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Review | A Maldição da Mansão Bly – terror emocional que merece sua atenção

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“Disse que é uma história de fantasmas. Não é. É uma história de amor.”

Seguindo o padrão de sua antecessora, “A Maldição da Residência Hill” (“The Haunting of Hill House”), apesar de ser uma série de terror, “A Maldição da Mansão Bly” (“The Haunting of Bly Manor”) é mais emocional do que aterrorizadora.

Contêm spoilers

Narrada pela personagem de Carla Gugino, que se propõe a contar uma história de horror em uma comemoração pré-casamento, em 2007, a série se passa em 1987, sendo um grande flashback, que conta com outras voltas no tempo para dar contexto as situações e personagens que nos são apresentados, outra característica semelhante à produção de 2018.

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Baseada no clássico inglês “A volta do parafuso”, de Henry James, a história gira em torno de Dani Clayton (Victoria Pedretti), uma au-pair estadunidense que está há alguns meses na Inglaterra e é contratada para cuidar de dois órfãos, Miles (Benjamin Evan Ainsworth) e Flora (Amelie Bea Smith).

Logo no começo, podemos observar a atmosfera caótica de Bly. Quando Dani chega à mansão, é recebida por um pequeno discurso do chefe Owen (Rahul Kohli) sobre como a cidade parece um grande poço gravitacional, prendendo as pessoas dentro dela. Conforme o tempo vai passando, percebemos estranhezas no comportamento das crianças, principalmente de Miles, e da governanta, Hannah Groose (T’nia Miller), o que nos faz questionar o que realmente está acontecendo naquele lugar.

Apesar da aparição de vultos e pessoas, que podem ou não ser fantasmas, e elementos típicos do horror, como ligações mudas e uma casa de boneca exatamente igual a mansão, em um primeiro momento não fica muito claro o que se passa com a casa e seus moradores. Além disso, em sua primeira aparição, podemos ver um vulto atrás de Dani, que a persegue em seu reflexo, deixando a situação ainda mais confusa.

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Ao decorrer da trama, que por sua vez se mostra muitas vezes poética com seus diálogos e narração, entendemos que o foco no desenvolvimento das personagens e seus estados mentais é mais importante que qualquer fantasma apresentado para o entendimento da história.

Mesmo com um desenvolvimento lento, com episódios longos e confusos no meio e final da temporada, que possuem a maior parte dos elementos da maldição da casa e o que se passa dentro dela, Mike Flanagan nos entrega uma série envolvente e emocionante. Se sua intenção era se assustar, você irá se decepcionar, mas em troca receberá uma linda história sobre relações humanas, amor e medo de ser esquecido.

Além disso, o diretor e criador transforma um clássico do século 19 em uma narrativa cheia de representatividade. Com um casal sáfico como o principal e personagens afrodescendentes e sul-asiáticos, Flanagan não cria, em nenhum momento, um caso ao redor disso, sendo só mais uma característica dos mesmos.

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E, ao falar do casal Dani e Jamie (Amelia Eve), não dá para ignorar o desenvolvimento cuidadoso de sua relação. Sem nada apressado, é possível notar o interesse de ambas aumentar conforme as jovens se conhecem melhor, e como essa aproximação ajuda as duas a enfrentarem seus próprios demônios. Com cenas delicadas e sem nenhum tipo de sexualização, o que pode ou não ser graças as escritoras lésbicas que escreveram os dois episódios principais do par, as mulheres possuem uma relação de cumplicidade pouco vista nas séries mainstream.

No mais, o grande elemento do terror está nas atuações, sendo muito mais importante que qualquer cenário ou criatura. Pedretti, como principal, consegue passar todas as emoções de Dani, e dos outros personagens enquanto esses contam suas histórias, com um simples olhar. O resto do elenco, não muito atrás dela, fazem um trabalho brilhante e igualmente relevante ao se tratar de passar o que estão sentindo para o público, sendo uma verdadeira batalha para decidir quem rouba a cena.

“A Maldição da Mansão Bly” está disponível na Netflix.

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Crítica | Por Trás da Inocência – longa-metragem com potencial não explorado

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“Por Trás da Inocência” é um filme de 2021 que conta a história de Mary Morrison (Kristin Davis), uma famosa escritora de suspense, se preparando para embarcar em uma nova obra, a autora decide contratar uma babá para ajudar nos cuidados com as crianças.

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No entanto, a trama sinistra do livro começa a se misturar com a realidade. Mary seria vítima de uma perigosa intrusa, ou estaria imaginando as ameaças? Conforme o livro da escritora se desenvolve, a vida dos familiares é colocada em risco.

Quando assistimos a candidata a babá Grace (Greer Grammer) entrar pela porta, ela faz uma cara de psicopata à câmera. Clássico. E em uma de suas primeiras frases, a garota comportada até demais afirma: “Eu sou um pouco obsessiva”. E é neste momento que já conseguimos pensar no que vem pela frente.

O que mais incomoda nessa personagem é que ela foi fetichizada desde o início de “Por Trás da Inocência”. Ela parece ser constantemente usada para justificar a “nova” atração de Mary por mulheres, que até então nunca tinha acontecido. É como se Mary tivesse sido privada de todos os seus desejos e somente com a chegada dela tudo emergisse.

Soa familiar para vocês?

LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

A diretora e roteirista Anna Elizabeth James tem a mão leve para a condução das cenas. Talvez ela tema que suas simbologias não sejam claras o bastante, ou duvide da capacidade de compreensão do espectador. De qualquer modo, ressalta suas intenções ao limite do absurdo: o erotismo entre as duas mulheres se confirma por uma sucessão vertiginosa de fusões, sobreposições, câmeras lentas e imagens deslizando por todos os lados, sem saber onde parar.

A escritora bebe uísque e fuma charutos o dia inteiro (é preciso colocar um objeto fálico na boca, claro), enquanto a funcionária mostra os seios, segura facas de maneira sensual e acidentalmente entra no quarto da patroa sem bater na porta. “Por trás da inocência” se torna um herdeiro direto da estética soft porn da televisão aberta por suas simplicidades e exageros. Ou seja, típico filme feito para agradar homens.

Este é o clássico filme sáfico que poderia ser muito bom, mas foi apenas mediano. Infelizmente, o longa só nos mostra mais uma vez o quanto ainda temos um longo caminho pela frente nessa indústria.

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“Por trás da inocência” está disponível para assistir na Netflix.

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LesB Cast | Temporada 2 Episódio 02 – The Wilds e teorias para a segunda temporada

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Fala LesBiCats, o LesB Cast está de volta com um novo episódio. Desta vez, vamos conversar sobre a série do Prime Video “The Wilds”, que retorna dia 6 de maio, o desenvolvimento das personagens ao longo da primeira temporada e PRINCIPALMENTE, o que esperamos do segundo ano da produção. Estão preparadas para nossas teorias?

Nesta edição contamos com a presença da nossa apresentadora Grasielly Sousa, nossa editora-chefe Karolen Passos, nossa diretora de arte Bruna Fentanes e nossa colaboradora França Louise. E aí, vamos conversar sobre “The Wilds”?

Se você gostar do nosso podcast, quiser fazer uma pergunta ou sugerir uma pauta, envie-nos uma DM em nossas redes sociais ou um e-mail para podcast@lesbout.com.br 😉

Créditos:

Lembrando que nosso podcast pode ser escutado nas principais plataformas como: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts.

Espero que gostem. Até a próxima!

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LesB Saúde | A descoberta tardia da sexualidade

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Com a evolução de se ter a cultura sáfica (sáfica aqui carrega o sentido de mulheres que se relacionam com outras mulheres) sendo representada em produções artísticas e na mídia como livros, filmes e séries, se observarmos bem, nesses espaços o tema, na maioria das vezes, vem sendo abordado com a descoberta da sexualidade durante a adolescência. E sim, é importante ter essas produções voltadas para a identificação do público juvenil, entretanto, também se faz importante discutir sobre as possibilidades dessa descoberta em outras fases da vida, esse texto tem a intenção de refletir sobre isso.

Diante das outras possibilidades da descoberta, podemos usar como exemplo o recente casal Gabilana (Gabriela e Ilana) que vem sendo bastante falado; as personagens são interpretadas por Natália Lage e Mariana Lima na novela “Um Lugar ao Sol”, da Rede Globo. Casal esse que conseguiu ficar junto na trama só depois de 20 anos após se conhecerem, depois dos desencontros da vida. Durante o desenvolvimento da história das duas podemos perceber como elas lidaram com a heterossexualidade compulsória, o medo do julgamento e de se permitirem vivenciar quem são de verdade.

Pro Mundo (Out!) | Um pouco sobre Ilana Prates de “Um Lugar ao Sol”

Devemos considerar também que, para além de toda a invisibilidade percebida na mídia, o nosso dia a dia também faz parte desse processo de reconhecimento. Estamos atentas para conhecermos e conversarmos com mulheres que vivem essa realidade depois de certa idade, sendo esta uma idade que a sociedade julga como “errada” para descobrir a sua sexualidade. Portanto, o que essas mulheres sentem depois que percebem que estão nessa situação?

A experiência de mulheres que passam por essa descoberta “tardia” não envolve só a descoberta em si, mas devemos olhar também para outras complexidades que vêm com isso, como o sentimento de invalidação da sua sexualidade, além do possível sofrimento causado depois de anos experienciando o que as impedem de viver plenamente o que sentem.

Review | Heartstopper – Primeira Temporada

A representação da mídia traz aqui um papel importante, já que provavelmente mulheres dessas vivências passam pelo questionamento “não existem pessoas como eu?” e indagações semelhantes. A sensação de reconhecimento, além da troca com outras mulheres que passam pelo mesmo, pode importar e fazer a diferença na vida de quem é atravessada por essas questões.

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Bombando

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