Numa pequena cidade rural da França no ano de 1971, a única filha de um casal de fazendeiros idosos trabalha arduamente mantendo a produção, ajudando os pais como pode. Delphine Benchiessa (Izïa Higelin) se mostra resistente diante a insistência do pai, Maurice Benchiessa (Jean-Henri Compère), de que deve se casar para que o marido tome dela a responsabilidade e o trabalho pesado na fazenda. A resistência à declaração incômoda fica ainda mais compreensível quando a jovem se encontra com a mulher com quem estava namorando em segredo, que então termina com ela para se casar com um homem do vilarejo, alegando que a relação entre as duas não foi nada sério.
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Seja pelo coração partido, seja pela exaustão emocional de viver sua vida inteira na mesma rotina sufocante, seja pela sensação de iminência do seu casamento indesejado com seu amigo de infância Antoine (Kévin Azaïs): razões não faltam para Delphine sentir que precisa de uma mudança em sua vida. E foi exatamente o que fez ao se mudar para Paris.
No filme “La Belle Saison“, ou “A Bela Estação” (2015) dirigido por Catherine Corsini, vencedor de um prêmio Locarno International Film Festival e um Lumiere Awards, Delphine se encontra pela primeira vez vivendo no ambiente urbano, mas apesar da total mudança, não demora muito para que a moça encontre seu lugar na cidade luz ao conhecer um grupo de mulheres feministas que protestam principalmente pelo acesso a anticoncepcionais, pela descriminalização do aborto, contra o assédio sexual, entre outros (inclusive contra a internação forçada de homossexuais em hospitais psiquiátricos, numa cena de cortar o coração onde as mulheres invadem uma dessas instituições para libertar o amigo de uma delas).
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Delphine se mostra extremamente fascinada pela liberdade que a luta proporciona, e ainda mais apaixonada por Carole (Cécile De France), uma professora de espanhol integrante do grupo, que apesar de casada e nunca ter se interessado por outra mulher antes, corresponde aos sentimentos de Delphine intensamente. Apesar da história ter começado no ambiente rural, é no borbulhante ambiente urbano que as duas vivem os seus momentos mais idílicos e felizes juntas.
Algum tempo depois, Maurice adoece, o que faz Delphine escolher voltar para a fazenda, uma vez que ela e a mãe agora são as únicas aptas a continuar o trabalho pesado. Assim como em “Serving Face“, a família da protagonista é extremamente conservadora e a pressão para que Delphine se case nunca antes foi tão grande. Quando Carole chega à propriedade dos Benchiessa como uma amiga que a fazendeira conheceu em Paris, é muito bem recebida e acolhida calorosamente por sua mãe Monique Benchiessa (Noémie Lvovsky). Receptividade que dura somente até o momento que descobre que Carole e Delphine são amantes.
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Portanto, o interessante do longa é o paralelo que se faz entre o período em que estavam em Paris, onde Delphine desejava arduamente o afeto de Carole, e o período que estavam no campo quando a situação se inverte, uma vez que Carole demonstra estar cansada de se esconder. “A Bela Estação” além de ilustrar como a luta feminista ocorria na França durante a década de 70, quais eram as suas pautas e como elas dialogavam com outros movimentos sociais e questões relevantes da época, também deixa claro que é crucial manter-se sempre verdadeiro e sincero consigo mesmo antes de qualquer coisa, pois assim é possível buscar forças para se manter firme ao fazer escolhas que nos levem à felicidade.