Alice Júnior (Anna Celestino Mota) é uma adolescente transgênero que vê seu mundo virar de ponta cabeça ao se mudar para uma cidade no interior do Rio Grande do Sul. Essa é a história do filme de 2019, de Gil Baroni.
Alice, vive em Recife com seu pai que é um perfumista e por conta de um trabalho precisa se mudar. Ela, que também é influencer, compartilha a sua falta de vontade de realizar a mudança, afinal, ela tinha amigos na cidade em que vive e precisava lidar com trolls da internet, mas tinha um bom suporte.
Muito a contragosto, a mudança acontece e ao chegar na nova cidade, Alice já se vê querendo voltar. Seu pai, então, pede que ela dê uma chance e que assim que ele encontrar a essência que foi procurar, eles vão embora, porém, enquanto isso, ela teria que voltar à escola e, na cidade, havia apenas um colégio de cunho religioso, a partir disso, começam os problemas.
Alice se sente deslocada e até sofre violência de diversas formas. A adaptação ao lugar não é fácil, mas ela tenta ser forte. Na escola faz amizade com Viviane, que é uma espécie de jornalista do colégio. Na verdade, no começo, Viviane (Thaís Schier) é quem tentou uma amizade, mas Alice não quis, contudo, depois amoleceu.
Alice também conhece Taísa (Surya Amitrano), uma desenhista muito talentosa e que por acaso, namora um crush que Alice teve logo no seu primeiro dia de aula, Bruno (Matheus Moura). Apesar de todos os problemas que envolve sua vida, ela é uma adolescente que está totalmente em uma missão: conseguir o seu primeiro beijo. As amizades que Alice cria com Viviane, Taísa e Bruno faz com que as coisas se tornem mais suportáveis, além de todo o apoio de seu pai e de seus amigos que ficaram em Recife.
“Alice Júnior” ganhou em 2019 o prêmio de Melhor Filme pelo júri popular no Festival do Rio. A produção está disponível na Netflix.
França, 25 anos, fã incondicional de Grey’s Anatomy. Mora em SP mas ama viajar. Viciada em livros de fantasia e romances policiais, espera um dia poder ter tempo de colocar a suas leituras e séries em dia.
Se política e comédia parecem uma mistura improvável, “Veep” prova que juntas elas podem ser brilhantes. A série, disponível na HBO, acompanha Selina Meyer (Julia Louis-Dreyfus), uma vice-presidente dos Estados Unidos ambiciosa, sarcástica e completamente despreparada para lidar com o caos da política americana e com o próprio ego.
Ao longo das temporadas, “Veep” se consolida como uma das sátiras políticas mais inteligentes já feitas. O roteiro é rápido, ácido e sem piedade: ninguém é poupado, muito menos Selina, que tenta desesperadamente deixar sua marca enquanto tropeça nas próprias decisões. É o tipo de série que te faz rir de situações absurdas que, por vezes, lembram demais a realidade.
Mas o que coloca a série aqui no LesB Out! vai além das risadas. É nesse cenário totalmente disfuncional que conhecemos Catherine Meyer (Sarah Sutherland), a filha de Selina. Sensível e frequentemente ignorada pela mãe, Catherine começa como uma figura tímida, à sombra do brilho político (e egocêntrico) de Selina. No entanto, conforme a série avança, ela se torna um dos pontos-chave da produção, sendo completamente oposta à mãe.
O arco de Catherine é marcado por autodescoberta. Ao longo da história, ela percebe que seus relacionamentos com homens nunca deram certo porque, na verdade, ela não se sentia atraída por eles. Essa jornada culmina em um dos momentos mais sinceros da série: quando Catherine se apaixona por Marjorie (Clea DuVall), agente do Serviço Secreto designada para proteger Selina.
O romance das duas nasce de forma inimaginável, o que contrasta com o meio carregado de cinismo que domina o universo de “Veep”. A relação entre Catherine e Marjorie é sutil, mas significativa. Enquanto Selina vive obcecada por poder e validação pública, Catherine busca algo mais genuíno: conexão e afeto.
Outro destaque é o espaço que a série dá para personagens femininas complexas. A série não idealiza suas mulheres: elas são falhas, contraditórias, cínicas e, por isso mesmo, profundamente humanas. Entre escândalos, discursos improvisados e egos inflados, vemos o quanto o poder pode corromper, mas também revelar o melhor (e o pior) de quem o busca.
Com sete temporadas disponíveis na HBO, “Veep” continua sendo uma das comédias políticas mais afiadas já feitas e, de quebra, entrega representatividade sem forçar o riso. Catherine Meyer pode não ocupar o Salão Oval, mas definitivamente conquista o público. Se você ama diálogos afiados, personagens moralmente questionáveis e uma boa dose de ironia, essa é a pedida perfeita.
Se você curte um bom reality de relacionamentos com tensão, emoção e muita visibilidade sáfica, “O Ultimato: Queer Love” é aquele tipo de programa que prende do começo ao fim. A produção acompanha cinco casais formados por mulheres (e pessoas não-binárias) vivendo um ultimato: casar ou terminar de vez.
A proposta é simples, mas o impacto emocional é intenso. Uma das pessoas do casal está pronta para o casamento; a outra, cheia de dúvidas. Para testar o relacionamento, cada participante passa três semanas vivendo com uma nova “esposa” escolhida entre as outras participantes e, depois, mais três semanas com sua parceira original. No final da experiência, as participantes só têm três opções: sair noiva da parceira original, sair noiva da parceira experimental ou sair solteira. O resultado? Um caldeirão de ciúmes, descobertas, conflitos e muitas conversas sinceras sobre amor, liberdade e futuro.
Mais do que um reality de pegação ou intrigas, “O Ultimato: Queer Love” chama atenção por dar protagonismo a narrativas que raramente vemos nesse formato. São mulheres lésbicas/bissexuais e pessoas não-binárias sendo vulneráveis na frente das câmeras, questionando o que realmente esperam de um relacionamento e quais são os limites do amor. É uma montanha-russa emocional, com casais pelos quais você torce, outros que você quer ver bem longe e momentos que vão fazer você pausar só pra respirar.
A representatividade importa e aqui, ela é entregue sem filtros. Entre discussões sobre monogamia, maternidade, identidade de gênero e traumas do passado, o programa joga luz em questões profundas e reais do universo LGBTQIA+. Ao mesmo tempo, não deixa de oferecer os elementos que tornam um reality irresistível: tretas memoráveis, reviravoltas, mulheres com ações duvidosas e decisões que nos deixam em choque até o último episódio.
Com uma estética moderna, trilha sonora certeira e edição viciante, o reality é o tipo de entretenimento que nos diverte, mas também nos faz pensar. Assim como também é uma chance de se identificar, refletir e ver outras formas de amar ganharem espaço. Se você é fã de Casamento às Cegas ou Tampa Baes, esse reality tem tudo para te conquistar.
A produção está disponível na Netflix e possui duas temporadas.
Em meio a um mar de séries médicas, “Hospital New Amsterdam: Toda Vida Importa” se destaca por sua abordagem humanista e crítica ao sistema de saúde. Inspirada no livro Doze Pacientes: Vida e Morte no Hospital Bellevue, a produção acompanha o idealista Dr. Max Goodwin (Ryan Eggold) em sua missão de reformar um dos hospitais públicos mais antigos dos EUA, enfrentando burocracias e priorizando o cuidado ao paciente.
A série não apenas entrega casos médicos emocionantes, mas também mergulha nas complexidades pessoais de seus personagens. Um destaque é a Dra. Lauren Bloom (Janet Montgomery), chefe do departamento de emergência.
Lauren é chefe do setor de emergência e, desde os primeiros episódios, se destaca pela competência e pela intensidade com que vive cada aspecto da vida. Ao longo da série, ela enfrenta o vício em medicamentos (iniciado na adolescência com a prescrição de remédios para TDAH), uma luta silenciosa que muitas vezes passa despercebida em ambientes médicos. “Hospital New Amsterdam” trata do tema com sensibilidade e profundidade, mostrando como o vício afeta não apenas o desempenho profissional, mas também os relacionamentos e a percepção de si mesma.
É justamente nesse contexto que conhecemos Leyla Shinwari (Shiva Kalaiselvan), uma médica paquistanesa determinada, inteligente e carismática. O relacionamento entre Lauren e Leyla floresce de maneira inesperada, iniciando como uma relação de apoio e evoluindo para algo mais profundo, mas também é marcado por conflitos éticos e profissionais. Leyla representa uma nova chance para Lauren, não apenas no amor, mas também na construção de uma vida mais equilibrada. No entanto, a relação é colocada à prova quando Lauren tenta ajudar Leyla a conseguir uma vaga no hospital, comprometendo a confiança entre as duas.
Com cinco temporadas, “Hospital New Amsterdam” é uma série que toca o espectador não apenas pelas emergências médicas, mas pelas histórias humanas que carrega. E Lauren Bloom é, sem dúvida, um dos grandes corações da série: imperfeita, intensa e profundamente humana. Além disso, a série aborda a bissexualidade de Lauren de maneira orgânica, sem recorrer a estereótipos. Disponível no Globoplay, é uma excelente escolha para quem busca uma série médica que vai além dos clichês e valoriza a diversidade.