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LesB Indica | Circumstance – longa-metragem iraniano para refletir

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Com direção de Maryam Keshavarz, “Circumstance” (2011) conta a história de duas namoradas iranianas do Ensino Médio em Teerã, cuja crescente atração e amor, uma pela outra, rapidamente atinge a barreira da interdição religiosa e do patriarcado opressor.

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Ser mulher no Irã já é difícil, então, imagine como é para as mulheres que gostam de outras mulheres?!

Relembrando os fatos, desde a Revolução Iraniana, com a chegada do Aiatolá Khomeini ao poder, houve uma substituição da influência ocidental, mais especificamente norte-americana, por determinações radicais de fundo religioso.  Além da proibição de qualquer referência ou produto ocidental e cultural, as mulheres foram obrigadas a cobrir seus corpos com véus e proibidas de utilizar certos tipos de acessórios, roupas  e maquiagens, tendo que viver de acordo com o que está escrito.

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A produção possui uma bela e colorida fotografia de Brian Rigney Hubbard, que cria quadros belíssimos, e conta com o carisma do elenco, com destaque para Nikohl Boosheri vivendo a espevitada Atafeh e Sarah Kazemy no papel da órfã Shireen. A quantidade de problemas acaba afetando a narrativa, que se perde ao ter que distribuir muito de seu tempo para essas questões secundárias, e fica cansativa, principalmente em suas representações do cotidiano.

O ritmo incerto e a demora para a tensão, que só acontece aos 70 minutos, encontram um outro problema mais grave: o filme é travado. A parte mais sexual da relação entre as duas meninas é ignorada e só tem permissão para acontecer nos momentos em que há ilusão dentro da narrativa.

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Apesar dos problemas, não deixa de ser uma tentativa válida. “Circumstance” traz algumas reflexões interessantes, como quando faz um paralelo entre a devoção à droga e a devoção à religião, quando aborda os efeitos da revolução até hoje presentes na cultura e na sociedade iraniana, a cobrança da nova geração e, claro, quando assume seu papel na defesa da liberdade individual.

“Circumstance” já se tornou um “filme clássico” para a comunidade LGBTQIA+, apesar de ser assombrado por desgraça iminente, mesmo em seus momentos frequentes de afeto caprichoso e erótico apaixonado, é preciso ter estômago forte para assisti-lo. Tentar entendê-lo é um exercício hercúleo de alteridade.

O longa-metragem está disponível para a locação e compra nas plataformas Google Play e YouTube.

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