Depois do cancelamento da comédia “Everything Sucks”, em 2018, que tinha uma garota lésbica como personagem principal e a representatividade positiva de Elena Alvarez (Isabella Gomez) em “One Day At a Time”, a Netflix lançou este ano, uma nova série com protagonismo LGBTQIA+ chamada “Feel Good” buscando atrair justamente este público.
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A série em questão gira em torno da vida de Mae Martin (criada e protagonizada pela mesma), uma aspirante a comediante que se mudou do Canadá há pouco tempo para tentar a sorte em Londres. Ela é uma dependente química com personalidade forte e muitas questões emocionais a serem resolvidas com sua família, e vida como um todo. Um dia, em uma das suas apresentações, a jovem conhece George (Charlotte Ritchie) e engata rapidamente um relacionamento com ela.
A personagem de Ritchie, por outro lado, é uma mulher branca e rica, que passou a vida se mostrando ao mundo como heterossexual, seja para seus amigos ou família. A relação desenvolvida entre as duas garotas é totalmente mal construída e obviamente, sem química. O fato de já no primeiro episódio as duas decidirem morar juntas torna impossível criar uma conexão com o casal.
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Além disso, o grande conflito da trama é apresentado quando, acidentalmente George descobre, através de uma ligação no skype de Mae com sua mãe Linda (Lisa Kudrow), que a garota possui problemas com drogas. A partir daí, é perceptível que o casal não deveria ter avançado tão precipitadamente no relacionamento sem nem ao menos conhecer assuntos importantes uma sobre a outra. Depois desta descoberta, as duas começam a enfrentar problemas em relação aos vícios da protagonista e ao fato da outra ainda não ter assumido sua sexualidade aqueles próximos a si, e sempre apresentar sua namorada como apenas uma amiga.
O dilema em si está na questão da protagonista não aceitar que possui uma dependência em álcool e drogas, e tratar o seu vício como uma mera característica sua, até porque acredita que está curada o suficiente. Ela transforma o Narcóticos Anônimos em uma piada e todo o processo de apadrinhamento desnecessário quando adota Maggie (Sophie Thompson), outra dependente química, como sua madrinha.
Na verdade, a personagem de Martin se mostra uma jovem perdida, paranoica (algumas vezes com razão) e que tem a tendência de trocar um vício pelo outro, no caso, em vez de usar drogas está obcecada pela nova namorada. A série “Feel Good” é problemática em muitos quesitos, seja em relação as drogas, sexo e até mesmo autoestima e amadurecimento.
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A produção não traz ao público uma representatividade positiva, mas sim, uma narrativa recheada de estereótipos e piadas relacionadas aos casais homossexuais femininos, que nem de longe são engraçadas. Estas são depreciativas e até mesmo ofensivas. Se você quer uma comédia stand-up de verdade, feminista e que levanta a autoestima das mulheres, por favor, vá assistir “The Marvelous Mrs. Maisel” (mesmo que não tenha personagem LGBTQIA+ confirmada ainda). E até agora fica a dúvida, qual a verdadeira orientação sexual de Mae Martin: lésbica, bissexual ou queer?