Esse texto busca mais uma função de reflexão sobre o que sofrem as crianças (o que nós sofremos no passado, não é mesmo?) em uma das coisas mais simples da infância, como as brincadeiras e os tipos de brinquedos que usam, os que a sociedade julgam como errado para os seus gêneros (o famoso mito de que existe brinquedos/brincadeiras adequadas para meninas, e certos tipos adequados para meninos, norma essa imposta pelas pessoas que as cercam e pelo capitalismo tão intenso que vivemos).
LesB Indica | Nuclear Family – produção com reflexões sobre o que é ser uma família
Nos últimos dias, em uma rede social, vi uma discussão sobre vivências de mulheres adultas e suas memórias de quando eram crianças, que brincavam livremente, e essas brincadeiras sem serem necessariamente com os brinquedos destinados aos seus gêneros. Nessa discussão surgiram alguns relatos de mulheres LGBTQIA+ que podem ser trazidos para se fazer uma pergunta: os brinquedos e brincadeiras durante a infância realmente influenciam no nossa identidade de gênero e sexualidade?
Obviamente não. Isso é um mito que ainda hoje, infelizmente, presenciamos à nossa volta, aqui entendemos que é uma convenção social, apesar de que cada vez mais percebemos a desconstrução desse pensamento. Um processo no qual a grande maioria de nós passamos desde criança é o de termos até nossos comportamentos mínimos analisados, com essa expectativa de que nós caibamos na “caixa” que nos é designada desde cedo.
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E quando não cabemos nessas regras impostas de normatividade de gênero na infância? Frisando aqui que cada vivência é única, existe a possibilidade de acontecer a realidade dura de preconceito/violência, essa não só parte de outras crianças (que também acabam sendo ensinadas a serem cruéis nessa lógica), mas também pode partir de adultos, desde a comentários preconceituosos, até a intervenções reais nos corpos e vontades da criança, como a roupa que essa veste, o cumprimento do cabelo, esportes que ama praticar, e outras formas que as pessoas encontram de “cortar trejeitos”, quando a criança apenas está sendo uma criança.