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Pro Mundo (Out!) | Thereza Soares está à frente do seu tempo

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Lançada em março de 2019, na plataforma Netflix, a série “Coisa Mais Linda” se passa em 1950, no Rio de Janeiro, repleto de Bossa Nova, machismo e muita luta das quatro protagonistas para realizar os sonhos.

Em meio as histórias que se cruzam, dessas quatro mulheres notáveis, cheias de experiências, sonhos e vontades, mas que vivem o desejo de serem reconhecidas e respeitadas profissionalmente e, acima de tudo, de ter o seu espaço como cidadãs.

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Thereza Soares (Mel Lisboa) é uma mulher determinada e forte, que luta e tem os seus direitos como poucos daquela época. Apaixonada pelo Rio de Janeiro, ela vive um casamento aberto com Nelson (Alexandre Cioletti) e exala liberdade desde a sua primeira aparição. É incrível ver uma mulher realizando suas vontades dessa forma: por trás de um casamento social e moralmente “correto”, ela vive a sua vida boêmia e livre, intitulada socialmente como bêbada e pervertida, principalmente por sua sogra. 

Na primeira temporada, a conhecemos como a colunista da famosa revista Ângela, um veículo escrito, majoritariamente, por homens, onde homens escrevem com pseudônimos femininos o que os homens esperam que as mulheres sejam. É, neste momento, que ouvimos a frase: “Biologicamente, homem é mais focado, mais profissional e emotivo que uma mulher”, para explicar o tanto de pessoas do sexo masculino naquele ambiente de trabalho. 

Ali, fazendo uma entrevista para esta revista, que Thereza conhece Helô (Thayla Ayala), uma mulher encantadora e escritora que a tira do sério. A bissexualidade de Thereza deveria ter sido mais retratada na primeira e segunda temporada da série. Ainda mais pela química que Mel Lisboa e Thayla Ayala esboçaram na frente das câmeras; chega a ser confuso quando vemos o ciúmes que ela sente ao ver seu marido perto de Helô, particularmente não entendi se o ciúmes que ela sentia era pelo marido, ou pelo fato do marido ter se interessado pela mulher que encantou seus olhos.

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Conhecendo-a mais a fundo na primeira temporada, vemos o seu feminismo ser questionado: como uma mulher livre, poligâmica e que luta pela liberdade de escolha e do corpo feminino pode ser contra o aborto? É aqui que descobrimos que a sua volta ao Rio de Janeiro se deve pela perda de um filho, que nasceu morto e por uma questão de saúde, ela não pode mais engravidar. De início, essa situação gera certa repulsa na personagem, já que sua cunhada queria realizar um aborto, mas, como lutar pelas escolhas e aceitação das nossas vontades sem também respeitar e acolher as mães de crianças natimortas, e a sua dor diante do passado e o sonho de ser mãe. Esse é um dos questionamentos que também temos que nos fazer diariamente, sobre como incluir toda mulher ao feminismo, entendendo que cada uma tem a sua vivência.

Durante a narrativa, Thereza Soares se opõe a ajudar Lígia (Fernanda Vasconcelos) a realizar o aborto, mas, em momento algum, a impediu, respeitando a sua escolha, e isso é sororidade. 

Já na segunda temporada encontramos uma mulher mais madura, que agora entende os acontecimentos do passado do marido, e que a criança, filha de Nelson e Adélia (Pathy DeJesus), é uma vítima na história. Como madrasta de uma criança negra, sabe diariamente que as lutas serão muito maiores para ela, tendo que lidar desde cedo com os preconceitos e racismos ainda mais escancarados daquela época. O mais notável é que ela ajuda a criar a menina com autoestima e confiança que todas as crianças devem ter.

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Liderando como âncora em um programa na rádio intitulado “Coisa Mais Linda”, vemos uma Thereza Soares mais presente na luta do feminismo, falando o que deveria ser de conhecimentos das mulheres naquela época, relatando o caso de feminicídio de sua cunhada e amiga.

Chega a ser triste pensar o quanto a série foi se perdendo na segunda temporada, e até mesmo a personagem que chegou tão impactante na primeira. Mas, ao menos, ela deixou a sua marca nas duas temporadas de “Coisa Mais Linda”.

Viviane Marques é paulistana, formada em marketing e amante da arte. Atualmente estuda teatro para formação e é bailarina por paixão. Vive em constante desconstrução e escrever é uma forma de sobreviver ao dia a dia e as constantes mudanças no mundo.

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LesB Indica | O Ultimato: Queer Love – realidade, drama e amor entre mulheres

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Casais da Primeira Temporada de "O Ultimo: Queer Love"

Se você curte um bom reality de relacionamentos com tensão, emoção e muita visibilidade sáfica, “O Ultimato: Queer Love” é aquele tipo de programa que prende do começo ao fim. A produção acompanha cinco casais formados por mulheres (e pessoas não-binárias) vivendo um ultimato: casar ou terminar de vez.

A proposta é simples, mas o impacto emocional é intenso. Uma das pessoas do casal está pronta para o casamento; a outra, cheia de dúvidas. Para testar o relacionamento, cada participante passa três semanas vivendo com uma nova “esposa” escolhida entre as outras participantes e, depois, mais três semanas com sua parceira original. No final da experiência, as participantes só têm três opções: sair noiva da parceira original, sair noiva da parceira experimental ou sair solteira. O resultado? Um caldeirão de ciúmes, descobertas, conflitos e muitas conversas sinceras sobre amor, liberdade e futuro.

LesB Indica | Hospital New Amsterdam – um drama médico que vale a pena conhecer

Mais do que um reality de pegação ou intrigas, “O Ultimato: Queer Love” chama atenção por dar protagonismo a narrativas que raramente vemos nesse formato. São mulheres lésbicas/bissexuais e pessoas não-binárias sendo vulneráveis na frente das câmeras, questionando o que realmente esperam de um relacionamento e quais são os limites do amor. É uma montanha-russa emocional, com casais pelos quais você torce, outros que você quer ver bem longe e momentos que vão fazer você pausar só pra respirar.

Casais da segunda temporada de "O Ultimato: Queer Love"
A representatividade importa e aqui, ela é entregue sem filtros. Entre discussões sobre monogamia, maternidade, identidade de gênero e traumas do passado, o programa joga luz em questões profundas e reais do universo LGBTQIA+. Ao mesmo tempo, não deixa de oferecer os elementos que tornam um reality irresistível: tretas memoráveis, reviravoltas, mulheres com ações duvidosas e decisões que nos deixam em choque até o último episódio.

Com uma estética moderna, trilha sonora certeira e edição viciante, o reality é o tipo de entretenimento que nos diverte, mas também nos faz pensar. Assim como também é uma chance de se identificar, refletir e ver outras formas de amar ganharem espaço. Se você é fã de Casamento às Cegas ou  Tampa Baes, esse reality tem tudo para te conquistar.

A produção está disponível na Netflix e possui duas temporadas.

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LesB Indica | Hospital New Amsterdam – um drama médico que vale a pena conhecer

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Em meio a um mar de séries médicas, “Hospital New Amsterdam: Toda Vida Importa” se destaca por sua abordagem humanista e crítica ao sistema de saúde. Inspirada no livro Doze Pacientes: Vida e Morte no Hospital Bellevue, a produção acompanha o idealista Dr. Max Goodwin (Ryan Eggold) em sua missão de reformar um dos hospitais públicos mais antigos dos EUA, enfrentando burocracias e priorizando o cuidado ao paciente.

A série não apenas entrega casos médicos emocionantes, mas também mergulha nas complexidades pessoais de seus personagens. Um destaque é a Dra. Lauren Bloom (Janet Montgomery), chefe do departamento de emergência.

Lauren é chefe do setor de emergência e, desde os primeiros episódios, se destaca pela competência e pela intensidade com que vive cada aspecto da vida. Ao longo da série, ela enfrenta o vício em medicamentos (iniciado na adolescência com a prescrição de remédios para TDAH), uma luta silenciosa que muitas vezes passa despercebida em ambientes médicos. “Hospital New Amsterdam” trata do tema com sensibilidade e profundidade, mostrando como o vício afeta não apenas o desempenho profissional, mas também os relacionamentos e a percepção de si mesma.

LesB Indica | Os Bucaneiros – amor sáfico e rebeldia feminina em pleno século XIX

É justamente nesse contexto que conhecemos Leyla Shinwari (Shiva Kalaiselvan), uma médica paquistanesa determinada, inteligente e carismática. O relacionamento entre Lauren e Leyla floresce de maneira inesperada, iniciando como uma relação de apoio e evoluindo para algo mais profundo, mas também é marcado por conflitos éticos e profissionais. Leyla representa uma nova chance para Lauren, não apenas no amor, mas também na construção de uma vida mais equilibrada. No entanto, a relação é colocada à prova quando Lauren tenta ajudar Leyla a conseguir uma vaga no hospital, comprometendo a confiança entre as duas.

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Com cinco temporadas, “Hospital New Amsterdam” é uma série que toca o espectador não apenas pelas emergências médicas, mas pelas histórias humanas que carrega. E Lauren Bloom é, sem dúvida, um dos grandes corações da série: imperfeita, intensa e profundamente humana. Além disso, a série aborda a bissexualidade de Lauren de maneira orgânica, sem recorrer a estereótipos.  Disponível no Globoplay, é uma excelente escolha para quem busca uma série médica que vai além dos clichês e valoriza a diversidade.

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LesB Indica | Os Bucaneiros – amor sáfico e rebeldia feminina em pleno século XIX

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Imagine um grupo de jovens americanas ricas e ousadas invadindo a alta sociedade britânica da década de 1870, desafiando convenções e corações. Essa é a premissa de “Os Bucaneiros”, série da Apple TV+ inspirada no romance inacabado de Edith Wharton.

A trama acompanha cinco amigas — Nan (Kristine Froseth), Conchita (Alisha Boe), Jinny (Imogen Waterhouse), Lizzy (Aubri Ibrag) e Mabel (Josie Totah) — que, ao chegarem a Londres, confrontam as rígidas normas sociais com sua vivacidade e espírito livre. Entre bailes e escândalos, elas descobrem que o amor e a amizade podem ser tão complexos quanto as intrigas da aristocracia.

Com figurinos deslumbrantes, uma trilha sonora moderna e personagens femininas fortes, “Os Bucaneiros” se destaca por trazer um olhar atual para um cenário de época. A série equilibra muito bem drama romântico, crítica social e momentos leves, oferecendo um ritmo envolvente que conquista tanto fãs de romances de época (como a inesquecível Dickinson”) quanto quem busca histórias contemporâneas com representatividade e personalidade.

Um destaque é a personagem de Mabel Elmsworth, interpretada por Josie Totah, que protagoniza uma das tramas mais sensíveis e potentes da série. Ela se reconhece como uma mulher que ama outras mulheres, mas entende que, naquele contexto histórico, só será considerada “respeitável” se estiver casada com um homem. Essa consciência amarga guia suas escolhas, mesmo que a machuque profundamente. Quando conhece Honoria Marable, interpretada por Mia Threapleton, as duas vivem um romance delicado, cheio de hesitação e intensidade contida. Honoria, ao que tudo indica, só passa a compreender seus sentimentos ao se envolver com Mabel e sofre ao perceber que, para a sociedade da época, esse amor não tem espaço.

A série também aborda temas como empoderamento feminino, diferenças culturais e os conflitos entre tradição e modernidade, tudo isso embalado por uma estética deslumbrante e uma trilha sonora contemporânea que inclui artistas como Chappell Roan. Com a estreia da segunda temporada marcada para 18 de junho (quarta-feira) na Apple TV+, “Os Bucaneiros” promete continuar explorando as complexidades das relações humanas com charme e ousadia.

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