No filme brasileiro “Um Dia Com Jerusa”, acompanhamos Jerusa (Léa Garcia), uma senhora dessas que a gente sempre conhece alguma pelo bairro em que mora, que decide compartilhar um pouco da sua vida com Silvia (Débora Marçal), uma pesquisadora de marca de sabão em pó.
A intenção de Silvia, ao bater na porta de Dona Jerusa, era de fazer uma pesquisa rápida, contudo, ela é surpreendida com a história de vida de Dona Jerusa. Era o aniversário de 77 anos da senhora e ela aguardava seus filhos e netos para a comemoração. Contando desde a origem de sua família, negros escravizados que foram marcados a ferro, passando pela fuga do interior e a vinda para o bairro do Bixiga.
Por vários momentos, vemos Silvia tentar prosseguir com a pesquisa, chegando até a perder a paciência, mas Dona Jerusa sempre reverte, contando uma nova parte da história da sua família, sua relação com o rio Saracura que a acompanhou, e traz para Silvia uma perspectiva sobre sua própria ancestralidade.
Em dado momento, Silvia conta a Dona Jerusa que não tem uma boa relação com a avó, pois a mesma jamais seria capaz de aceitar a pessoa com quem ela vivia: uma outra mulher chamada Letícia (Adriana Paixão). As histórias de Jerusa são uma ode a história de uma mulher negra mais velha repassando para uma mulher negra mais jovem todo o seu sentimento.
“Um Dia Com Jerusa” surgiu a partir de um curta metragem homônimo de 2014. O longa chegou a ganhar o prêmio de Melhor Filme na Mostra de Cinema de Caruaru. Esse filme fez com que a diretora Viviane Ferreira se tornasse a segunda mulher negra a dirigir um filme de ficção individualmente no Brasil.