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A representatividade em produções audiovisuais na América Latina

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Constantemente voltamos nossas atenções para filmes e séries norte-americanos porque fomos doutrinados a consumir essas produções. Faz parte do nosso cotidiano conversamos sobre filmes que irão estrear, séries que estão na moda, quais serão os próximos passos do nosso personagem favorito e como isso influenciará no seu futuro.

Muitos dos filmes que assistimos ou de personagens que shippamos têm sua origem nos Estados Unidos. Vivemos numa bolha de heroínas lutando contra o crime, advogadas lacrando em tribunais, seres mitológicos que se apaixonam e namoradas bruxas que quebram maldições. Porém, nos últimos dois anos algumas produções Latino-Americanas vêm ganhando atenção e fãs por conta de seus enredos LGBTQ+ em novelas, filmes e webséries.

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Se os Estados Unidos é conhecido por produzir séries, os países Latino-Americanos são conhecidos por suas novelas. Novelas são produtos audiovisuais que fazem parte da cultura latina e todos nós temos pelos menos uma novela que nos marcou.

Se por um lado houve um aumento na quantidade de personagens LGBTQ+ em séries, nas novelas a introdução de tais personagens têm sido gradativa. O processo tem sido mais lento por se tratar de um formato mais tradicional e comandado por escritores que possuem uma visão limitada não só sobre a comunidade LGBTQ+, mas de outras minorias.

Aos poucos, e de maneira tímida, personagens LGBTQ+ foram sendo introduzidos nesse formato. Alguns personagens ganharam mais destaque que outros, como é o caso das personagens Flor (Violeta Urtizberea) e Jazmín (Julieta Nair Calvo), o casal da novela argentina “Las Estrellas” popularmente conhecido como Flozmin, ganhou o coração dos fãs pela a delicadeza e leveza cômica.

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Argentina com Flozmin, Chile com Bárbara (María José Bello) e Mercedes (Soledad Cruz), México com Juliana (Bárbara Lopez) e Valentina (Macarena Achaga), ou melhor Juliantina. O casal de “Amar A Muerte” deixou centenas de caminhõezinhos arreados, a ponto de terem painéis pagos na Times Square com  intuito de promover  casal, e assim ganhar um spin-off. 

Perseguidas por um cartel, Juliana e sua mãe decidem fugir dos Estados Unidos para o México. Enquanto Juliana foge dos problemas ocasionados por seu pai, Valentina afunda-se no álcool, tentando amenizar seus problemas familiares originados após a recente morte de seu pai. Ambas se sentem sozinhas e descobrem na outra alguém para conversar e escapar de suas realidades.

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Juliana e Valentina tornam-se amigas inseparáveis, dividindo seus medos, segredos, sonhos e tentando ajudar uma a outra. Aos poucos a amizade dá lugar a outra coisa e embora se surpreendam com o que sentem, não hesitam em vivê-lo sem preconceitos. Por ser o primeiro casal lésbico da TV aberta no país, houve muito receio da reação do público. Porém, o casal foi abraçado pelo México e pelo o mundo.

Argentina, México e Chile foram alguns países que ganharam destaque nesses últimos anos por conta de suas representações em suas novelas. No Brasil, recentemente ganhou notoriedade por conta do casal Lica (Manuela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio). Antes delas houveram outros casais como Clarina (Clara e Marina de “Em Família“), porém o que diferenciou dos demais foi a naturalidade em falar sobre sexualidade na adolescência numa novela para adolescentes no horário das 17:00. Até então nenhuma outra novela havia explorado essa temática, não foi atoa que “Malhação – Viva a diferença” ganhou melhor série no Emmy Internacional Kids em 2018.

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Se por um lado temos tido pouca representação na TV, do outro percebemos um grande aumento em produções audiovisuais com enredos LGBTQ+ na internet. As chamadas webséries, têm se tornado um dos principais conteúdos consumidos por nós. “Red“, “Esconderijo“, “Septo“, “A Melhor Amiga da Noiva“, são algumas das produções conhecidas pelo público LGBTQ+ brasileiro e internacional, como é o caso de “Red“, que em 2018 marcou presença no evento ClexaCon.

Novela, websérie, ou filme, produções latinas têm ganhado destaque por seus enredos LGBTQ+. Tratando-se de produções cinematográficas, uma merece destaque: “Uma Mulher Fantástica“. Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro que acompanha a vida de Marina (Daniela Vega), uma mulher transexual que tem sua vida virada do avesso após a morte de seu amado. Durante o filme, vemos Marina ser rejeitada, renegada e até acusada pela morte de Orlando (Francisco Reyes). O mais esplendoroso de ver é que apesar de sofrer diversas violências, Marina se mantém firme.

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Apostar em enredos simples, com diálogos que falem através de gestos e olhares têm sido o segredo do sucesso dessas produções. Nós buscamos histórias que narrem nosso cotidiano, nossos sonhos e aflições. Narrar histórias, esse têm sido o diferencial das produções latinas e o que têm contribuído para que diversos indivíduos consumam tais conteúdos. Espera-se que cada vez mais sejam produzidos filmes, novelas, webséries, minisséries que nos representem e que tenham impactos positivos na nossa comunidade.

1 Comment

  1. Bia Queiroz

    5 de junho de 2019 at 20:57

    Que matéria perfeitaaa

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