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Literatura

Resenha | Natali e sua vontade idiota de agradar todo mundo – uma história sobre autoconhecimento

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Ficha Técnica
Livro: Natali e sua vontade idiota de agradar todo mundo
Autora: Thalita Rebouças
Editora: Rocco
Número de Páginas: 256
Ano de Lançamento: 2022


“Natali e sua vontade idiota de agradar todo mundo” é o novo lançamento da Thalita Rebouças, publicado pela Editora Rocco. A autora é conhecida, principalmente, pelas suas obras voltadas para o público adolescente e por meio da Editora Arqueiro, publicou a série Confissões, em que apresentou seus primeiros personagens principais LGBTQIA+. Desta vez, ela estreia com seu primeiro livro com personagem sáfica.

A história acompanha Natali, adolescente que nasceu no dia 25 de dezembro, e todo ano ensaia contar para sua família que gosta de meninas. Ela tem uma família grande e totalmente “bagunçada”, como a mesma gosta de dizer. Então, quando, aos seus 15 anos, ela vê todos reunidos para a ceia natalina, decide que vai desabafar tudo, entretanto, nada sai como o planejado e ela resolve adiar novamente.

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“Natali e sua vontade idiota de agradar todo mundo” apresenta um estilo próprio de Thalita Rebouças, uma narrativa cheia de referências à cultura pop, gírias brasileiras e seu humor incontestável. A autora exibe uma família “bagunçada”, com muitas brigas e também momentos de conforto, ao mesmo tempo em que explora o dilema da personagem principal em sair do armário para essa mesma família, que muitas vezes solta comentários conservadores em reuniões.

Assim como todas as suas obras, o livro é muito mais que a narrativa de uma adolescente que quer assumir a sexualidade para sua família, é sobre amadurecimento, relacionamentos tóxicos, amizade, família, maternidade compulsória, e principalmente, a infinita vontade de agradar. Natali, por muitas vezes, deixa de olhar para si mesma no intuito de agradar a sua família, a sua mãe e a sua amiga. Desta forma, no decorrer da trama, com a ajuda do seu terapeuta, Renato, ela aprende a lidar com as suas inseguranças, os seus sentimentos e as suas expectativas.

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A grande virada da história de Natali acontece quando ela finalmente percebe que não precisa criar o momento perfeito para contar as pessoas que confia a sua sexualidade. Da mesma forma que não precisa ser um evento e que a sua família não tem necessidade de saber todos juntos e na mesma hora. Ela pode respeitar a jornada e contar quando estiver confortável para isso, não importa se a primeira pessoa a saber seja uma pessoa aleatória no metrô ou a melhor amiga de anos. Além disso, o livro mostra que nem todos a sua volta vão te aceitar de forma natural e que tudo bem, o que importa é ter apoio nesses momentos.

Um ponto a destacar da narrativa, uma característica muito comum nas obras da Thalita Rebouças, é que você não precisa e provavelmente, não vai se apegar a nenhum personagem de verdade. A única importante da história é Natali e a forma que a sua vida e a sua jornada vão mexer com você. E aqui, não é diferente. Não espere uma super história, grandes reviravoltas e muito menos personagens marcantes, você vai encontrar uma narrativa leve, muito divertida e com grandes ensinamentos.

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Infelizmente, mesmo que Thalita Rebouças seja a rainha das histórias voltadas para o público adolescente e sempre saiba tratar dos dramas de maneira que não sejam menosprezados, tem uma coisa incomoda bastante: a autora teve uma dificuldade imensa em utilizar a palavra lésbica, se foi usada duas vezes foi muito, enquanto a palavra gay foi exageradamente usada. Então, aqui está o descontentamento de uma mulher lésbica e leitora há anos das obras da Thalita Rebouças. Não é tão difícil, né? LÉS-BI-CA! É a sexualidade da Natali. Ela não é gay, ela não apenas gosta de meninas, ela não tem medo de rótulos, ela é simplesmente LÉSBICA.

“Natali e sua vontade idiota de agradar todo mundo”, de modo geral, é uma história para ser apreciada pela mensagem e não pelo casal, se for isso que procura. É uma narrativa que guia o adolescente no seu processo de autoconhecimento e principalmente, é sobre família e a dificuldade que temos em desagradar aqueles que amamos, assim, muitas vezes, nos apagando.


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LesB Nota
  • História
  • Personagens
4.3

Sinose

Sabe família bagunçada? Não o lado bom da bagunça, se é que você me entende. É aquela bagunça pesada, que dá trabalho de arrumar, que te faz dar um suspiro desanimado quando olha para ela. Renato, o meu terapeuta, prefere que eu use a palavra “desorganizada”, acha mais apropriada. Na minha opinião, ele deveria ser santificado, assim como todos os psicólogos especialistas em adolescentes. Ah! Não me venha com ruguinha de confusão entre as sobrancelhas! Somos intensos, prolíficos, impacientes e dramáticos; não deve ser nada fácil cuidar da nossa cabeça.

Eu vinha ensaiando contar tudo há alguns Natais. Ninguém sabia o que estava entalado dentro de mim como a farofa seca e sem gosto da minha mãe. Fazia anos que o meu estômago queimava dia após dia só de pensar em falar tudo para eles.

No meu aniversário de 15 anos, então, eu tive a certeza de que estava com a idade perfeita para o desabafo perfeito. No primeiro minuto do dia 25/12 do próximo ano, a família Lobo saberia, enfim, que eu gosto de garotas. Eu estaria cursando o ensino médio agora, amadurecida, analisada, mais serena. Estava confiante de que seria suave, leve.

Só que nada aconteceu como eu imaginava.

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Literatura

Resenha | Cupidos não se apaixonam – o melhor livro da Clara Alves (até agora)

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Ficha Técnica
Livro: Cupidos não se apaixonam
Autora: Clara Alves
Editora: Seguinte
Número de Páginas: 296
Ano de Lançamento: 2025


No novo livro da autora de “Conectadas”, Clara Alves entrega um romance sáfico leve, divertido e cheio de reflexões sobre amadurecimento, identidade e autodescoberta. Inspirado em “As Patricinhas de Beverly Hills” e “Legalmente Loira”, “Cupidos não se apaixonam” traz uma protagonista que mistura carisma, insegurança e muito coração.

Chiara sempre acreditou ter tudo sob controle: o curso certo, o futuro planejado e uma carreira promissora em Direito. Ela é uma personagem complexa: carrega o peso das expectativas familiares, tenta ser perfeita o tempo todo e acaba se anulando para agradar os outros. Se autointitula “cupido”, porque acerta nas relações das amigas, mas nunca na própria vida amorosa. Rainha do gelo da faculdade, vive de beijos vazios e acredita que não foi feita para o amor, apenas para levá-lo aos outros. Assim, assume o papel de cupido da turma e se dedica a unir casais.

Mas, quando resolve juntar a melhor amiga  (ainda abalada por um relacionamento tóxico) com uma nova caloura charmosa do curso, Chiara percebe que o destino pode ter outros planos para o coração dela. E é aí que começa uma jornada deliciosa de confusão, autoconhecimento e, claro, slow burn (dá aquela ansiedade boa de ver tudo se desenvolvendo aos poucos, com muita química entre as duas).

Jess, a personagem que conquista Chiara, é simplesmente encantadora: charmosa, emocionada e apaixonante. Impossível não se encantar com ela e com a forma como foi construída. E quem nunca caiu no clichê de se apaixonar por uma hétero, né? (Supostamente hétero).

“— Ah, eu não me assusto com facilidade, não. — Jess se recosta na cadeira e volta a olhar para mim. —  Uma das minhas melhores qualidades é ser persistente.”

Além do romance, o livro aborda temas importantes, como a descoberta da sexualidade na vida adulta, transtornos alimentares (citados com sensibilidade) e representatividade PCD com naturalidade — com uma personagem cadeirante (Bruna, a melhor amiga de Chiara).

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“Cupidos não se apaixonam” é uma história sobre tentar ajudar os outros enquanto ainda se perde tentando entender a si mesma. Sobre aprender que errar faz parte e que viver é muito mais do que seguir um plano perfeito. Com uma escrita leve e fluida, é uma leitura para todas as idades e, sem dúvidas, o melhor livro da Clara Alves até agora.

 

  • História
  • Personagens
4.5

Sinopse

No novo livro da autora do best-seller Conectadas, acompanhamos um romance lésbico divertido e envolvente, perfeito para fãs de As patricinhas de Beverly Hills.

Chiara sempre teve certeza de tudo. Do curso que escolheu, da carreira que quer construir, do futuro perfeito que tem pela frente. Só uma peça continua faltando: um romance. Depois de várias tentativas que não deram em nada, ela chega à conclusão de que talvez o amor exista, sim — só não seja pra ela. E tudo bem, porque ela acaba de encontrar um novo propósito: assumir o papel de cupido e ajudar os outros a se apaixonarem.

Sua primeira missão? Juntar a melhor amiga, que ainda sofre por causa da ex, com a caloura charmosa que acabou de entrar no curso de direito. O problema é que, quanto mais Chiara tenta unir as duas, mais percebe que seu coração talvez tenha outros planos…

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Literatura

Resenha | Uma Taça Para Duas – Um livro para ser lido “como quem morre” de amores

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Ficha Técnica
Livro: Uma Taça Para Duas
Autora: Lela Gomes
Editora: Publicação Independente
Número de Páginas: 75
Ano de Lançamento: 2024


Imagine uma ferida aberta, sangrando mais e mais. E, embora você tente, a todo custo, estancar, os panos vão ficando cada vez mais ensanguentados e o desespero toma conta de você. Já não há mais o que possa ser feito, apenas sentir a dor e, aos poucos, sentir o sangue esvaindo-se do seu corpo. Provavelmente sozinha. Provavelmente em segredo. Mas uma certeza você tem: independente de qual rumo aquela história irá tomar, no final, você estará bem.

É exatamente essa a sensação que a leitura de Uma Taça Para Duas”, obra de estreia da roteirista e escritora Lela Gomes nos traz, um encontro doloroso com as palavras, que ferem e curam ao mesmo tempo, deixando uma cicatriz visível. O tipo de leitura que, como sugere Manuel Bandeira, deve ser lido “como quem morre”, por isso, não abra este livro, “se por agora não tens motivo nenhum de pranto”, parte da beleza será perdida se você estiver alegre.

Stupid Wife: Lembre-se de nós – da fanfic à reconstrução do amor

Lela Gomes já inicia sua obra com um aviso, “esse livro é uma história real de uma paixão avassaladora e clichê de alguém que não acreditava mais nela: Eu”. Em seguida nos apresenta suas personagens, no caso, ela mesma, Mirella dos Santos Gomes de Souza, que aparecerá na história representada apenas pelo pronome EU, e ELA, uma mulher de cabelos bonitos, nariz milimetricamente perfeito, os melhores cheiros e com uma forma linda de ver o mundo. 

“A gente se encontrou no momento mais errado de nossas vidas. Então te adianto para poupar seu tempo, se você espera que isso aqui tenha um final de novela das nove, não vai ter, quer dizer, nem eu sei como acaba, mas, dependendo do seu ponto de vista, o fim já é bom, porque ELA conseguiu fazer o que parecia impossível: EU voltar a sentir”.

LesB Cast | Temporada 4 Episódio 03 – Nossos pitacos sobre a quarta temporada de “Hacks”

No decorrer das 75 páginas que compõem o livro, a criadora e roteirista da websérie Depois da Meia Noite”, conta a história de seu coração partido e da sua admissão ao clube “dos completamente descrentes na possibilidade de me apaixonar por qualquer mulher existente na face da terra”, uma participação limitada, pois a chegada DELA, que poderia passar horas falando mal de homens cis-héteros, que percebia o seu tom de voz ao falar sobre as coisas que lhe empolgavam e, principalmente, tinha sardas, pois “a paixão tem sardas”, logo a faz mudar de clube, dessa vez para o dos “não descrentes no amor, mas nos que não têm sorte com ele”. Daí já dá pra imaginar onde vamos parar, né? Só que não!

Em Uma Taça Para Duas”, Lela Gomes estabelece uma conexão com suas leitoras, unindo a sua escrita poética à uma conversa intimista e profunda, mas sem revelar muitos detalhes da sua história. É como se ela nos dissesse que “o essencial é invisível aos olhos”,  nesse caso, o essencial é suficiente para torcemos para que, depois da última página, ela e ELA vivam os seus felizes para sempre!

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Stupid Wife: Lembre-se de nós – da fanfic à reconstrução do amor

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Livro: Stupid Wife: Lembre-se de nós
Autora: Nathalia Sodré
Editora: Independente
Número de Páginas: 842
Ano de Lançamento: 2022


“Stupid Wife: Lembre-se de nós” se tornou uma sensação na internet após o lançamento da websérie Stupid Wife, atingindo o Top 10 de vendas. Mas conheço essa história desde que a autora lançou sua primeira versão como fanfic, e, depois do lançamento da série, me senti obrigada a ler o livro para conhecer todas as modificações feitas pela autora.

O livro conta a história de Camille, que acorda um dia sem lembrar nada dos últimos anos de sua vida. Sua última lembrança é de quando tinha 16 anos, ainda estava na escola e odiava sua atual esposa (e mãe do seu filho) Luna Jacobs. Diante dessa loucura, Camille precisa decidir se vai continuar casada com Luna e, para isso, precisa deixar de lado sua rixa adolescente e aprender a amar essa mulher pela segunda vez.

Primeiras Impressões | Stupid Wife – Primeira Temporada

Quando li “Stupid Wife” pela primeira vez, em forma de fanfic, a história me prendeu de cara, pois lembrava muito a premissa do filme “Para Sempre”. A narrativa tinha um ritmo rápido, as personagens eram interessantes e o modo como a história era contada conquistava o leitor, já que Camille ia tendo flashes de memória ao longo da trama, e, junto com ela, íamos descobrindo o que havia acontecido no seu passado.

Mas o livro “Stupid Wife: Lembre-se de nós” é bem diferente da fanfic. A dinâmica entre as personagens mudou, mas o que realmente me pegou foi a modificação da estrutura narrativa: os flashes de memória foram retirados e o passado das personagens passou a ser contado por meio da narração direta. Isso deixou a história, na minha visão, um pouco menos interessante, pois essas passagens alongam a leitura e tornam o ritmo mais lento.

A construção da reaproximação entre as protagonistas é uma fase essencial do enredo, já que a Camille que conhecemos tem apenas as lembranças e experiências de uma adolescente de 16 anos, que sentia raiva de Luna por conta das implicâncias no colégio. Por isso, era necessário que a autora tratasse esse reencontro com cuidado, para que não soasse forçado. E isso foi feito com calma, ao ponto de nos fazer detestar a Camille nos primeiros capítulos (com certa razão!).

LesB Cast | Temporada 3 Episódio 13 – a segunda temporada de “Stupid Wife”

O grande problema é que, após essa reaproximação, as cenas do casal se tornam excessivas, a ponto de não contribuírem para o crescimento das personagens, servindo apenas para alongar a história e torná-la um pouco monótona, já que não há grandes conflitos a serem enfrentados nesse trecho.

Ainda que a narrativa perca fôlego no meio do livro, conforme nos aproximamos do final, o enredo volta a envolver. O casal enfrenta novos desafios que as aproximam ainda mais e fortalecem essa relação em reconstrução e nós, leitores, também nos sentimos mais conectados a elas por conta da vulnerabilidade que nos é apresentada.

O que torna a relação das protagonistas o ponto alto da história. Sem contar que “Stupid Wife: Lembre-se de nós” nos apresenta personagens que fogem da dualidade “bom x mau”. Por mais que alguns clichês estejam presentes, é interessante acompanhar personagens que não estão preocupadas em parecer boas pessoas, mas sim em conquistar o que desejam, custe o que custar.

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Bombando