O padrão estético, ou padrão de beleza, é um conjunto de normas que descrevem como seria o corpo adequado do indivíduo, a partir de construções culturais e históricas de uma sociedade. Mesmo que sempre presente em todos os momentos históricos, em uma sociedade com alto consumo de informação, a todo momento, e por diferentes tipos de mídias, esses padrões são colocados de forma mais forte e podem ter mais impactos negativos.
Tudo pode ser discutido dentro do padrão: tamanho do corpo, cor de pele, cor e tipo de cabelo, cor e formato de olho, entre outros. E com tantas características para se ter normas fica difícil se encaixar em tudo. O que é considerado adequado ou não dentro dos pressupostos sociais chegam a todos, com uma certa diferença no ponto de vista de cobrança de estar dentro das normas, com algumas populações ou com algumas características aumentando ou diminuindo o quanto de cobranças receberão.
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Ao pensar nesse tema relacionado com mulheres LGBTQIA+, temos que, primeiramente, já levantar o fator marcador de gênero, já que mulheres são grande alvo de pressão estética. Além disso, essa população também tem a marcação de maior vulnerabilidade social, por toda a dificuldade com a aceitação social quanto a sexualidade e gênero. Assim, estar fora de mais um padrão, dessa vez relacionado ao corpo, pode ser dificultada, ainda mais se a cobrança social pode vir do próprio grupo de pares, ou seja, de outras mulheres LGBTQIA+.
Outro fator importante para as mulheres desta população é a apresentação da feminilidade e desfeminilidade. A primeira sendo mais aceita tanto dentro e fora dessa população, a partir do que se seria esperado de uma mulher, temática discutida no texto “Como o efeito da (des)feminilidade nos atinge”, de Luana Vale, na coluna do LesB Saúde de fevereiro de 2022.
Podemos observar os padrões que são esperados que mulheres LGBTQIA+ se pareçam ao ver as personagens de filmes e séries que acompanhamos. Quantas vezes realmente vemos mulheres sáficas gordas? E não brancas? E quantas vezes essas mulheres serão retratadas de forma positiva?
E então, como esses padrões e as cobranças deles realmente impactam nossa vida? O primeiro ponto é que essas normas estão tão presentes desde o nosso nascimento que, às vezes, nem notamos que é algo imposto, e não natural, e assim só pensamos de uma certa forma sem entendermos o motivo. Por exemplo, o por quê de acharmos certas pessoas bonitas e outras não, o por quê relacionamos certas formas dos corpos com saúde e outras com doença.
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Logo em seguida, podemos notar que o que acreditamos e ouvimos afeta como lidamos com nossos próprios corpos, nos achando bonitas ou não, e o que isso significa para nós. Adicionamos então tudo que fazemos para que consigamos nos sentir bem dentro desses padrões, e como nem sempre nossas ações são realmente visando autocuidado, muitas vezes, inclusive, afetando de forma negativa nosso corpo, nossa saúde, e nosso bem estar.
O caminho para entender o motivo que queremos nos parecer de alguma forma é longo, e o entender quais características queremos buscar e manter por nós mesmas e pelo nosso bem-estar e não, simplesmente, por força externa é ainda maior. No entanto, o entendimento social, o autoconhecimento e a autopercepção são sempre importantes para decisões mais cuidadosas com nós mesmas e com as outras pessoas, e mesmo com um trabalho extenuante, traz benefícios a longo prazo.