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Literatura

Resenha | A lista da sorte – um livro para se apaixonar

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Ficha Técnica
Livro: A lista da sorte
Autora: Rachael Lippincott
Editora: Alt
Número de Páginas: 320
Ano de Lançamento: 2021


Quais são os efeitos que a morte de alguém que se ama pode desencadear nos que permanecem vivos? Freud explica que dentre as características do luto estão a perda de interesse pelo mundo externo, a perda da capacidade de amar e o afastamento de qualquer atividade que não esteja ligada a pensamentos sobre o ente perdido. Para Emily Clark, perder sua mãe foi como perder um pedaço de si mesma. A morte da sua pessoa preferida no mundo afetou a sua vida social, sua relação com o pai e, principalmente, a forma como via a vida. Em A lista da sorte”, Rachael Lippincott nos apresenta uma protagonista que carrega na sua existência as marcas deixadas pela morte não anunciada de sua mãe.

Emily e a mãe sempre foram muito sortudas. Com uma relação única, as duas eram melhores amigas, por esta razão, quando a mãe foi diagnosticada com glioblastoma estágio quatro, o mundo da garota desabou. Três anos depois, o reflexo desses acontecimentos ainda reverberam nas ações da vida de Emily. Pouco a pouco ela se isola dos amigos, de Matt, seu ex-namorado, e explode toda a sua vida social durante o baile de formatura.

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Mas é justamente num bingo (jogo de sorte do qual saiu vitoriosa) que Emily reencontra Blake, a filha do melhor amigo de seu pai, com quem perdeu contato há uma década. Blake é o oposto de todos da pequena e excêntrica cidade de Huckabee, sua pele tem um bronzeado profundo e brilhante, cabelo escuro com mechas loiras e os olhos castanho-mel quentes e quase líquidos. Blake “tem o cheiro de um dia na praia“. Só essas características já são suficientes para atordoar os sentimentos de Emily em relação à recém-chegada. Mas é um papel dobrado, listando doze aventuras para fazer antes de começar o terceiro ano, que cai das últimas páginas do anuário de sua mãe e a proposta de ajudá-la a cumprir cada item, que aproxima mais ainda as duas garotas e dá, a Emily, a esperança de se conectar novamente com a pessoa que mais amou no mundo e quem sabe consertar as coisas com Matt?

1. Fazer uma tatuagem; 2. Superar o medo de altura; 3. Fazer um piquenique; 4. Experimentar uma comida nova; 5. Sair de Huckabee; 6. Dormir sobre as estrelas; 7. Ir na viagem ao Lago de Huckabee; 8. Nadar pelada na piscina de Huckabee depois de fechar; 9. Comprar um livro em outra língua; 10. Roubar uma maçã da primeira árvore plantada no pomar do Snyder; 11. Achar um trevo-de-quatro-folhas; 12. Beijar J.C.“.

Assim, as duas embarcam nessa aventura e a cada item riscado na lista, é uma jornada de autoconhecimento e auto descoberta para Emily. A atração inexplicável que ela sente pela garota com cheiro de praia, se torna uma questão ainda maior por não poder dividi-la com sua mãe e se soma ao peso de que Matt era o namorado perfeito e tinha total aprovação da mãe.

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—Me sinto mais perto dela. — Penso por um minuto em tudo que mudou desde o dia em que encontrei a lista. O quanto eu mudei, a lista e minha mãe me guiando de formas novas e inesperadas. O momento de clareza que tive na praia, sobre sair de Huckabee. A queda livre quando saltei do penhasco. Até esse momento agora, conversando com Blake. — Mas é mais que isso. Fazer essa lista fez eu me sentir mais eu mesma. Mais como eu era antes…

Ao narrar a caminhada de Emily em busca do próprio entendimento, Rachael Lippincott leva o leitor de A lista da sorte” a refletir sobre a perda, sobre o luto e os processos de aceitação e dor. Um livro para se apaixonar e se emocionar na mesma medida.


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LesB Nota
  • História
  • Personagens
4.8

Sinopse

Emily e sua mãe sempre foram sortudas e tinham uma ligação única. Todo mês escolhiam a mesma cartela da sorte na supercompetitiva noite de bingo da cidade. Até que a sorte da mãe de Emily foi embora há três anos, quando ela sucumbiu a um câncer, e nada pareceu dar mais certo para a garota desde então.

Agora, nas férias antes do último ano escolar, as coisas estão piorando. Emily arruinou o relacionamento com o namorado, Matt, que sua mãe adorava, e seu pai decidiu vender a casa em que ela cresceu. Como se não bastasse, ele ainda convidou Blake, filha de seu melhor amigo, que Emily mal conhece, para ajudá-la a doar todas as coisas da mãe. Mas, durante a mudança, ela descobre, escondida em uma caixa no fundo do closet, uma lista da sorte, que reúne doze desejos que sua mãe planejava realizar antes de terminar a escola.

Quando Emily decide embarcar em uma jornada para realizar cada item emocionante, apavorante e até intimidador da lista, ela finalmente encontra uma conexão com a mãe de novo ― e com Blake também. Uma que não esperava. De repente, a garota deve encarar um novo medo: aceitar partes dela que nunca teve chance de dividir com a pessoa que a conhecia melhor do que ninguém.

Formada em Letras, pela Universidade Regional do Cariri, apaixonou-se pela História antes mesmo de terminar a primeira graduação, agora brada orgulhosamente a condição de historiadora em formação. Da maneira mais sincera vive de arte. Qualquer minuto de liberdade é um bom momento para ouvir música, ou ler um livro/poesia e, de vez em quando, escrever a si mesma.

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Literatura

Resenha | Uma Taça Para Duas – Um livro para ser lido “como quem morre” de amores

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Ficha Técnica
Livro: Uma Taça Para Duas
Autora: Lela Gomes
Editora: Publicação Independente
Número de Páginas: 75
Ano de Lançamento: 2024


Imagine uma ferida aberta, sangrando mais e mais. E, embora você tente, a todo custo, estancar, os panos vão ficando cada vez mais ensanguentados e o desespero toma conta de você. Já não há mais o que possa ser feito, apenas sentir a dor e, aos poucos, sentir o sangue esvaindo-se do seu corpo. Provavelmente sozinha. Provavelmente em segredo. Mas uma certeza você tem: independente de qual rumo aquela história irá tomar, no final, você estará bem.

É exatamente essa a sensação que a leitura de Uma Taça Para Duas”, obra de estreia da roteirista e escritora Lela Gomes nos traz, um encontro doloroso com as palavras, que ferem e curam ao mesmo tempo, deixando uma cicatriz visível. O tipo de leitura que, como sugere Manuel Bandeira, deve ser lido “como quem morre”, por isso, não abra este livro, “se por agora não tens motivo nenhum de pranto”, parte da beleza será perdida se você estiver alegre.

Stupid Wife: Lembre-se de nós – da fanfic à reconstrução do amor

Lela Gomes já inicia sua obra com um aviso, “esse livro é uma história real de uma paixão avassaladora e clichê de alguém que não acreditava mais nela: Eu”. Em seguida nos apresenta suas personagens, no caso, ela mesma, Mirella dos Santos Gomes de Souza, que aparecerá na história representada apenas pelo pronome EU, e ELA, uma mulher de cabelos bonitos, nariz milimetricamente perfeito, os melhores cheiros e com uma forma linda de ver o mundo. 

“A gente se encontrou no momento mais errado de nossas vidas. Então te adianto para poupar seu tempo, se você espera que isso aqui tenha um final de novela das nove, não vai ter, quer dizer, nem eu sei como acaba, mas, dependendo do seu ponto de vista, o fim já é bom, porque ELA conseguiu fazer o que parecia impossível: EU voltar a sentir”.

LesB Cast | Temporada 4 Episódio 03 – Nossos pitacos sobre a quarta temporada de “Hacks”

No decorrer das 75 páginas que compõem o livro, a criadora e roteirista da websérie Depois da Meia Noite”, conta a história de seu coração partido e da sua admissão ao clube “dos completamente descrentes na possibilidade de me apaixonar por qualquer mulher existente na face da terra”, uma participação limitada, pois a chegada DELA, que poderia passar horas falando mal de homens cis-héteros, que percebia o seu tom de voz ao falar sobre as coisas que lhe empolgavam e, principalmente, tinha sardas, pois “a paixão tem sardas”, logo a faz mudar de clube, dessa vez para o dos “não descrentes no amor, mas nos que não têm sorte com ele”. Daí já dá pra imaginar onde vamos parar, né? Só que não!

Em Uma Taça Para Duas”, Lela Gomes estabelece uma conexão com suas leitoras, unindo a sua escrita poética à uma conversa intimista e profunda, mas sem revelar muitos detalhes da sua história. É como se ela nos dissesse que “o essencial é invisível aos olhos”,  nesse caso, o essencial é suficiente para torcemos para que, depois da última página, ela e ELA vivam os seus felizes para sempre!

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Literatura

Stupid Wife: Lembre-se de nós – da fanfic à reconstrução do amor

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Ficha Técnica
Livro: Stupid Wife: Lembre-se de nós
Autora: Nathalia Sodré
Editora: Independente
Número de Páginas: 842
Ano de Lançamento: 2022


“Stupid Wife: Lembre-se de nós” se tornou uma sensação na internet após o lançamento da websérie Stupid Wife, atingindo o Top 10 de vendas. Mas conheço essa história desde que a autora lançou sua primeira versão como fanfic, e, depois do lançamento da série, me senti obrigada a ler o livro para conhecer todas as modificações feitas pela autora.

O livro conta a história de Camille, que acorda um dia sem lembrar nada dos últimos anos de sua vida. Sua última lembrança é de quando tinha 16 anos, ainda estava na escola e odiava sua atual esposa (e mãe do seu filho) Luna Jacobs. Diante dessa loucura, Camille precisa decidir se vai continuar casada com Luna e, para isso, precisa deixar de lado sua rixa adolescente e aprender a amar essa mulher pela segunda vez.

Primeiras Impressões | Stupid Wife – Primeira Temporada

Quando li “Stupid Wife” pela primeira vez, em forma de fanfic, a história me prendeu de cara, pois lembrava muito a premissa do filme “Para Sempre”. A narrativa tinha um ritmo rápido, as personagens eram interessantes e o modo como a história era contada conquistava o leitor, já que Camille ia tendo flashes de memória ao longo da trama, e, junto com ela, íamos descobrindo o que havia acontecido no seu passado.

Mas o livro “Stupid Wife: Lembre-se de nós” é bem diferente da fanfic. A dinâmica entre as personagens mudou, mas o que realmente me pegou foi a modificação da estrutura narrativa: os flashes de memória foram retirados e o passado das personagens passou a ser contado por meio da narração direta. Isso deixou a história, na minha visão, um pouco menos interessante, pois essas passagens alongam a leitura e tornam o ritmo mais lento.

A construção da reaproximação entre as protagonistas é uma fase essencial do enredo, já que a Camille que conhecemos tem apenas as lembranças e experiências de uma adolescente de 16 anos, que sentia raiva de Luna por conta das implicâncias no colégio. Por isso, era necessário que a autora tratasse esse reencontro com cuidado, para que não soasse forçado. E isso foi feito com calma, ao ponto de nos fazer detestar a Camille nos primeiros capítulos (com certa razão!).

LesB Cast | Temporada 3 Episódio 13 – a segunda temporada de “Stupid Wife”

O grande problema é que, após essa reaproximação, as cenas do casal se tornam excessivas, a ponto de não contribuírem para o crescimento das personagens, servindo apenas para alongar a história e torná-la um pouco monótona, já que não há grandes conflitos a serem enfrentados nesse trecho.

Ainda que a narrativa perca fôlego no meio do livro, conforme nos aproximamos do final, o enredo volta a envolver. O casal enfrenta novos desafios que as aproximam ainda mais e fortalecem essa relação em reconstrução e nós, leitores, também nos sentimos mais conectados a elas por conta da vulnerabilidade que nos é apresentada.

O que torna a relação das protagonistas o ponto alto da história. Sem contar que “Stupid Wife: Lembre-se de nós” nos apresenta personagens que fogem da dualidade “bom x mau”. Por mais que alguns clichês estejam presentes, é interessante acompanhar personagens que não estão preocupadas em parecer boas pessoas, mas sim em conquistar o que desejam, custe o que custar.

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Literatura

Resenha | Pink Lemonade – o reencontro entre o amor e a música

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Ficha Técnica
Livro: Pink Lemonade
Autora: G. B. Baldassari
Editora: Independente
Número de Páginas: 661
Ano de lançamento: 2025


Imagine misturar uma roqueira brasileira com energia punk, uma pianista clássica com aparência de boa moça, um romance secreto nos bastidores da música, um agente homofóbico, um escândalo abafado, uma separação misteriosa e uma banda icônica dos anos 2000. Essa é a receita de “Pink Lemonade”, o novo romance sáfico das autoras G.B. Baldassari, conhecidas pelos títulos “Amor Fati”, “Uma Pitada de Sorte” e “De Repente, Namoradas”.

Alternando entre 2004 e 2014, o livro nos apresenta PJ e Jenna — duas mulheres com tudo para dar errado juntas, mas que, por alguma razão, deram certo. Por um tempo. Selecionadas para formar a Pink Lemonade, uma banda que marcou uma geração, elas viveram o auge do sucesso, da paixão proibida e do colapso inevitável. E agora, dez anos depois, são forçadas a conviver novamente numa casa para um comeback que ninguém pediu, muito menos elas.

A estrutura da narrativa (com dois tempos distintos) é um prato cheio pra quem adora um slow burn (no presente) e um fast burn (no passado). A gente vê o nascimento do romance entre as personagens no início da carreira e, em paralelo, acompanha a tensão cheia de mágoas, silêncios e olhares não ditos que se instala entre elas anos depois. O reencontro delas não é fácil, mas é justamente essa fricção que dá sabor à história.

“Sabe quando você deseja algo por tanto tempo que, quando consegue, fica com a sensação de que é uma fantasia? De que aquilo não parece realidade?
Essa sensação dura apenas alguns segundos, porque a verdade é que eu sei que fantasia nenhuma poderia se comparar ao sentimento real de ter ela comigo de novo. Eu sei disso porque, por quase dez anos, fantasia foi tudo que tive.”

O livro conversa com fãs de “Daisy Jones and The Six”, especialmente no mistério em torno da separação repentina da banda no auge da fama. “Pink Lemonade” aborda, com sensibilidade e força, as barreiras que mulheres sáficas enfrentam em meio ao estrelato, especialmente em uma época em que ser quem você é podia significar o fim de uma carreira promissora. O livro nos faz sentir, página após página, o peso do silêncio forçado, do amor escondido e das escolhas dolorosas feitas para sobreviver em um sistema que não era seguro para quem ousava ser si mesma.

Ainda assim, entre os momentos de drama e tensão, o livro encontra espaço para o humor: aquele tipo de comédia que nasce do absurdo das situações e da química intensa entre as personagens. PJ tem tiradas sarcásticas e uma energia que contrasta lindamente com a rigidez contida de Jenna. E essa dinâmica de opostos que se atraem funciona muito bem. Cada toque, cada reconexão entre as duas, é carregado de história, de desejo, de dor e, principalmente, de esperança. Jenna, agora mãe de dois filhos, nunca se sentiu confortável com o marido e carrega o vazio de uma vida montada para agradar os outros. PJ, por outro lado, nunca deixou de ser fiel a quem era e é essa autenticidade que a torna tão cativante.

Resenha | Nunca é Tarde para a Festa – uma história sensível sobre se permitir ser quem você é

No fim, “Pink Lemonade” é sobre recomeços. Sobre a chance de viver o amor do jeito certo e no tempo certo, mesmo que esse tempo chegue com uma década de atraso. É um lembrete agridoce de que nunca é tarde para recuperar quem a gente foi e, talvez, encontrar quem a gente ainda pode ser.

  • História
  • Personagens
4

Sinopse

Uma roqueira com tendências punk e uma pianista clássica se apaixonam ao serem selecionadas para formar o que viria a ser uma das maiores bandas de todos os tempos. Mas o sucesso anda de mãos dadas com o desastre e o fim precoce da banda, assim como do romance, é um mistério para todos.

PJ e Jenna mal se falaram no período em que a Pink Lemonade esteve em hiato, mas agora elas estão presas na mesma casa, tendo que conviver uma com a outra e com um passado mal resolvido.

A única coisa que elas concordam é que o comeback da banda é, sem dúvidas, a pior ideia de todas.

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Bombando