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Crítica | Benedetta – longa-metragem polêmico, incômodo e questionador

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Dirigido por Paul Verhoeven, conhecido por “Showgirls”, o polêmico “Benedetta” conta a história de uma freira do século 17 que tinha visões que misturava a religião e o erotismo. A partir de alguns eventos causados por suas visões, ela passa a ser assistida por uma companheira recém-chegada ao convento e a relação das duas vai além da amizade. O longa-metragem é baseada em fatos reais.

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O roteiro escrito por David Birke (“Slender Man: Pesadelo Sem Rosto”) e o próprio Verhoeven, baseado no livro de Judith C. Brown chamado “Atos impuros: a vida de uma freira lésbica na Itália da Renascença”, trabalha com o tempo em que os fatos ocorrem e as visões da freira interpretada por Virginie Efira (“Elle”).

A narrativa começa com Benedetta ainda criança sendo levada ao convento, já que o pai prometeu a vida da filha a Cristo, pois a mesma foi salva de uma doença ainda bebê. Neste início, ela demonstra se comunicar com uma divindade e a partir disso embarcamos no filme.

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A trama tem uma construção intrigante já que 90% da mesma é a própria freira em foco, suas falas e suas possíveis visões. O roteiro, junto à direção de Verhoeven, consegue fazer o telespectador se questionar a todo momento sobre a veracidade das visões dela, numa espécie de jogo mental que mexe com os personagens dentro da narrativa e também consegue criar interações naqueles que assistem.

A história envolve cenas violentas, ao nível do desconforto – e, alguns momentos, podem ser gatilhos, especialmente para mulheres -, e mistura o vermelho do sangue ao vermelho da paixão, do sexo, do erotismo, levando novamente, a depender do espectador, ao incômodo. Contudo, é perceptível a intenção de Verhoeven de provocar quem assiste gerando uma reflexão sobre a religião, o lugar da mulher dentro da instituição religiosa e também sobre o prazer quando não envolve uma figura masculina.

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Efira transpira Benedetta, se colocando bem no papel que interpreta. E a química desenvolvida entre ela e Daphne Patakia, que dá vida a recém-chegada ao convento, Bartolomea, é crível. Inclusive, importante ressaltar o quanto Patakia consegue representar bem o lado selvagem, digo isso no sentido literal da palavra, beirando a inocência de Bartolomea.

Além das duas citadas, o elenco do longa-metragem desempenha bem seus papéis, assim como, a direção de arte consegue transportar o público para àquela época através das vestimentas e dos objetos em cena, conversando bem com a narrativa desenvolvida.

“Benedetta” não é um longa-metragem que agrada a todos, mas, definitivamente, provoca questionamentos importantes sobre a religião, o lugar da mulher de acordo com o conservadorismo religioso, prazer e sexualidade.

O filme está disponível nos cinemas nacionais.

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