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Literatura

Resenha | Medusa – obra contêm bons diálogos só esquece de aprofundar as personagens

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Ficha Técnica
Livro: Medusa
Autora: Ana França
Editora: Independente
Número de Páginas: 344
Ano de lançamento: 2022


LIVRO RECOMENDADO PARA MAIORES DE 16 ANOS

“Medusa” é um romance da escritora Ana França, publicado de modo independente, que pretende explorar a relação entre Scarlet Mackee, uma nova-iorquina que se muda para a Califórnia, buscando recomeçar sua vida em uma faculdade distante de todos os problemas que vinha causando; e Hannah Young, sua veterana, vista como uma bad girl, com o coração de pedra e um humor ácido.

A partir do ponto de vista de cada uma, vamos acompanhando como as personagens vão se apaixonado, principalmente Scarlet, que logo de cara fica interessada em Hannah, quando esbarra em seu irmão no corredor de seu dormitório. E tudo fica simples para as personagens, já que Scarlet tem como colega de quarto uma das melhores amigas de Hannah, fazendo com que tenham uma desculpa para se esbarrar o tempo todo, e conviver o bastante para criar um laço muito rápido.

Assim, não há muito o que esconder quanto ao interesse que uma sente pela outra, logo nos primeiros capítulos já fica muito claro para o leitor e para as personagens, principalmente por parte de Scarlet, que não tem nenhuma vontade em ser discreta em suas investidas. Mas, por outro lado, mesmo com o interesse latente de uma pela outra, Hannah dificulta um pouco o envolvimento, com a desculpa de que não quer se envolver em mais problemas.

Com essa premissa, “Medusa” tenta explorar o clichê do “bad boy”, tentando construir em Hannah essa personalidade difícil, arredia e irônica, mas não tem tanto sucesso assim, já que desde os primeiros capítulos percebemos uma pessoa amigável, gentil com as amigas, e muito preocupada com o irmão, fazendo com que tenhamos de nos convencer que a personagem é uma “bad girl”, porque foi dito que ela é, sendo que nenhuma de suas ações mostram isso.

Sem contar que todo o drama de “Medusa” fica encarregado de Hannah, isso pelo fato de que, no início, descobrimos que sua dificuldade em se permitir se envolver com Scarlet é causada pelos traumas gerados por sua ex, que sabia o seu maior segredo e a chantageia desde o término. Acontece que Hannah é uma escritora de livros sáficos eróticos, escondida sob o codinome de Medusa, e vem sofrendo há meses com a ameaça da ex de a expor.

E não vamos esquecer Scarlet: ela é vendida como uma personagem perigosa, já que se mudou para a Califórnia tentando fugir dos fantasmas de seu passado, de tanto que aprontou mesmo sendo “famosa” por causa de seus pais. Contudo, ao longo de toda a história, é impossível se convencer de que Scarlet seja alguém que causa problema, e claro que isso poderia ser explicado pela mudança que ela decidiu fazer, entretanto, a verdade é que em momento algum da trama nos aprofundamos o bastante na personagem para entender o porquê desses comportamentos problemáticos, ou quais exatamente foram esses, ou qual o estopim para a decisão de trocar de cidade, fazendo com que ela fique na superficialidade, e o único sentimento conhecido seja sua paixão por Hannah.

Por esta razão, o que move a trama é a relação delas que, por muitos capítulos, enquanto é explorado o desenvolvimento do casal, o restante da narrativa fica de lado, é como se os problemas de ambas, principalmente o de Hannah, estivessem esperando a personagem ter um tempo, para voltar à tona. E é valido ressaltar que “Medusa” é um livro adulto, contendo diversas cenas de sexo entre as personagens, sendo muitas delas necessárias para o desenrolar do casal, em que a autora é muito boa em nos envolver; em um primeiro momento, apresentando diálogos interessantes, nos conduzindo nas preliminares junto com as personagens, mas que, infelizmente, não é tão feliz em nos manter interessadas no ato íntimo.

É pertinente comentar que o drama de Hannah com a ex me irritou do começo ao fim, não só por ser superficial, já que ficamos no escuro grande parte da trama tentando entender exatamente qual o motivo da chantagem; sem contar que esse tema é esquecido por diversas vezes, aparecendo apenas quando conveniente para a história. Contudo, o principal motivo é que pareceu irreal.

Por fim, “Medusa” é sim um livro interessante, que nos faz ficar interessadas em acompanhar até onde vai a relação das personagens, mesmo sabendo desde o início que não há um drama real que possa as impedir de ficarem juntas, e tendo como pontos fortes as cenas de troca de intimidade do casal, com bons diálogos, mesmo que, por vezes, superficiais, e sendo feliz em nos manter interessadas nas cenas mais sexuais.


Obs: livro recomendado para maiores de 16 anos.


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LesB Nota
  • História
  • Personagens
2.5

Sinopse

Scarlet McKee é tudo menos ingênua. Ela teve a sua cota de problemas na vida e ao mudar-se para Wolfsview, na Califórnia, tudo o que ela quer é um recomeço para a sua vida. Talvez ser menos intensa. Mais invisível. Sem acumular mais confusões, de preferência. Contudo nada disso é possível, principalmente quando conhece Hannah Young.

Hannah é tida como coração de pedra, mas a verdade é que ela sofreu muitas decepções em um período muito curto, por isso evita aproximações de estranhos. Tendo suas roupas pretas e humor ácido como principais armas, ela montou sua própria fortaleza, evitando que as pessoas se aproximassem.

Entretanto, quando conhece Scarlet, a nova colega de quarto de uma de suas melhores amigas, ela começa a repensar.

Scarlet é determinada demais.

E Hannah é curiosa.

E juntas elas são a combinação perfeita para a perdição.

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Literatura

Resenha | Uma Taça Para Duas – Um livro para ser lido “como quem morre” de amores

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Ficha Técnica
Livro: Uma Taça Para Duas
Autora: Lela Gomes
Editora: Publicação Independente
Número de Páginas: 75
Ano de Lançamento: 2024


Imagine uma ferida aberta, sangrando mais e mais. E, embora você tente, a todo custo, estancar, os panos vão ficando cada vez mais ensanguentados e o desespero toma conta de você. Já não há mais o que possa ser feito, apenas sentir a dor e, aos poucos, sentir o sangue esvaindo-se do seu corpo. Provavelmente sozinha. Provavelmente em segredo. Mas uma certeza você tem: independente de qual rumo aquela história irá tomar, no final, você estará bem.

É exatamente essa a sensação que a leitura de Uma Taça Para Duas”, obra de estreia da roteirista e escritora Lela Gomes nos traz, um encontro doloroso com as palavras, que ferem e curam ao mesmo tempo, deixando uma cicatriz visível. O tipo de leitura que, como sugere Manuel Bandeira, deve ser lido “como quem morre”, por isso, não abra este livro, “se por agora não tens motivo nenhum de pranto”, parte da beleza será perdida se você estiver alegre.

Stupid Wife: Lembre-se de nós – da fanfic à reconstrução do amor

Lela Gomes já inicia sua obra com um aviso, “esse livro é uma história real de uma paixão avassaladora e clichê de alguém que não acreditava mais nela: Eu”. Em seguida nos apresenta suas personagens, no caso, ela mesma, Mirella dos Santos Gomes de Souza, que aparecerá na história representada apenas pelo pronome EU, e ELA, uma mulher de cabelos bonitos, nariz milimetricamente perfeito, os melhores cheiros e com uma forma linda de ver o mundo. 

“A gente se encontrou no momento mais errado de nossas vidas. Então te adianto para poupar seu tempo, se você espera que isso aqui tenha um final de novela das nove, não vai ter, quer dizer, nem eu sei como acaba, mas, dependendo do seu ponto de vista, o fim já é bom, porque ELA conseguiu fazer o que parecia impossível: EU voltar a sentir”.

LesB Cast | Temporada 4 Episódio 03 – Nossos pitacos sobre a quarta temporada de “Hacks”

No decorrer das 75 páginas que compõem o livro, a criadora e roteirista da websérie Depois da Meia Noite”, conta a história de seu coração partido e da sua admissão ao clube “dos completamente descrentes na possibilidade de me apaixonar por qualquer mulher existente na face da terra”, uma participação limitada, pois a chegada DELA, que poderia passar horas falando mal de homens cis-héteros, que percebia o seu tom de voz ao falar sobre as coisas que lhe empolgavam e, principalmente, tinha sardas, pois “a paixão tem sardas”, logo a faz mudar de clube, dessa vez para o dos “não descrentes no amor, mas nos que não têm sorte com ele”. Daí já dá pra imaginar onde vamos parar, né? Só que não!

Em Uma Taça Para Duas”, Lela Gomes estabelece uma conexão com suas leitoras, unindo a sua escrita poética à uma conversa intimista e profunda, mas sem revelar muitos detalhes da sua história. É como se ela nos dissesse que “o essencial é invisível aos olhos”,  nesse caso, o essencial é suficiente para torcemos para que, depois da última página, ela e ELA vivam os seus felizes para sempre!

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Literatura

Stupid Wife: Lembre-se de nós – da fanfic à reconstrução do amor

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Ficha Técnica
Livro: Stupid Wife: Lembre-se de nós
Autora: Nathalia Sodré
Editora: Independente
Número de Páginas: 842
Ano de Lançamento: 2022


“Stupid Wife: Lembre-se de nós” se tornou uma sensação na internet após o lançamento da websérie Stupid Wife, atingindo o Top 10 de vendas. Mas conheço essa história desde que a autora lançou sua primeira versão como fanfic, e, depois do lançamento da série, me senti obrigada a ler o livro para conhecer todas as modificações feitas pela autora.

O livro conta a história de Camille, que acorda um dia sem lembrar nada dos últimos anos de sua vida. Sua última lembrança é de quando tinha 16 anos, ainda estava na escola e odiava sua atual esposa (e mãe do seu filho) Luna Jacobs. Diante dessa loucura, Camille precisa decidir se vai continuar casada com Luna e, para isso, precisa deixar de lado sua rixa adolescente e aprender a amar essa mulher pela segunda vez.

Primeiras Impressões | Stupid Wife – Primeira Temporada

Quando li “Stupid Wife” pela primeira vez, em forma de fanfic, a história me prendeu de cara, pois lembrava muito a premissa do filme “Para Sempre”. A narrativa tinha um ritmo rápido, as personagens eram interessantes e o modo como a história era contada conquistava o leitor, já que Camille ia tendo flashes de memória ao longo da trama, e, junto com ela, íamos descobrindo o que havia acontecido no seu passado.

Mas o livro “Stupid Wife: Lembre-se de nós” é bem diferente da fanfic. A dinâmica entre as personagens mudou, mas o que realmente me pegou foi a modificação da estrutura narrativa: os flashes de memória foram retirados e o passado das personagens passou a ser contado por meio da narração direta. Isso deixou a história, na minha visão, um pouco menos interessante, pois essas passagens alongam a leitura e tornam o ritmo mais lento.

A construção da reaproximação entre as protagonistas é uma fase essencial do enredo, já que a Camille que conhecemos tem apenas as lembranças e experiências de uma adolescente de 16 anos, que sentia raiva de Luna por conta das implicâncias no colégio. Por isso, era necessário que a autora tratasse esse reencontro com cuidado, para que não soasse forçado. E isso foi feito com calma, ao ponto de nos fazer detestar a Camille nos primeiros capítulos (com certa razão!).

LesB Cast | Temporada 3 Episódio 13 – a segunda temporada de “Stupid Wife”

O grande problema é que, após essa reaproximação, as cenas do casal se tornam excessivas, a ponto de não contribuírem para o crescimento das personagens, servindo apenas para alongar a história e torná-la um pouco monótona, já que não há grandes conflitos a serem enfrentados nesse trecho.

Ainda que a narrativa perca fôlego no meio do livro, conforme nos aproximamos do final, o enredo volta a envolver. O casal enfrenta novos desafios que as aproximam ainda mais e fortalecem essa relação em reconstrução e nós, leitores, também nos sentimos mais conectados a elas por conta da vulnerabilidade que nos é apresentada.

O que torna a relação das protagonistas o ponto alto da história. Sem contar que “Stupid Wife: Lembre-se de nós” nos apresenta personagens que fogem da dualidade “bom x mau”. Por mais que alguns clichês estejam presentes, é interessante acompanhar personagens que não estão preocupadas em parecer boas pessoas, mas sim em conquistar o que desejam, custe o que custar.

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Literatura

Resenha | Pink Lemonade – o reencontro entre o amor e a música

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Ficha Técnica
Livro: Pink Lemonade
Autora: G. B. Baldassari
Editora: Independente
Número de Páginas: 661
Ano de lançamento: 2025


Imagine misturar uma roqueira brasileira com energia punk, uma pianista clássica com aparência de boa moça, um romance secreto nos bastidores da música, um agente homofóbico, um escândalo abafado, uma separação misteriosa e uma banda icônica dos anos 2000. Essa é a receita de “Pink Lemonade”, o novo romance sáfico das autoras G.B. Baldassari, conhecidas pelos títulos “Amor Fati”, “Uma Pitada de Sorte” e “De Repente, Namoradas”.

Alternando entre 2004 e 2014, o livro nos apresenta PJ e Jenna — duas mulheres com tudo para dar errado juntas, mas que, por alguma razão, deram certo. Por um tempo. Selecionadas para formar a Pink Lemonade, uma banda que marcou uma geração, elas viveram o auge do sucesso, da paixão proibida e do colapso inevitável. E agora, dez anos depois, são forçadas a conviver novamente numa casa para um comeback que ninguém pediu, muito menos elas.

A estrutura da narrativa (com dois tempos distintos) é um prato cheio pra quem adora um slow burn (no presente) e um fast burn (no passado). A gente vê o nascimento do romance entre as personagens no início da carreira e, em paralelo, acompanha a tensão cheia de mágoas, silêncios e olhares não ditos que se instala entre elas anos depois. O reencontro delas não é fácil, mas é justamente essa fricção que dá sabor à história.

“Sabe quando você deseja algo por tanto tempo que, quando consegue, fica com a sensação de que é uma fantasia? De que aquilo não parece realidade?
Essa sensação dura apenas alguns segundos, porque a verdade é que eu sei que fantasia nenhuma poderia se comparar ao sentimento real de ter ela comigo de novo. Eu sei disso porque, por quase dez anos, fantasia foi tudo que tive.”

O livro conversa com fãs de “Daisy Jones and The Six”, especialmente no mistério em torno da separação repentina da banda no auge da fama. “Pink Lemonade” aborda, com sensibilidade e força, as barreiras que mulheres sáficas enfrentam em meio ao estrelato, especialmente em uma época em que ser quem você é podia significar o fim de uma carreira promissora. O livro nos faz sentir, página após página, o peso do silêncio forçado, do amor escondido e das escolhas dolorosas feitas para sobreviver em um sistema que não era seguro para quem ousava ser si mesma.

Ainda assim, entre os momentos de drama e tensão, o livro encontra espaço para o humor: aquele tipo de comédia que nasce do absurdo das situações e da química intensa entre as personagens. PJ tem tiradas sarcásticas e uma energia que contrasta lindamente com a rigidez contida de Jenna. E essa dinâmica de opostos que se atraem funciona muito bem. Cada toque, cada reconexão entre as duas, é carregado de história, de desejo, de dor e, principalmente, de esperança. Jenna, agora mãe de dois filhos, nunca se sentiu confortável com o marido e carrega o vazio de uma vida montada para agradar os outros. PJ, por outro lado, nunca deixou de ser fiel a quem era e é essa autenticidade que a torna tão cativante.

Resenha | Nunca é Tarde para a Festa – uma história sensível sobre se permitir ser quem você é

No fim, “Pink Lemonade” é sobre recomeços. Sobre a chance de viver o amor do jeito certo e no tempo certo, mesmo que esse tempo chegue com uma década de atraso. É um lembrete agridoce de que nunca é tarde para recuperar quem a gente foi e, talvez, encontrar quem a gente ainda pode ser.

  • História
  • Personagens
4

Sinopse

Uma roqueira com tendências punk e uma pianista clássica se apaixonam ao serem selecionadas para formar o que viria a ser uma das maiores bandas de todos os tempos. Mas o sucesso anda de mãos dadas com o desastre e o fim precoce da banda, assim como do romance, é um mistério para todos.

PJ e Jenna mal se falaram no período em que a Pink Lemonade esteve em hiato, mas agora elas estão presas na mesma casa, tendo que conviver uma com a outra e com um passado mal resolvido.

A única coisa que elas concordam é que o comeback da banda é, sem dúvidas, a pior ideia de todas.

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Bombando