momentos musicais do filme, por exemplo, é feito com uma cortina de franjas que reflete a cor das luzes que estão sendo usadas na cena e isso faz a magia dessas cenas acontecer. 

Sobre a fotografia, é interessante perceber que vemos câmera fixa nos momentos de entrevista com a Brenda Lee, remetendo a linguagem documental, já em outros, temos a câmera bem solta acompanhando o andar das personagens, principalmente nas cenas musicais. As músicas de “Brenda Lee e o Palácio das Princesas” são um espetáculo à parte, sendo muito bem interpretadas pelas atrizes e com boas composições que compõem a narrativa. 

O longa tem três diretores diferentes, Zé Henrique de Paula, como diretor geral da obra; Laerte Késsimos, como direção audiovisual; e Fernanda Maia, como direção musical. Possuir três diretores em uma mesma obra, mesmo que em áreas diferentes, é um grande desafio, mas os três trabalharam bem juntos e conseguiram imprimir todas as linguagens que se propuseram a usar.

Brenda Lee foi uma figura real e muito importante durante a pandemia de HIV/Aids aqui no Brasil, inaugurando o Palácio das Princesas, a primeira casa de acolhimento para pessoas soro positivo na década de 80. Esse filme é uma grande homenagem a sua história e luta.

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Crítica | Morte Morte Morte – terror e comédia em uma narrativa cativante e desafiadora

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“Morte Morte Morte” (“Bodies Bodies Bodies”) é um filme que mescla os gêneros de terror e comédia, provocando tensão nos espectadores e risadas genuínas. Após um período afastada de seus amigos, Sophie (Amandla Stenberg) decide que ir à festa que estão organizando durante um furacão é uma boa oportunidade para se reaproximar e entender como está sua relação com a própria família. Quando a noite cai e o tédio começa a aparecer, Sophie propõe que joguem um jogo chamado Bodies Bodies Bodies.

Dirigido pela cineasta holandesa Halina Reijn, também responsável por “Instinto” (2019), e produzido pela A24, conhecida por filmes como “Pearl” e “Midsommar” o filme conta com as atrizes Amandla Stenberg e Maria Bakalova, interpretando Bee, namorada de Sophie. Além disso, o comediante Pete Davison também participa, interpretando David, um dos amigos de Sophie.

O roteiro segue uma narrativa cíclica, acompanhando a dinâmica do jogo Bodies Bodies Bodies, no qual os personagens encontram um corpo, gritam e começam a discutir sobre quem é o assassino. Utilizando áudios do TikTok e algumas discussões triviais, mas que são extremamente importantes para os personagens, o roteiro satiriza a geração Z, trazendo o tom cômico do filme. É um roteiro simples, mas eficaz.

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Com uma fotografia intrigante que utiliza lanternas, celulares e pulseiras neon como métodos de iluminação, o filme se torna ainda mais misterioso, deixando boa parte do que é visto na tela em completa escuridão. Para além da iluminação, uma cena que chamou bastante a atenção é aquela que ocorre dentro do carro, em que a câmera fica fixa no meio dos personagens e gira para mostrar a reação de cada um diante dos acontecimentos.

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Em “Morte Morte Morte”, Sophie é lésbica. No entanto, esse não é o ponto central da personagem. Ela é lésbica, está ciente disso, tem uma namorada e se sente confortável com sua identidade. A trama de Sophie e seus problemas não têm relação direta com sua sexualidade, e é muito interessante assistir a narrativas com jovens adultas sáficas em que o foco principal da trama não seja sua autodescoberta. São narrativas que mostram que temos uma vida para além de nossa sexualidade ou identidade de gênero.

O filme está disponível na plataforma de streaming da HBO Max.

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Crítica | Crush: Amor Colorido – uma comédia romântica que aquece o coração

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“Crush: Amor Colorido” é um filme de comédia romântica adolescente com gostinho de sessão da tarde. Nele acompanhamos Paige (Rowan Blanchard), uma adolescente lésbica que está tentando entrar para uma faculdade de artes. Entre amizades, desenhos e um crush enorme na garota popular da escola, Paige é obrigada a entrar para o time de atletismo e procurar quem é o artista cheio de trocadilhos que está pintando murais pela escola e pendurando suas artes por aí. Durante essa procura, Paige não só vai encontrar o amor, mas também uma nova forma de se expressar através da arte.

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Dirigido por Sammi Cohen e estrelado por Rowan Blanchard, Auli’i Carvalho e Isabella Ferreira, a obra está cheia de clichês da adolescência que a maioria de nós vivemos, as paixões platônicas, a falta de habilidade nos flertes e muitos gay panics. O filme foi lançado em 2022 pelo streaming Hulu e aqui no Brasil está disponível no Star+

“Crush: Amor Colorido” é um filme levinho, que acontece em um mundo utópico onde não existe homofobia e nenhum tipo de preconceito. A relação da Paige com os amigos e a mãe é cheia de amor e apoio, tanto que durante a produção, o melhor amigo dela apoia que ela converse com a paixão platônica dela e até a ajuda a dar o primeiro beijo. É lindo ver que Paige tem todo o apoio e afeto vindos da mãe. A relação das duas durante a trama é bem construída e gera muitas cenas cômicas com a mãe da Paige sendo a favor de que a filha tenha uma vida sexual ativa e protegida.

Tecnicamente, o filme não tem inovações, mas sendo uma produção direcionada ao público adolescente, não é isso que estamos procurando ao escolher assisti-lo. Com uma narrativa que conversa muito com desenhos, grafites e expressões artísticas, a direção soube dosar os momentos onde essas intervenções entrariam. 

Algumas das cenas que merecem sua atenção são as de passagem de tempo, que mesmo reciclando o que já foi feito antes, tem um Q de diferente. E principalmente, a cena de investigação na primeira festa, que tem uma montagem incrível que dá um ritmo diferente ao filme e flui junto com a narrativa.

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“Crush: Amor Colorido” é leve e dá para assistir quando estiver triste, feliz, quiser companhia para o almoço ou quiser assistir a uma comédia romântica fofinha. Um filme que, após os créditos, vai deixar você com o coração quentinho.

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