Marina Vidal (Daniela Vega) não imaginava que, ao perder seu namorado, toda sua vida mudaria, porém é isso que acontece em “Uma Mulher Fantástica”. O filme de 2017, de Sebastián Lelio (“Desobediência”), conta a história de Marina, que é uma garçonete, mas, no período noturno, canta em bares. Marina namora Orlando (Francisco Reyes), um homem mais velho, porém ambos têm uma relação muito boa e logo no começo, acontece a comemoração do aniversário de Marina, tudo organizado por Orlando.
As coisas parecem estar muito bem, até Orlando ter um mal súbito e cair. Quase que de imediato, ela (Marina) o leva para o hospital, entretanto, tudo acontece rápido demais, e ele acaba falecendo, por conta de um aneurisma. A partir disso, começa a uma sucessão de acontecimentos que são pautados pelo preconceito das pessoas e também dos familiares de Orlando, tudo porque Marina é uma mulher transgênero.
A protagonista é tratada como alguém completamente fora do normal, suas atitudes começam a ser tomadas como suspeitas pelos médicos e a polícia é envolvida. Então, o que era uma situação triste pelo luto, acaba se tornando algo completamente complexo e vai minando a vida de Marina aos poucos. Ela é tida como uma quimera pela ex-esposa de Orlando, como uma suspeita por uma policial, como “algo que ele não sabe o que é” pelo filho do namorado falecido; essas violências são doloridas para Marina que, ao mesmo tempo, só quer continuar vivendo sua vida normalmente.
“Uma Mulher Fantástica” é uma produção que conta a história de uma mulher trans que só queria viver sua vida e se despedir da pessoa que amava. Isso deveria ser algo simples, mas por ser uma mulher trans, tudo isso se tornou uma dificuldade. Há algumas cenas que mostram, de maneira quase que poética, este enfrentamento de Marina.
O longa-metragem ganhou, em 2018, o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, sendo assim, o primeiro longa protagonizado por uma mulher transgênero a vencer este prêmio e na mesma cerimônia, Daniela Vega se tornou a primeira pessoa abertamente transgênero a ser uma apresentadora do Oscar. Essa vitória serviu também para ativistas LGBTQIA+ chilenos aumentarem as discussões sobre identidade de gênero, além de leis para pessoas transgêneros no país.
“Uma Mulher Fantástica” está disponível na Netflix.