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Literatura

Resenha | As Quatro Rainhas Mortas – narrativa sobre um reino governado somente por mulheres

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Ficha Técnica
Livro: As quatro rainhas mortas
Autora: Astrid Scholte
Editora: Galera
Número de páginas: 392
Ano de Lançamento: 2019


“Oitava Lei: Uma rainha não pode desperdiçar tempo ou emoções com o amor. O casamento lhe é proibido, pois a desvia de seus deveres”

Obra de estreia da escritora australiana Astrid Scholte, As quatro rainhas mortas” é uma história repleta de tramas políticas, paixões proibidas e investigações, num ambiente fantástico e matriarcal. Um livro com narrativa fluida e ritmo agradável, que só peca ao tentar entregar mais do que 392 páginas podem aguentar.

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Quadara é um reino governado por quatro rainhas absolutas, governando “juntas, mas separadas”, cada uma representando o seu quadrante de origem, tolhidas por quinze leis que as impedem de visitar sua terra natal, se apaixonar, casar ou ter qualquer contato ou influência na criação de suas filhas, herdeiras geradas para garantir a linhagem real.

Os quatro tronos e suas respectivas soberanas estavam dispostos ao redor do disco. Apesar de os quadrantes permanecerem divididos, as rainhas governavam da mesma corte. 

Juntas, mas separadas

A história criada por Astrid Scholte é majoritariamente dividida em cinco pontos de vista. Dentro do palácio ouvimos as vozes da Rainha Íris, de Archia, a ilha das terras férteis; da Rainha Corra, governante de Eonia, o quadrante dedicado aos avanços tecnológicos; da Rainha Marguerite, que representa Toria, onde o comércio é a principal característica; e da Rainha Stessa, de Ludia, que dá valor às artes no geral, todas narradas em segunda pessoa, intercalando com os pensamentos em primeira pessoa de Keralie, uma larápia, moradora de Toria, que se envolve por acidente nos assassinatos das rainhas, mas que acaba se tornando peça fundamental tanto para dar cabo aos planos do assassino, bem como para desmascará-lo.

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As quatro rainhas mortas” entrega uma série de acontecimentos que não são explorados e personagens pouco aprofundados que, ao final da história, deixam uma sensação duvidosa acerca de como tal coisa aconteceu, ou sentimento de querer conhecer mais as rainhas e seus segredos. O maior desenvolvimento é o de Keralie, que enfrenta os próprios dilemas, traumas e decepções na tentativa de impedir os assassinatos ou simplesmente fornecer informações para a captura do assassino e seus mandantes.

“Keralie. 

A escuridão era gentil. Serena. Livre de dor. Livre de todo aquele sangue. 

Keralie.

Uma vez conheci uma menina chamada Keralie. Mas eu não era mais aquela menina.

Keralie. 

Sua vida era afável. Cheia de amor. Cheia de felicidade e riso. Então ela a estilhaçou. E não tinha como recuperá-la”.

Embora o assassino seja uma surpresa (um pouco confusa), Astrid Scholte revela o mandante e seus motivos (bem previsíveis, por sinal) a partir do 32º capítulo, quando este ganha seu próprio ponto de vista, o que, não só nos obriga a lidar com um novo personagem, como arruina qualquer prazer que o leitor pode ter ao tentar resolver o enigma da história.

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No entanto, mesmo que o mistério deAs quatro rainhas mortas” se resolva de forma brusca, a genialidade da autora se destaca no desenvolvimento das tramas políticas que embasam a história. Isso, aliado a protagonistas cativantes, cada uma com seus segredos e desejos de mudar a própria realidade e a vontade de conhecê-las a fundo, compõem um livro envolvente e que vale a pena ser lido, afinal, um reino governado somente por mulheres é um prato cheio para a representatividade feminina.

Caririense com orgulho, é graduanda em Letras pela Universidade Regional do Cariri, mas "com diploma de sofrer de outra universidade". É amante de séries, livros, música e poesia. E o que lhe dá prazer é estudar literatura nordestina, ouvindo Belchior e tomando um delicioso suco de manga.

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Literatura

Resenha | Temporada relativa – uma boa leitura de fim de tarde

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Ficha Técnica
Livro: Temporada relativa
Autora: Mary Abade
Editora: Independente
Número de Páginas: 35
Ano de Lançamento: 2023


“Temporada relativa” é um conto publicado de forma independente pela autora tocantinense Mary Abade. O conto é repleto de nostalgia da adolescência e momentos fofos entre as protagonistas.

Neste conto acompanhamos Maria Francisca Einstein (sem nenhum parentesco, nem mesmo longínquo com o famoso físico) na sua tão esperada viagem de 15 anos para conhecer o mar. O que Maria não esperava é que sua viagem para conhecer o mar seria arruinada por uma chuva interminável que a mantém presa no hotel junto com os pais.

Felizmente, neste hotel também está hospedada Marie, uma garota que tem a mesma idade que Maria e que é dona de um gosto musical muito bom e o literário melhor ainda. Durante os dias de chuva trancadas no hotel, Maria e Marie vão construindo uma amizade à base de livros de dinossauros para colorir e histórias em quadrinhos sáficas.

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A narrativa é fluida e tem muito do que já vimos na escrita de Mary, a autodescoberta entremeada dos momentos de constrangimento da adolescência e pitadas de inaptidão social. Contendo muito do que esperamos em comédias sáficas, ela entrega momentos de risadas sinceras e gay panic levinhos e gostosos de acompanhar.

Mostrando não só a personagem principal lidando com a frustração da viagem dos sonhos dando errado, mas, também, os problemas com os pais, a dificuldade da mudança para uma nova cidade e as dúvidas sobre a sexualidade. Questões que mesmo na vida adulta ainda nos assustam tanto.  A história consegue nos prender em sua leitura e finalizar todos os arcos que se propõe a começar.  

“Temporada relativa” é uma leitura gostosa de fim de tarde para você ler de uma vez só e se divertir com Maria conhecendo o mar.

LesB Nota
  • História
  • Personagens
4

Sinopse

Maria Francisca sempre sonhou em ver o mar. O que ela não contava é com a confusão que só a pão-durice do seu pai poderia proporcionar, levando toda a família para a cidade praiana de Maré Mansa durante a baixa temporada. Assim, em vez de praia e mar, ela recebe chuva sem parar. Mas essa viagem pode ter seus dias de sol, quando conhece Marie.

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Literatura

Resenha | De repente, namoradas – um romance leve que vale a pena

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Ficha técnica
Livro: De repente, namoradas
Autoras: G.B. Baldassari
Editora: Independente
Número de páginas: 437
Ano de lançamento: 2023


O último lançamento do casal Gisele e Bruna Baldassari, “De repente, namoradas“, é um spin-off de “Só por um verão” e acompanha uma das irmãs Lancellotti após a aventura no acampamento Luneta e as consequências positivas do que aconteceu no local.

Em um momento inusitado, após ser acusada de homofobia, Helena Lancellotti mente dizendo que tinha uma namorada, e em meio a grande repercussão desse anúncio, convence a professora de tênis dos seus filhos, Pati, a ser sua namorada por dois meses.

Pati Borges, sempre com um sorriso no rosto, pensamentos e atitudes positivas, faz o perfeito contraste com a pose de “big boss” e antipatia de Helena. Júlia e Júlio, filhos da empresária, completam o quarteto protagonista da história.

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Apesar de ser focado na vida e na relação de Helena e Pati, outros personagens da trama original voltam e tem participações importantes, além de trazer uma atualização da vida atual deles.

“De repente, namoradas” é uma comédia romântica sáfica de duas mulheres adultas que desenvolvem um relacionamento para fazer uma mentira se tornar real aos olhos do público, mas, apesar de ser uma história leve e divertida, toca em alguns temas mais sensíveis, como adoção e as questões familiares presentes na vida de pessoas da comunidade LGBTQIA+.

Seguindo a fórmula das autoras, o livro com mais de 400 páginas é cativante do começo ao fim. Nele, acompanhamos toda a trajetória do relacionamento e como elas vão se apaixonando uma pela outra e se tornando uma família.

Em “De repente, namoradas” você encontra um romance leve, que te deixa com um quentinho no coração, e te arranca umas boas risadas, com uma escrita envolvente que vai te fazer ler sem parar.


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Literatura

Resenha | Delilah Green não está nem aí – um romance envolvente e representativo

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Ficha Técnica
Livro: Delilah Green não está nem aí (Bright Falls #1)
Autora: Ashley Herring Blake
Editora: Arqueiro
Número de Páginas: 336
Ano de Lançamento: 2022


“Delilah Green não está nem aí” é uma obra da autora Ashley Herring Blake, lançada no Brasil pela Editora Arqueiro, que entrega, não apenas uma história de amor apaixonante, mas, também, uma trama que toca questões importantes da vida adulta.

A narrativa é dividida entre dois pontos de vista: Delilah Green e Claire Sutherland. A primeira é uma fotógrafa em ascensão em Nova York, que jurou nunca mais voltar a Bright Falls, sua cidade natal, onde enfrentou uma infância solitária e o desprezo da madrasta e da irmã postiça, Astrid. Contudo, ao ser chantageada emocionalmente pela sua irmã e atraída por um generoso cheque, Delilah se vê forçada a retornar a Bright Falls. Seu plano é simples: cumprir o trabalho e partir discretamente. No entanto, ao reencontrar Claire Sutherland, uma das amigas de infância de Astrid, Delilah percebe que talvez a cidade reserve mais do que lembranças desagradáveis.

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Claire Sutherland é uma figura marcante em Bright Falls. Criando sua filha de 11 anos praticamente sozinha, ela se desdobra para gerenciar uma livraria e lidar com um ex-parceiro nada confiável. Ela anseia por uma vida livre de surpresas, mas a repentina chegada de Delilah abala sua rotina. Com suas questões mal resolvidas do passado e problemas atuais, Claire é apresentada a uma irresistível atração que surge entre elas.

O livro “Delilah Green não está nem aí” destaca-se por suas protagonistas, mulheres adultas lidando com problemas reais. Além disso, a representatividade é uma das marcas da narrativa, já que uma das personagens é lésbica e a outra é bissexual, enfrentando os desafios de ser mãe. Essa diversidade e riqueza de vivências são aspectos raros em histórias do gênero sáfico, tornando a trama ainda mais envolvente e significativa para o público.

A essência do romance é construída com cuidado e calma, proporcionando uma narrativa slow burn. O leitor é presenteado com boas risadas e cenas quentes bem escritas, além de doses adequadas de drama. A evolução gradual do relacionamento entre Delilah e Claire cativa, nos prendendo na trajetória dessas duas personagens tão envolventes.

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Com personagens reais e complexas, “Delilah Green não está nem aí” entrega um romance que aquece o coração dos leitores e convida a refletir sobre a diversidade e os desafios enfrentados por mulheres que buscam o amor e a realização em meio as suas próprias jornadas únicas.

“Delilah Green não está nem aí” faz parte de uma série de livros que se passam na cidade de Bright Falls, e o segundo livro acompanhará a história de Astrid. Intitulado “Astrid Parker nunca falha”, o livro foi lançado este ano pela Editora Arqueiro.


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LesB Nota
  • História
  • Personagens
4.8

Sinopse

Delilah Green jurou nunca mais voltar a Bright Falls, a cidade onde cresceu. Lá não há nada para ela, só as lembranças da infância solitária e do desprezo da madrasta e da irmã postiça, Astrid. Em Nova York ela tem uma carreira como fotógrafa em ascensão e uma mulher diferente em sua cama todas as noites.

Mas quando Astrid usa chantagem emocional e um cheque polpudo para forçá-la a fotografar seu casamento e a maratona de eventos preparativos, Delilah acaba concordando em voltar.

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