Séries procedurais, como “NCIS”, são aquelas com episódios independentes, com formato de “caso da semana”, e eram muito populares antes do início dos streamings. Hoje, mesmo que produzidas em menor número, ainda são as mais assistidas na tv americana. Um dos pontos altos desse tipo de produção para um público geral é o de poder assistir a maior parte dos episódios fora de ordem e ainda assim entender a história. Por outro lado, grande parte dessas séries tem dificuldade em desenvolver seus personagens, e acabam deixando questões importantes de lado, como a representatividade, principalmente LGBTQIA+.
Enquanto franquias inteiras passaram anos sem ter personagens não cis-héteros, outras entenderam que fazia parte da riqueza da história. Neste último caso, um ótimo exemplo são algumas séries de Shonda Rhimes, como “Grey’s Anatomy” e “Station 19”, que dão grande espaço para personagens como Callie Torres (Sara Ramírez), Arizona Robbins (Jessica Capshaw), Maya Bishop (Danielle Savre) e Carina DeLuca (Stefania Spampinato).
No entanto, nos últimos meses, uma das franquias com representatividade LGBTQIA+ quase nula, NCIS, começou a mudar esse cenário, com a apresentação de duas personagens sáficas desde o primeiro episódio de sua nova produção. A franquia, que começou em 2003, com a série clássica ambientada em Washington, D.C., se utiliza do formato procedural para mostrar uma equipe que investiga crimes ligados à marinha americana, e aos poucos, em passos bem lentos, desenvolve a narrativa de seus personagens regulares. A partir de 2009 começaram a ser lançados spin-offs, sendo eles “NCIS: Los Angeles” (2009), “NCIS: New Orleans” (2014) e o mais recente, “NCIS: Hawai’i” (2021).
Lucy Tara (Yasmine Al-Bustami) e Kate Whistler (Tori Anderson)
A agente do NCIS, Lucy Tara (Yasmine Al-Bustami) e a Oficial de Inteligência Kate Whistler (Tori Anderson), são apresentadas desde o primeiro episódio do spin-off mais recente da franquia, que se passa no Havaí; como em algum tipo de relacionamento amoroso complicado, passando por altos e baixos durante a temporada, sendo o principal casal da série, mesmo as personagens não sendo as protagonistas. Não sabemos ainda como o casal vai se desenvolver, com alguns episódios faltando para o final da temporada. Contudo, ao assistir a série e acompanhar a produção e elenco pelas redes sociais, é possível notar que eles se importam com as personagens e a história que estão criando.
Um exemplo disso é comentado por um dos criadores da série, Jan Nash (“Raio Negro” e “Rizzoli & Isles”), em uma entrevista para o Express UK, quanto a decisão de que a carreira da personagem Whistler seria em uma agência de defesa que trabalhasse diretamente com o NCIS, para que ela, e seu relacionamento com Lucy, aparecesse com mais frequência na produção.
Apesar desse enfoque maior em um casal sáfico só ter aparecido agora, a primeira personagem sáfica da franquia foi apresentada em outro spin-off, “NCIS: New Orleans”. Tammy Gregorio (Vanessa Ferlito) aparece na terceira temporada, lançada em 2017, como uma agente do FBI que acaba se juntando à equipe do NCIS de Nova Orleans. A personagem, que é um marco, tem alguns relacionamentos e questões quanto à sexualidade mostrados durante a série, no entanto, o formato procedural acabou limitando as possibilidades de desenvolvimento da personagem.
Além das três personagens comentadas, o ano de 2022 nos trouxe mais uma personagem sáfica. Após 19 anos, a série original define uma de suas personagens regulares como sáfica. A Cientista Forense Kasie Hines (Diona Reasonover), presente desde a 15º temporada da série, comentou em um dos episódios mais recentes que tem uma namorada, uma técnica de laboratório que já apareceu rapidamente em alguns episódios. Essa história ainda não deu tempo de ser desenvolvida, no entanto já é uma abertura para um futuro mais representativo.
As séries “NCIS”, “NCIS: Los Angeles” e “NCIS: Hawai’i” estão disponíveis na plataforma de Streaming Globoplay. Além disso, é possível assistir NCIS”, “NCIS: Los Angeles” e “NCIS: Hawai’i” no canal AXN.