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Review | Sentença – Primeira Temporada

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Dirigida por Anahí Berneri e disponibilizada pela Amazon Prime Video com seis episódios nesta temporada inicial, “Sentença” situa-se em São Paulo e retrata a vida da renomada advogada criminalista Dra. Heloísa Luz (Camila Morgado), enquanto busca fazer justiça ao caso de Dinorah Pereira (Lena Roque), presa por matar um policial queimado, e sem ter sua chance de falar, assim como tantas mulheres pobres, negras e periféricas que são vítimas diariamente do sistema penal brasileiro.

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Vemos Heloísa, em uma sinuca de bico, quando se depara com um crime de uma mãe que estava apenas tentando salvar seu filho. E dentro deste contexto, conhecemos Carolina (Clara Carvalho), mãe da protagonista presa pela morte do marido. Inúmeras são as questões apresentadas e até contextos criados do motivo deste assassinato, até que visões em sonhos trazem à tona o passado da Dra. Luz, que era assediada pelo pai na sua pré-adolescência, que se viu unicamente amparada por sua mãe, que a defendeu, mas acabou presa pelo crime. Ou seja, um segredo do passado que assombra a família e até psicologicamente a atual vida da Heloísa. Desta forma, perpetuando até no seu relacionamento conjugal com Pedro (Fernando Alves Pinto), tal fato explica, ao longo da trama, o motivo de certas ações combinadas na vida sexual do casal, e o fato de Heloísa, por diversas vezes, não se sentir confortável ao toque do outro.

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“Sentença” retrata como funciona uma penitenciária feminina no Brasil, e as precariedades vividas lá dentro; como o dinheiro controla a tudo e a todos, assim como o sistema carcerário acaba deixando as pessoas, na maior parte do tempo, piores do que quando entraram ali; como o comando de grandes organizações mafiosas usam pessoas pobres como escadas para alcançarem e realizarem seus negócios ilícitos, dando fim na vida dessas pessoas quando não são mais necessárias. E como destacam essas pessoas como nada após conseguirem o que querem ou para se protegerem.

Além disso, é importantíssimo citar como a produção aborda uma família interracial, sem tornar um tema tabu como muitas produções, mas tratando de forma natural. Além disso, a narrativa demonstra a luta e a coragem diária de uma mãe em zelar pelo seu filho, quando logo no primeiro capítulo nos deparamos com a protagonista discutindo com um racista e exigindo respeito com o filho; e também a busca de uma criança adotada pelas suas origens e o retrato de um casal sáfico em lados distintos do sistema judiciário e criminalista brasileiro.

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Dito isso, conhecemos a delegada Flora (Samya Pascotto), que trabalha como investigadora criminal, e sua noiva Julia (Eli Ferreira), que atua no Tribunal de Justiça de São Paulo como assistente de um Desembargador. Julia é mulher preta de classe média que lutou muito para estar no cargo em que está e pelo respeito como profissional. A relação delas não é explorada, mas fica bem claro a incompreensão de Flora quanto aos privilégios que ela tem por ser branca, por não entender as dores, lutas e como Julia precisa se portar com um cuidado muito maior do que ela dentro do ambiente de trabalho machista e misógino.

“Sentença” chegou para mostrar que produções brasileiras podem ser muito mais que grandes comédias ou dramas, que podem falar sobre a realidade do pobre, da mulher negra e das relações familiares em um contexto realista e sem aquele final feliz que tanto almejamos. Ainda não se tem confirmação de uma segunda temporada, mas quem assistir vai torcer por uma próxima. Uma produção excepcional com uma ótima construção de roteiro e escolha de elenco. É preciso exaltar, principalmente, as atuações de Camila Morgado e de Lena Roque.

LesB Nota
  • Roteiro
  • Direção
  • Personagens
5

Sinopse

Uma conhecida advogada criminal paulista vê como uma das pessoas mais importantes de sua vida se torna vítima do sistema judiciário brasileiro. Agora deve decidir se cruza a linha entre buscar justiça ou cometer um crime imperdoável.

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