“Tampa Baes” é um reality da Amazon Prime Video, que acompanha um grupo de amigas lésbicas, enquanto elas vivem suas vidas e se aventuram na cidade de Tampa, na Flórida, que tem se tornado um ponto de encontro cada vez maior da comunidade LGBTQIA+.
A premissa da série me deixou muito animada, por mais que seja maravilhoso acompanhar personagens sáficas, ver mulheres reais vivendo suas vidas, sendo bem sucedidas e amando outras mulheres, é ainda melhor, porque a ideia de que podemos viver o mesmo, amar de forma “normal” é reconfortante. Mas a animação acabou no primeiro episódio, isso porque esperava ver mulheres se divertindo, paquerando, amando, invés disso, a produção passa grande parte do seu tempo mostrando uma briga por poder.
O reality mostra a vida dessas mulheres, que se conhecem, são amigas, frequentam os mesmos lugares, contudo, foca na rivalidade entre dois casais que disputam a posição de casal lésbico mais “influente” do rolê. Desde o primeiro capítulo de “Tampa Baes” já fica evidente que Summer Mitchell e Marissa Gialousis, BriannaMurphy e Haley Grable, não se suportam, mas que convivem tanto pelo círculo de amizade em comum, quanto pela imagem de pessoas evoluídas e melhores que as rivais.
E se em um momento estamos acompanhando uma festa ou confraternização, no seguinte estamos vendo elas falarem sobre a última briga entre os casais, e esse drama se torna tão grande, que todas as outras pessoas do círculo de amizade são, em algum ponto, envoltas nas discussões, ninguém sai ileso, logo ninguém consegue curtir sem que presenciei uma briga ou converse sobre uma.
O que mais incomoda é que estamos falando de mulheres adultas que, no lugar de se comportarem como tal, mais parecem adolescentes brigando por quem é mais amada na escola. E isso não se resume apenas aos casais, muitas outras “personagens” também tem comportamentos problemáticos, o que acaba dificultando muito a criação de um vínculo com as mesmas.
Por exemplo, Shiva Pishdad, ao se deparar com um grupo de mulheres bonitas em um parque, vai paquerá-las, e ao ouvir que são héteros, insiste várias vezes em perguntá-las se tem certeza disso. Se nós, mulheres LGBTQIA+, em sua maioria, não gostamos quando homens nos perguntam se temos certeza da nossa sexualidade, porque repetir esse comportamento. Ou Olivia Mullins, que acaba sendo presa por dirigir embriagada e sofrer um acidente que poderia ter sido bem pior, machucando outras pessoas, e ainda assim, parece sair toda noite para beber.
Entendo que “Tampa Baes” quis mostrar esse lado interessante da vida de mulheres LGBTQIA+, neste lugar badalado para a comunidade, mas, invés disso, acabaram criando uma história sobre rivalidade feminina. E tudo bem, às vezes, gostamos de um drama, mas, na maior parte do tempo, parecem mais pessoas mal educadas brigando por coisas completamente sem sentido.
Entretanto, nem tudo foi decepção, já que foi muito fácil gostar de algumas mulheres que, por não se envolverem em grandes dramas, não tem tanta atenção assim da série. Alguns exemplos são Jordan Whitley, que viveu um dos momentos mais fofos quando se assumiu para os avós, e Melanie Posner, com uma sensibilidade maravilhosa, sempre apoiando e protegendo suas amigas, sem contar nos quadros que ela produz. Sem esquecer do casal Ali Myers e Nelly Ramirez, em que você consegue sentir a cumplicidade e o carinho em absolutamente qualquer cena em que elas estejam juntas.
“Tampa Baes” é um reality que vale a pena ser acompanhado, é maravilhoso ver mulheres vivendo suas vidas e amando outras mulheres com tanta naturalidade, mas é importante não acreditar que será só sobre festas, paquera e amor, assim como eu. É repleto de drama, brigas, e pessoas que ou você ama ou odeia, contudo, tem muito amor sáfico e um tanto de pegação, o que pode ajudar, dependendo do seu gosto, a aguentar a produção até o final.